For outro lado, o agricultor encontra na aguardente uma defesa para as épocas da crise.

Um deles justificou-se-me assim:

mas não para consumo interno, sobre o qual se deverá lançar um pesado imposto proibitivo.

Um apontamento sobre o ensino:

O projecto prevê programas de grande envergadura na matéria de educação de adultos.

Não estou muito de acordo com programas de «grande envergadura» nesse sector, se a expressão significa uma campanha indiscriminada de educação de adultos. Há que estabelecer limites de idade e de tempo. Um homem que aos 40 anos, por exemplo, não sabe ler, nem escrever, nem contar, pouco poderá interessar à comunidade se o vier a saber.

Por outro lado, o ensino de adultos não pode prolongar-se se o aluno não tem condições para aprender, reprovando mais do que uma vez.

Preferiria que a intensidade - que a envergadura - do programa recaísse mais na preparação de professores, de modo a satisfazer, em termos e com eficácia, o ensino escolar na idade própria.

Peço também a atenção do Governo da província para o afastamento em que se mantém o ensino primário relativamente aos temas agrários.

Temos a preocupação de preparar letrados, futuros doutores, e nem as mais elementares noções de conservação da natureza se ministram aos alunos.

Todavia, grande parte desses homens de amanhã não têm outra alternativa à vista senão viver da terra, como se conclui em judicioso relatório de que respigo algumas afirmações para perfilhar ... e que foi feito por um técnico ... registe-se.

Duas palavras sobre o turismo: não se consigna no projecto um ceitil para o turismo.

Sendo eu director do Centro de Informação e Turismo, parece que devia deixar aqui lavrado o meu protesto pela omissão.

Contudo, estou perante realidades, e não corro atrás de quimeras e utopias.

Como é que se há-de incrementar o turismo em Cabo Verde, perante as perspectivas que desbobinei, sem dramatizar, limitando-me a relatar factos?

Como levar gente ao Fogo para visitar um dos maiores vulcões do Mundo, se temos de obrigar o turista a desembarcar na ilha em terríveis condições de segurança e comodidade?

Como promover a ida de turistas a S. Vicente, sem comunicações certas, rápidas e pouco espaçadas no tempo, para no fim lhes mostrar uma cidade cheia de movimento e de vida, servida por um porto magnífico, mas sem hotéis, sem água, sem esgotos?

Como levar turistas a Santiago para lhes. mostrar a primeira cidade que os Portugueses fundaram no ultramar, os ricos contrastes paisagísticos, as extraordinárias condições da ilha para o alpinismo, para o campismo, para umas férias de calma, de descanso, se, ao fim e ao cabo, os teremos enclausurados, sem poderem sair, quer pelo ar, quer pelo mar?

Como aproveitar as estupendas condições de Santo Antão, de vales profundos e verdejantes, numa paisagem paradisíaca, sem estradas para percorrer a ilha e arriscando o turista, a clausura ou a ter de atravessar o canal encapelado que separa Santo Antão de S. Vicente em barcaças para transporte de água, sem o mínimo conforto?

Como, Sr. Presidente? Como?

Não, meus senhores!, não basta dizer que temos durante seis a oito meses do ano um clima óptimo, lindas praias, paisagens de sonho, ao lado de outras de estarrecer, um folclore cheio de colorido e de interesse, um convívio racial que é um exemplo para o Mundo.

É preciso criar condições próprias para explorar tudo isso.

Esta a razão por que me bato pelas infra-estruturas. Fazendo-o, preparo o futuro do turismo em Cabo Verde, que presentemente apenas pode dar os seus primeiros vagidos. Seria perigoso teimar agora, pela péssima propaganda que daí resultaria para esse futuro, que temos de construir com vagar e persistência, que esperemos não seja infinita.

Já o mesmo não acontece, porém, com a informação.

Porque esta se encontra sob minha- responsabilidade no que se refere à, letra de forma, passo em claro um processo de expansão e promoção social, índice de progresso de que os meus conterrâneos tanto se têm afastado que, praticamente, hoje em Cabo Verde apenas existem um jornal noticioso e uma revista cultural, mantidos - sabe Deus - à custa de quanta paciência e dedicação de alguns.

Contudo, mesmo que e sitos meios de comunicação fossem um sucesso, a radiodifusão teria de ser o seu complemento.

Mas tal como vivemos, a rádio tem de constituir o principal veículo de ligação entre aã populações das diversas ilhas, contribuindo para minorar a depressão causada pelo isolamento, a par de uma expansão cultural, a elevar o nível intelectual das populações.

Mais do que isso, ela gera o único meio de mantermos contactos com os portugueses de Cabo Verde ou de outras latitudes vivando no continente africano.

Temos três postos emissores, funcionando em condições deficientes, embora à custa da carolice e boa vontade de uma meia dúzia, de entusiastas.

Ou os ajudamos a viver e a cumprir o seu papel em termos, ou montamos uma emissora com a potência- necessária para fazer a cobertura de todas as ilhas e chegar à África continental.

O que está não basta.

O Governo Espanhol, com uma oportunidade e clarividência admiráveis, inaugurou nas Canárias, em Fevereiro último, um posto de Radiotelevisão atirado para a África. Nós continuamos à espera de melhores dias ...

Não será com 2000 contos que conseguiremos um posto emissor de rádio em condições eficientes.