pode conferir. Aqui no continente muitos goeses foram chamados a desempenhar as mais altas funções.

Nessa hora nessa noite negra em que caiu o manto da escravidão sobre o Estado Português da Índia eu lembrei a figura do grande, do eminente jurisconsulto que tantas vezes animou com A sua voz e o seu saber esta Assembleia, que foi o Dr. Cunha Gonçalves.

No Estado da índia, a grande parte dos altos e cargos administrativos estava a ser desempenhada -o que hoje não sucede- por naturais de Goa. Mas nada disse bastou para que as forças da União Indiana e sabe-se e lá os compromissos desonestos que antecederam a acção militar !- pusessem não fim, mas interrompeis i o nosso poder em terras do subcontinente indiano.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Havia da parte de alguns inocentes, deslumbrados pelo chamado pacifismo que sempre foi bandeira da União Indiana, a ide que Goa continuaria com a sua personalidade marcada que a sua cultura seria respeitada, que a sua ré não seria destruída e sepultada como o está sendo momento. Ilusão, pura ilusão.

Recebi recentemente notícias do Estado da Índia um amigo que foi obrigado a lá ficar e apela para mim para que faça acordai- todos - pobre de mim! - a situação de tragédia que ali se vive.

A magistratura, que é sempre uma instituição que garante os direitos dos cidadãos, está sendo espezinhada pelos lugares-tenentes do Governo de Nora Deli. Si demissões em massa de magistrados que não se sujeitam abdicar da independência, que é característica da sua sobre profissão. O direito de propriedade é esquecido e aqueles que teimam em manter esse direito são encarcerado nas prisões infectas que o invasor ampliou para poder [...] todos, como se a nova índia não fosse já um grande cárcere. E quanto ao ponto de vista religioso, assaltaram-se igrejas, destruíram-se imagens, cometeram-se os : maiores sacrilégios, e atrevo-me a perguntar se S. E. [...] o Arcebispo de Bombaim terá tido tempo para reparar destruição sistemática e bem pensada que está a ser da comunidade cristã, a que ele deve tudo o que é e o que vale.

Vozes: -Muito bem !

O Orador: - Se é que pode valer alguma coisa homem que esquece as suas origens.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Direito Internacional, ele repreendeu-me, com a amizade e bondade que o caracterizava, dizendo que não queria ser mais apresentado como professor de antiguidades.

Sr. Presidente: Como disse, o mundo parece esquecer o que ali se passa. E o que se passa em Goa, Damão e Diu.

A velha Escola Médica de Goa -orgulho dos Goeses - transformou-se já num instrumento da União Indiana.

Atrás do exército invasor veio toda a choldra, toda a canalha da União indiana, e os crimes monstruosos que se estão a dar no Estado Português da índia dizem da craveira moral dos homens que a governam.

Sr. Presidente: Julgo que nós os Portugueses, temos obrigação de, dentro das nossas possibilidades, dentro do que nos é possível fazer, apoiar esse movimento que tende a restituir a liberdade a Goa!

Vozes: -Muito bem, muito bem !

O Orador: - Eu queria daqui apelar para o Governo no sentido de dar toda a sua força, de pôr tudo o que possa ao dispor desse grupo de bons e honestos portugueses, que estão levantando a bandeira da Pátria por esse Mundo fora. dando um exemplo de independência e tenacidade dos maiores no Mundo tíbio dos nossos dias.

Vozes: -Muito bem, muito bem !

O Orador: - Sr. Presidente: Eu creio que nem tudo está esclarecido sobre Goa. Sabemos todos que nem todas as páginas foram dignas do brilho da nossa história, mas tivemos páginas que ficaram no esquecimento, talvez propositadamente, e que não deveriam ter ficado assim.

Não podemos, por exemplo, esquecer que quando as tropas indianas atravessaram a fronteira e se aproximavam de um posto fronteiriço português, comandado por um sargento da Guarda Fiscal de origem goesa, este, envolvendo-se na bandeira nacional, pôs fim à resistência, porque não queria sujeitar-se a sofrer a mesma dor do velho estudante alsaciano - ser proscrito na própria pátria!

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Quando em Braga tive o prazer de apresentar o Prof. Doutor Bonifácio de Miranda, que ali foi fazer uma conferência para chamar a atenção dos Bracarenses sobre o que se estava a passar na sua terra natal, eu comentei este acto heróico do sargento da Guarda Fiscal como digno do perdão de Deus, porque, na verdade, a Pátria precisava do seu sangue.

Talvez não esteja ainda suficientemente esclarecido, e é preciso que se esclareça, que se pretendeu, dois ou três dias antes do acto da invasão, levar os Goeses a uma sublevação interna, e nem um só se prestou àquilo que lhe foi sugerido.

Devemos a maior solidariedade às populações escravizadas de Goa; não podemos deixar que o manto do esquecimento pese sobre esses nossos irmãos!

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: -Devemos apoiá-los com o nosso entusiasmo, pois que não podemos esquecer que foi de Goa que partiram os missionários de ontem e de hoje a que se referiu o Santo Padre Paulo VI.

Sr. Presidente: Eu disse há pouco que nunca se levantou aqui uma voz com mais razão do que a minha neste momento. Talvez ninguém se levantasse com mais in-