insistir na verdade por vezes esquecida de que, mais do que nunca, hoje é necessário prestigiar os órgãos do Regime se, a sério, queremos que ele perdure como o interesse nacional o impõe, pois todo o resto é desgraçadamente transitório as, gerações, como os homens, passam, pois nada pode impedir a lei natural da vida.

Referi-me então - e vou-o fazer hoje de novo - à situação dos emigrantes portugueses em França, ao desamparo a que estuo votados e, de uma maneira muito especial, à necessidade de preservar o nosso emigrante da acção desnacionalizados que sobre ele se pretende exercer, e exerce, acção que as condições do seu viver facilitam, no sentido de lhe arrancar do coração os três maiores, sentimentos que podem enobrecer a alma humana o amor de Deus, o amor da Pátria e o amor da Família.

Vozes:- Muito bem!

terras distantes, há-de voltar um dia à sua terra natal ou porque as condições de vida ali se modificaram e lhes permitem o viver que desejam - assim o esperamos em breve suceda no nosso Portugal -, ou porque lhes foi possível aferrolhar alguns patacos que lhes permitam correr à sombra das mesmas árvores a que se abrigaram, para brincar em meninos ou ainda porque a saudade, roendo-lhes o coração não lhes permitiu maior ausência do torrão natal. É triste beber água que não seja da nossa terra, dizia-me, em carta recebida pelo Natal, um dos homens que se encontram a trabalhar na Alemanha.

Seria verdadeiramente funesto que essa gente regressasse portadora de doutrinas malévolas e vazia de sentimentos nobres, contaminando assim a alma da Nação, que nos compete defender a todo custo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tudo indica que, se não tomarmos prontas medidas, assim sucederá e não há dúvida de que não se encontra outro meio de manter os emigrantes portugueses coesos no seu amor à Pátria e à Família senão preservando-lhes no seu íntimo os princípios cristãos em que foram educados. Quando falo em princípios cristãos, e por maior sentido ecuménico de que me pretenda revestir, só entendo, como português de velha cepa que sou, o sentido católico apostólico e romano.

Vozes:- Muito bem!

O Sr Sales Loureiro: - Considero da maior oportunidade e com a maior prevalência as considerações que V Exa. está a proferir, sobretudo pelo que diz respeito França e neste caso quero salientar que é triste, profundamente triste, que núcleos portugueses regressem à Pátria trazendo os seus filhos a falar uma língua que não é a nossa.

Por isso saúdo V Exa. e renovo os agradecimentos pelo que está a dizer.

O Orador: - Agradeço a V Exa., porque sou um Deputado que, vivendo os problemas da nossa terra, aqui os tem trazido, talvez de uma forma idealista, mas com toda a sinceridade e entusiasmo Agradeço mais uma vez a V Exa.

Apesar da boa colaboração estabelecida entre os organismos oficiais, nomeadamente entre a Junta da Emigração e a Direcção Nacional das Obras Católicas para a Emigração, assinalada em documento que me foi dado ler, facto que gostosamente refiro, a verdade, a verdade que aqui denuncio perante a Câmara e o Governo, é que a situação, longe de melhorar, se agravou assustadoramente no ano findo.

Não resisto a transcrever palavras cheias de realismo desse documento que me foi dado ler. «Não pode ficar alheio à gravidade do problema da emigração portuguesa dos nossos dias quem se sinta responsável pelo bem das almas e pela salvação dos valores morais do nosso povo. Só para França saem todos os dias do País cerca de 100 emigrantes, o que perfaz um total de 36 500 por ano. Estes e muitos outros voltarão um dia às suas terras, mais ricos materialmente, mas talvez empobrecidos de fé e valores morais, mais evoluídos técnica e socialmente, mas também mais exigentes e inadaptados à vida das suas terras e aos seus costumes tradicionais.

O Sr Sales Loureiro:- Muito bem!

O Orador: - «Haverá uma transformação na sua vida familiar e social que afectará o País inteiro Esta transformação será tanto maior quanto menor for a assistência que se lhes prestar durante a sua longa ausência no estrangeiro.

Chegou o momento de se tomar consciência da realidade e lançar mãos ao trabalho enorme que ainda nos pode salvar de uma derrocada.

Teriam de se mobilizar todas as forças vivas, de dentro e de fora do País, Igreja e Estado, religiosos e leigos, num