O Sr Virgílio Cruz: - Sr Presidente A lavoura vitícola duriense está em grave crise Agrava extraordinàriamente essa crise a falta de meios financeiros do Douro para fazer face aos habituais campanha de escoamento.

Tem a Casa do Douro financiado regularmente os lavradores da região demarcada, facultando-lhes a um adiantamento logo após a vindima, o que ainda se não verificou na última campanha.

Este adiantamento é de enorme importância na economia regional, não só pelo apoio aos mais débeis, como pelas repercussões psicológicas no mercado comércio geral. Uma vez anunciado, contam-se por milhares, principalmente pequenos viticultores, os que o aproveitam, porque no Douro o pequeno e médio lavrador não tem qualquer pecúlio nem outra receita além da venda do vinho.

É com o primeiro financiamento da Casa do Douro sobre o vinho em armazém que paga a roga das vindimas, as contribuições, os fungicidas e adubos já gastos e todas as despesas correntes, readquirindo com este pagamento o crédito habitual.

Como até À data o financiamento sobre a colheita de 1964 ainda não pôde ser anunciado pela Casa do Douro muitos lavradores não só não pagaram as dívidas atrasadas com estão sem crédito pata o granjeio das vinhas e todas as despesas correntes.

O Sr Nunes Fernandes: - Eu posso esclarecer V Exa. de que, apesar de todas as intervenções da Casa do Douro, a maior parte dos Lavradores do Douro tem a as suas propriedades hipotecadas.

O Orador: - Agradeço a V Exa. o apoio que veio trazer à minha intervenção e que demonstra que, se não houver um socorro urgente à situação, ficai muito pior.

O Sr Nunes Fernandes: - Há necessidade de o fazer, sobretudo até no aspecto político.

O Orador:- O problema é sobretudo agudo para o pequeno e médio lavrador.

Proporcionar à Casa do Douro o crédito necessário para acudir à crise é uma necessidade urgente. Se a esta instituição não forem facilitados os meios necessários para financiar a lavoura como sempre o tem feito, muitos lavradores, ver-se-ão compelidos a vender ao desbarato transferindo valores para os oportunistas, se não mesmo a hipotecar ou desfazer-se das terra por baixo preço.

Grande parte do Douro é região de monocultura e de pequena propriedade, sem outra fonte de receita além do vinho. De mais de 25 000 associados da Federação quase 20 000 têm colheitas inferiores a dez pipas, e esta só na Casa do Douro têm encontrado apoio para não terem de se entregar nas mãos dos solícitos especuladores que espreitam as suas dificuldades para comprar a preços de miséria na lavoura, sem qualquer benefício para o consumidor.

O problema é muito grave para poder esperar por estudos demorados. Há necessidade de uma solução rápida para este problema agudo da lavoura duriense, ela precisa de viver o dia a dia, para já um financiamento imediato, como todos os anos se tem feito, e a curto prazo o estudo económico regional.

O Sr Nunes Fernandes: -Muito bem!

O Orador: - Ao solicitar-se o auxílio financeiro para a Casa do Douro não se pede nenhuma dávida, mas apenas a ajuda de um adiantamento, cujos encargos serão, como sempre o têm sido até hoje, integralmente suportados pelos federados.

O Douro merece todo o apoio que o Governo lhe possa dar.

O St Nunes Fernandes: - Muito bem!

O Orador: - Dentro da região demarcada do Douro produzem-se excelentes e já afamados vinhos de pasto, conhecidos pelos nomes das sub-regiões donde provêm

Enquanto não for possível aumentar os contingentes de mosto beneficiado, o que depende da exportação do vinho do Porto, impõe-se aumentar a difusão dos vinhos comuns para o que é essencial fazê-los bons e torná-los conhecidos.

Quanto ao nível de qualidade muito se tem progredido graças à política de adegas regionais cooperativas da Lavoura.

O tornar o produto conhecido é também de enorme importância, direi mesmo, é a chave do problema, mas para o efeito afigura-se fundamental a rápida constituição da União das Adegas Cooperativas.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para o nosso desenvolvimento turístico muito interessa a boa cozinha e o bom vinho. E os nossos vinhos, tão perfumados e tão distintos, podem e devem ser um bom cartaz turístico.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A lavoura duriense, apoiada nas cooperativas e no crédito da Casa do Douro, também deve concretizar esforços para valorizar os seus magníficos e típicos vinhos regionais, trabalhando e lutando pela defesa dos seus interesses.

Sr Presidente e Srs Deputados Xá nossa balança comercial o vinho do Porto ocupa lugar de relevo desde há séculos, tendo o valor médio de exportação andado em cada um dos últimos três anos pelos 400 000 contos.

Esta fonte de divisas poderá, pelo que respeita à região demarcada do Douro, vir a ser muito ampliada, se for possível conseguir maior exportação deste nobre produto, deste vinho venerável, que sabe também manter-se sempre jovem.

Cada pipa de vinho do Porto representa, em razão da aguardente incorporada, cerca de duas pipas e meia de vinhos portugueses, por isso, tudo o que for feito para reforçar a exportação do vinho do Porto será feito a favor da economia vinícola de todo o País.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Consiga-se por isso maior exportação do vinho do Porto e a vinicultura nacional logo sentirá o desejado desafogo.

Se quisermos aumentar as vendas teremos de conquistar o consumidor e o intermediário, o consumidor pela propaganda e alto padrão de qualidade e o importador estrangeiro pelos lucros na venda.

Na estratégia comercial moderna a propaganda é um grande motor do aumento das vendas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!