turo que se não afigura longínquo, um relevante papel a desempenhar no conjunto portuário nacional e, sobretudo, como complementar do de Leixões, pois este não poderá bastar a todas as solicitações do hinterland nortenho, mesmo ampliado como se prevê, por ser de admitir que brevemente atinja a sua saturação. Restará, assim, a possibilidade de se recorrer ao de Aveiro, para o que há que se conjugar esforços no sentido de preparar este com o fim de suprir a insuficiência que se prevê para aquele.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - E há que trabalhar com tempo de maneira a preparar o futuro e de acorrer para já às necessidades, a fim de dar cumprimento às solicitações que a todo o momento lhe são feitas.

Para tal se prevê um certo número de trabalhos que, em resumo, poderão ser enunciados da seguinte maneira e de acordo com o parecer da administração portuária:

Construção de obras acostáveis;

Regularização e dragagem de canais;

Provavelmente dragagens na barra;

Construção de docas secas;

Construção de terraplenos e de arruamentos de acessos e de serviço;

Aquisição de equipamento terrestre e marítimo necessário ao bom funcionamento dos serviços;

Ampliação do porto de pesca costeira;

Continuação da execução dos planos de arranjo e expansão dos portos bacalhoeiro e industrial.

A estimativa prevista para estas realizações é de 170 000 a 200 000 contos, quantia esta muito superior àquela que se inclui neste Plano Intercalar. É certo também que estas obras, em parte, estão dependentes das conclusões que hão-de resultar do ensaio em modelo reduzido em estudo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, e, naturalmente, tal estudo será ainda demorado, havendo a lamentar que só em meados do corrente ano se tenha iniciado a sua construção, prevendo-se que sómente comece a funcionar na Primavera de 1965. Tal facto terá como consequência, se não se chegar a conclusões rápidas, a mais se atrasar ainda toda a vultosa obra que se prevê.

Para se ajuizar do estado actual do porto, quero fazer umas breves considerações e que dizem respeito sobretudo àquilo que é necessário executar para o elevar à categoria que há muito vem merecendo.

Quanto à barra, desde que se concluíram em 1958 as obras dos molhes exteriores, já apresenta fundos e características de molde a permitir a sua utilização por navios que os canais e instalações interiores podem aceitar presentemente, mas necessário se torna, para uma manutenção e até melhoria de tais fundos, uma dragagem com uma unidade apropriada como complemento indispensável dos molhes construídos.

Os canais interiores e bacias de manobra estão naturalmente dependentes da orientação a ser dada pelo modelo reduzido, embora se continuem a fazer as dragagens que vão sendo aconselhadas.

O porto bacalhoeiro, já muito aceitável quanto à utilização da frota de pesca local, tem sido progressivamente melhorado, mas ainda muito há a fazer para seu completo apetrechamento. A justificar uma atenção muito particular para a actividade desenvolvida neste sector do porto, poderei citar que o bacalhau fresco entrado em 1953 atingiu 21 625 t, no valor de 86 499 contos, e nos últimos três anos as seguintes cifras:

[...ver tabela na imagem]

Anos Toneladas Valor em contos

Estes valores dizem bem do rendimento estável de tal riqueza, para o que tem contribuído essencialmente a acção dos armadores e o número de barcos que constituem a frota bacalhoeira do porto, num total de 27 unidades no último ano.

O porto comercial apresenta já em construção o primeiro troço de 180 III de cais comercial, que se espera estar concluído num prazo curto, se bem que já muito atrasado em relação ao previsto de início. E é precisamente deste cais, que no futuro se prevê atinja 320 m, e do conjunto do porto comercial, que o virá a englobar, que depende o dar-se escoamento ao tráfego de mercadorias que a todo o momento afluam ao porto, e que já através dele se movimentam, embora em condições de mero improviso. Nestas circunstâncias, a fim de superar a falta de condições primárias deste porto, resolveu a Junta Autónoma, numa acertada medida de não perder posição, aproveitar provisoriamente as instalações do porto bacalhoeiro, provendo-o de apetrechamento mecânico, sem prejuízo da sua utilização futura já no local próprio. Conseguiu-se assim um movimento que poderá apreciar-se nos seguintes dados estatísticos referentes aos últimos dez anos:

[...ver tabela na imagem]

Anos Toneladas Val or em contos

Poderia ainda acrescentar que. até 31 de Outubro do corrente ano movimentaram-se já 83 793 t de mercadorias, no valor de 154 925 contos, o que denota um aumento de cerca de 20 por cento em relação ao total de 1963.

Da análise destes números resulta que a actividade do porto de Aveiro teve um surto de extraordinário desenvolvimento no período decorrido de 1954 a 1963, pois, se inicialmente não tinha significado aparente, por não ir além de 5826 t em 1954, atingiu a cifra de 71 830 t em 1963. E, se até à conclusão da 2.a fase das obras exteriores do porto o movimento nunca atingiu mais que as 9134 t, em 1958 esse valor elevou-se a 26 7911, para daí em diante continuar a crescer até atingir no ano findo a cifra de 71 830 t, correspondente ao valor de 149 520 contos. Verifica-se ainda que em 1963 foram movimentadas, em relação a 1962, mais 4330 t importadas e mais 20 724 t exportadas, o que evidencia bem uma extraordinária melhoria internacional em prejuízo do movimento interno, o que é paradigma de tendência exportadora do porto. Estão ainda de acordo com esta tendência as numerosas consultas feitas pelas agências de navegação e de importadores e exportadores sobre as possibilidades e facilidades portuárias e ainda pelos ensaios já efectuados.