Está Moçambique, nesta altura num estádio da sua vida cujo ritmo não pode por nenhuma razão ser afrouxado ou alterado, ainda que para isso hajam de fazer-se os maiores sacrifícios. Rasgaram-se, estradas, que precisam de ser concluídas, criaram-se, escolas, que tem de ser mantidas o aberta a uma população sempre crescente e desejosa de se instruir, fundaram-se hospitais, que necessitam de ser cuidadosamente apetrechados e providos, ampliaram-se os quadros nos diversos sectores da vida. administrativa da província, que urge serem preenchidos com pessoal devidamente habilitado e especializado, em suína, criaram-se novas estruturas, delinearam-se para o futuro novos planos de desenvolvimento económico e social, que tem de ser postos em execução em toda a sua plenitude e sem perda de tempo, para que não esmoreçam os ânimos, não enfraqueçam as vontades e se não retroceda numa obra que, embora incompleta, é hoje o orgulho de uma nação e o exemplo ao Mundo de quanto podem a vontade e decisão de um povo.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Nunca, como hoje, na vida já longa da Nação Portuguesa se tornou tão imperioso congregar os esforços de todos, do Governo. das instituições privadas, das empresas e das próprias populações da metrópole e do ultramar, e ainda também de quantos portugueses se encontram espalhados pelo Mundo, numa verdadeira campanha nacional com um único objectivo: o da salvação de uma pátria secular que se radicou em todos os continentes em espírito de fraternidade e de amor cristão, hoje bem patentes na força quase milagrosa com que vimos heroicamente resistindo a todos os ataques e ameaças que nos são dirigidos.

É essa força, que nos vem não apenas das armas com que nos defendemos dos inimigos, mas sobretudo, da alma do povo, da vontade das diferentes populações identificadas por uma mesma cultura, que é preciso manter e reforçar a todo o custo. É esse sentido universal, é esse sentimento de unidade da Pátria, realização permanente do espírito português, que importa cultiv ar e preservar dentro e fora dos nossos territórios, onde quer que se encontrem comunidades portuguesas.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - E nesse aspecto é de louvar a iniciativa da Sociedade de Geografia, já nesta Câmara posta em relevo pelo Sr. Deputado Francisco Roseira, ao reunir pela primeira vez, em Lisboa, os representantes de afastadas comunidades portuguesas, que acorreram prontamente à, chamada, porque sentiram viva a chama da origem lusíada, que não se apagará nunca através das gerações se soubermos mante-la acesa pela língua, pela religião, pela cultura e tradição, que são. sem dúvida, o forte esteio da unidade portuguesa no Mundo.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

A Oradora: - Em Moçambique, onde o povo é constituído por uma enorme diversidade de elementos étnicos, linguísticos e religiosos, torna-se premente que se dê todo o apoio material e técnico a quantas instituições governamentais e particulares visem a promoção social das populações pela educação e pelo ensino. Para que. aproximando-se estas cada vez mais umas das outras, pela cultura, por interesses comuns, por afinidades e convivência, se forme uma sociedade de populações étnica-

mente diversas. é certo, mas ligadas pelos mesmos ideais colectivos, intrinsecamente portuguesa, bem diferenciada das demais e mais resistente, por isso mesmo, a quantos procurem subvertê-la, desviando-a da tradicional permanência na unidade portuguesa multicontinental e multirracial.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Num momento em que se debate nesta Câmara o Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967 e em que nele se consideram os empreendimentos e obras prioritárias nas diversas parcelas do território português, parece-me ser de atentar seriamente no lugar que nesse Plano ocupa a educação e ensino das populações do ultramar.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - O programa do desenvolvimento comunitário, que no Plano simplesmente é referido, tem de ser encarado em toda a sua realidade e posto amplamente em execução, como necessidade primária de entre os demais programas do Plano em discussão.

Tenho por várias vezes nesta Câmara chamado a atenção do Governo para a necessidade de se acelerar a promoção social das populações através da educação e ensino, não apenas porque esse problema me seja mais grato pela profissão que na vida ocupo, mas porque sinceramente estou convencida, de que sem essa base tudo o mais se processará lentamente e até dificilmente, ainda que o desenvolvimento económico seja muito de considerar.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

A Oradora: - Se, na verdade, os investimentos no sector da educação não são de rentabilidade imediata como noutros sectores da vida administrativa da província., eles têm. porém, um alcance social e político tal que não podem de modo algum deixar de ser considerados a par dos que hão-de valorizar de uma maneira mais rápida a vida da província.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - No próprio Plano se fala de uma actualização de processos de acção contínua no campo da educação e de uma mobilização de esforços coordenados nesse sentido com a utilização de todos os sectores compatíveis da Administração.

Faço votos, Sr. Presidente, para que assim se proceda quanto antes, a bem do progresso de Moçambique e da unidade de Portugal.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem! .4 oradora foi muito cumprimentada.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta, de lei acerca do Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967.

Tem a palavra o Sr. Deputado Ulisses Cortês.