prejuízos morais e materiais já sofridos com tantos erros, em fazer da política- tablado fácil para o jogo de conveniências passageiras, quando não de negócios, em que se tripudia sobre valores imprescritíveis, como as normas do direito internacional, a soberania das nações, os princípios da civilização cristã e as próprias amizades.

Acresce que, ainda com esta deslocação do supremo magistrado da Nação a Moçambique e a Angola, se reafirmou, com irrefragável eloquência, que Portugal tudo sacrificará, se for mister, em bem-estar, fazenda e vidas, para persistir na integridade do seu corpo e do seu espírito: na forte unidade da sua essência de Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Terá, para isso, de erguer, mais alto ou de novo, «a luz da espada para a estrada se ver», como diria o Poeta? Pois, fá-lo-á sem hesitar, com a cristalina consciência de cumprir irrecusável dever, «fiel à palavra dada e à ideia tida», palavra feita ideia porque ao serviço da ideia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Palavra e ideia, que têm sido o Evangelho e Os Lusíadas, «m simbiose maravilhosa e fecunda, espalhadas pelos mais variados recantos do Mundo, numa irresistível e prodigiosa e perene afirmação vocacional de sentido ecuménico e apostólico.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que o saibam todos, e em especial os nossos aliados - tanto os nossos velhos aliados como os nossos novos aliados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Quando o almirante Américo Tomás e Salazar se abraçaram no Cais das Descobertas nessa tarde fulva e quente de 19 de Agosto último; quando milhares e milhares de pessoas, para aquém e para além do arco da Bua Augusta, davam vida aos impulsos do seu patriotismo e da sua fé; quando os acordes do hino nacional se repercutiram pelas arcarias do Terreiro do Paço e fizeram estremecer de orgulho as águas do Tejo - águas da terra e do mar, águas baptismais da nossa gesta descobridora e civilizadora; quando a marcha varonil e cadenciada das forças armadas avivou os nossos sentimentos de comovida admiração pelos soldados e marinheiros que no dia de hoje ou ao longo dos séculos defendem ou defenderam o nosso património sagrado e a nossa honra, ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ...tive, por momentos, a sensação de ouvir dentro de mim uma voz dominadora que tornou mais nítida no meu espírito a razão de ser da existência e da missão de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Essa era a voz da Pátria, que o poeta da «Mensagem» pôs na boca de D. Fernando, infante de Portugal, e que nós bem poderíamos pôr na boca do homem que salvou Angola:

Cheio de Deus, não temo o que virá, Pois venha o que vier, nunca será Maior do que a minha alma.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Subscrevo, de um modo geral, o que acabamos de ouvir a respeito da viagem de V. Ex.ª o Presidente da República às províncias de Moçambique, Angola e ilha do Príncipe.

Tenho a certeza de interpretar o pensamento e sentimento da Assembleia mandando exarar no Diário das Sessões, com o preito das nossas respeitosas homenagens, a afirmação de que serviu bem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Está em discussão na generalidade a proposta de lei acerca do Plano Intercalar de Fomento para 1905-1967.

Tem a palavra o Sr. Deputado Virgílio Cruz.

O Sr. Virgílio Cruz: - Sr. Presidente: O Plano Intercalar tem como principal objectivo acelerar o ritmo de crescimento do produto nacional e a sua melhor repartição.

Na civilização actual, motorizada e mecanizada, a energia é o forte propulsor da criação da riqueza e do progresso geral; daí a enorme importância dada ao sector energético nos programas de desenvolvimento de todos os países.

Para este sector considera o projecto de plano um conjunto de empreendimentos que implicam um investimento global da ordem dos 7 milhões de contos no triénio; deste total, cerca de 5,67 milhões correspondem a empreendimentos prioritários, cuja execução define desde já.

O projecto não nos apresenta um tratamento integrado da totalidade do sector, nem aponta a conjugação a aplicar à economia energética de todo o espaço português; pouco diz dos combustíveis ultramarinos, talvez por não haver no grupo de trabalho do sector da energia um representante do Ministério do Ultramar.

No futuro interessa conseguir um tratamento em termos globais do sector energético. Só assim se poderá orientar o crescimento dos consumos da forma que mais convenha ao interesse do País.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: No ano de 1962 as fontes primárias de energia concorreram para o consumo metropolitano aproximadamente nas seguintes proporções: lenha, 30 por cento; carvão e lignite, 18 por cento; petróleo e derivados, 44 por cento; electricidade, 8 por cento.

A observação do decénio 1953-1962 mostra que enquanto o consumo do carvão e da lenha se manteve quase estacionário em valor absoluto, o dos combustíveis líquidos e gasosos passou a mais do dobro e o da energia hidroeléctrica aumentou cerca de três vezes e meia.

O confronto das necessidades energéticas da metrópole com os recursos respectivos mostra que o déficit, já actualmente elevado e traduzido na importação de combus