providências inadequadas por parte de entidades responsáveis.

É iniludível a premência de uma solução para os transportes aéreos em Cabo Verde. Creio que o Governo devia desde já encarar o problema de frente e admitir, a hipótese de uma solução rápida, ainda que transitória, considerando as graves perturbações que o facto causa à Administração, aos administrados e até mesmo possíveis inconvenientes de natureza política. Não parece que haja soluções rápidas sem inconvenientes.

V. Ex.ª acaba de referir algumas e de fazer vários alvitres. Acrescentarei mais um.

Parto de duas afirmações de base. Uma é que o parque aeronáutico dos serviços de transportes aéreos da Guiné é relativamente valioso em meios aéreos, segundo creio. Outra é que o Governo antevê a criação de um serviço conjunto de aeronáutica civil para a Guiné e Cabo Verde. Foi o que li na proposta de lei relativa ao Plano Intercalar de Fomento. Daí, permito-me sugerir que sejam transferidos period icamente dos serviços de transportes aéreos da Guiné para Cabo Verde meios necessários para fazer as ligações entre ilhas em Cabo Verde. Essa rotação poderia ser ajustada de molde a obterem-se as ligações convenientes com a carreira que a T. A. P. estabelece de Luanda para a metrópole, via Bissau, com aviões convencionais.

uma rubrica para o abastecimento de água de S. Vicente, quando é indispensável e seria inteiramente justificável que só para isso se destinasse um investimento específico.

Não seria realmente com 15 000 contos destinados a melhoramentos locais e atribuídos a vários fins que poderíamos lá chegar.

Mas o problema tem de ser resolvido.

Com um porto magnífico, precisamente na encruzilhada de uma das principais rotas atlânticas, despendemos já ali para cima de 100 000 contos.

Temos de tirar proveito de tão avultados dispêndios, e visto que a já célebre refinaria caiu num poço sem fundo, depois de tão entusiasticamente anunciada, para se transformar numa longínqua quimera, procuremos a mesma solução que ela nos traria, se bem que em bases idênticas, mas sem os resultados económicos que eram de esperar.

No mar, causa das nossas angústias e de tantas das nossas desilusões, está paradoxalmente a solução deste mal n.º 1 de S. Vicente.

E não estejamos com sa mão e ali mesmo à nossa frente a solução do problema, porque não aproveitar as condições que se nos oferecem sem corrermos os riscos que são de prever e de prevenir?

Refiro-me à dessalinização da água do mar, Sr. Presidente.

É uma solução experimentada já nas Canárias, na ilha de Lanzarote, cuja situação era idêntica à de S. Vicente, pois mandava vir água de Lãs Palmas e da África por barcos, possuindo hoje uma dessalinizador, que dentro em breve satisfaz as necessidades da sua população sem as contingências de um transporte tão oneroso como deficiente.

500 l de água potável foram obtidas no espaço de poucas horas nas provas realizadas na fábrica industrial transformadora de água do mar que acaba de ser instalada nas Canárias, diz o Diário de Noticias de 23 deste mês. A 15 de Dezembro poderá cobrir totalmente o abastecimento de água potável à cidade de Arrecife de Lanzarote, visto a rede de distribuição alcançar os bairros mais afastados, acrescenta a notícia.

O problema já foi levantado pelo município local, mas a Câmara não tem capacidade financeira para suportar o encargo, que gira à volta de uns 25 000 contos.

Terá o Estado que ajudar e, dado que as várias empresas particulares instaladas na ilha poderão interessar-se pelo assunto, respondendo ao apelo da sua vereação, seria oportuno o impulso por parte do Estado, criando uma empresa mista para a instalação e a exploração do dessalinizador, realizados que sejam os estudos económicos que se impõem, sobretudo para não estarmos a resolver o problema e voltarmos amanhã à primitiva forma.

Vejo no projecto de Plano uma verba de 23 000 contos destinada à energia, esclarecendo-se no relatório que parte dessa verba será atribuída à instalação de redes de distribuição de média tensão nas cidades da Praia e Mindelo.

Não sei quanto se destinaria para este efeito, mas a verdade é que não pode deixar de ser uma verba substancial e que S. Vicente resolveu o seu prob lema da electricidade com um empréstimo que contraiu, devendo ser inauguradas dentro em breve as novas redes, e certo é também que a Praia procedeu à completa renovação das suas instalações há bem pouco tempo.

Portanto, as verbas que para estes fins foram, sem dúvida, previstas poderão ser aplicadas no tal impulso do Estado para a constituição da empresa mista para a exploração da água do mar dessalinizada.