um homem do povo que apenas pode trazer a esta Casa o testemunho de que Portugal não é só aqui.

Sr. Presidente: O incêndio do Teatro não pode, por imperativo nacional relacionado à cultura, deixar de merecer do Governo, de todas as entidades oficiais ou particulares, a maior atenção, o maior entusiasmo, a maior decisão de remediar e tão depressa quanto possível.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Habituámo-nos, todos os portugueses de aquém e de além-mar, a ver nele um dos mais sólidos e mais brilhantes veículos da nossa cultura desde o século passado. O Governo não o deixará ficar no império das cinzas.

Essa certeza tenho, temo-la todos; com ela me congratulo e se congratulam todos aqueles que pregam, a cultura nacional.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Pareceria :útil adoptar para já uma sugestão. Esta sugestão não é minha, ouvi-a. E peco licença para ofender a modéstia da pessoa a quem a ouvi, o Sr. Francisco Rodrigues, jornalista muito distinto e muito considerado da nossa imprensa. Por que não utilizar, tão depressa quanto possível, o Teatro Nacional de S. Carlos?

Sei que generosamente a empresa do Teatro Monumental, e à sua frente o Sr. Vasco Morgado, se prontificou a, imediatamente e sem qualquer encargo em relação ao funcionamento do seu próprio teatro, ceder as instalações do Monumental.

Parece-me que o Estado deveria pôr e

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Sei também que está ,em constituição uma comissão de largos poderes paira a reconstrução, tão urgente quanto possível, do Teatro Nacional de D. Maria II.

Sr. Presidente: Que V. Ex.ª e todos os nossos colegas me perdoem a desordem e a pobreza da expressão.

Vozes: - Não apoiado!

O Orador: - Há alguma coisa que não posso dizer, mas que sinto e todos nós podemos senti: é que o Teatro Nacional de D. Maria II também é Portugal.

Tenha dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei relativa ao Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967.

Tem a palavra o Sr. Deputado Alves Moreira.

O Sr. Alves Moreira: - Sr. Presidente: Ao tomar parte na apreciação do Plano Intercalar de Fomento, que agora se discute, faço-o movido pela intenção de contribuir, embora modestamente, para esclarecer, ou, melhor, dar a minha opinião quanto a algumas rubricas nele inscritas, já que a sua complexidade, e variedade tornam absolutamente impossível um profundo exame analítico do seu conteúdo.

Acresce ainda que muitos dos assuntos versados tiveram já oportunidade de ser profundamente tratados com brilho pelos ilustres membros desta Câmara que me antecederam neste debate.

Não quero, no entanto, deixar de sublinhar o quanto me é grato saber que é preocupação do nosso Governo, apesar das dificuldades financeiras com que luta presentemente, a fim de cobrir as despesas inerentes à manutenção da integridade do território nacional vilmente ameaçado, projectar com tempo e ordenadamente as suas obras e realizações, conjugando esforços no sentido de uma distribuição de investimentos o mais equitativa possível, atendendo sobretudo à posição que cada um ocupa na orgânica nacional com as repercussões externas que naturalmente implicam.

O Sr. Sousa Meneses: - Muito bem!

O Orador: - Assim compreendo o Plano Intercalar, elo de ligação entre o II, que está prestes a terminar, e o que se segue, estruturado nas bases que orientam este intermediário, a que na generalidade dou a minha inteira aprovação.

E, como as disposições agora expressas definirão o futuro plano, disponho-me a fazer algumas considerações acerca de uma verba que se inclui, e que, apesar de ser uma gota de água na imensidão do global, tem particular interesse para a região que represento nesta Assembleia, pois grande parte da sua economia, se valorizará extraordinariamente se a dotação orçamental for mais condizente com as actuais e futuras necessidades.

O Sr. Sales Loureiro: - Muito bem!

O Orador: - Refiro-me à cifra que se pretende atribuir às obras do porto de Aveiro, na ordem dos 30 600 contos, a financiar pelo Orçamento Geral do Estado e por auto-financiamento da Junta Autónoma do Porto de Aveiro, que não é de molde a permitir caminhar-se rapidamente no sentido de tornar real uma latente fonte de riqueza que a Natureza oferece e que os homens não têm sabido aproveitar ainda na totalidade.

O Sr. Homem Ferreira: - Muito bem!

O Orador: - Não é porque se tenham alheado ou mostrado menos diligentes os responsáveis locais pela valorização e incremento dessa obra, que se antevê magnífica quando for completada, pois seria muito longa a sua história e muitas homenagens haveria que render aos seus precursores; e essas não há que as regatear, antes nunca será de mais exprimir o agradecimento que é devido ao seu labor e à sua persistência nem sempre devidamente compreendida, porquanto já há muito o porto de Aveiro seria uma realidade a pesar bem na valorização, não só da zona de influência distrital, mas até nacional, se porventura as obras se tivessem processado a ritmo normal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E bem sabido que, pela sua situação geográfica e recursos naturais, o porto de Aveiro terá, num fu-