Situação bancária O comportamento do sistema bancário em 1963 caracterizou-se por uma grande expansão do crédito, especialmente através dos bancos comerciais, com correlativa criação de depósitos.

As condições em que se desenvolveu essa expansão, não obstante as deficiências do mercado financeiro, e os riscos que envolve, não só para a estabilidade do valor interno da moeda como quanto ao reembolso de um volume de crédito altamente crescente a determinados sectores, mostram a conveniência de se definir e executar, o mais ràpidamente possível, o enunciado programa de acção monetária e financeira.

Esse programa, que deve tender a uma política de melhor utilização de recursos para o financiamento de investimentos produtivos e de defesa do crédito através da centralização de elementos sobre o risco bancário, deve prever ainda a promulgação das seguintes medidas:

1.º Definição das condições de concessão do crédito a médio e longo prazo;

3.º Maior estímulo à aplicação de capitais estrangeiros no País para efeitos produtivos,

4.º Organização do crédito à exportação em bases práticas. Não obstante o grande aumento do crédito no decurso de 1963, as reservas de caixa das instituições apresentavam considerável acréscimo no fim do exercício, como se vê no quadro seguinte:

O acréscimo elevou-se a 1 milhão de contos nos bancos comerciais, correspondente a 15 por cento do aumento dos depósitos.

No fim de 1963, cerca de 40 por cento das reservas de caixa dos bancos comerciais eram constituídas por numerário, enquanto na Caixa Geral de Depósitos a proporção era inferior a 5 por cento. Por sua vez, a percentagem das promissórias de fomento nacional naquelas reservas elevava-se a 30,1 por cento na Caixa e representava apenas 9,9 por cento nos bancos comerciais. Este é um problema que tem de ser visto. O quantitativo global dos depósitos no sistema bancário ultrapassava 60 milhões de contos no fim de 1963. O incremento foi de 7 650 000 contos, cerca de 1 200 000 contos mais do que em 1962.

Nos bancos comerciais o aumento, que já fora de 4 258 000 contos em 1962, alcançou no ano findo a cifra de 6 918 000 contos, muito grande em confronto com o crescimento do produto nacional.

Nas caixas económicas privadas e na Caixa Geral de Depósitos prosseguiu a elevação dos depósitos a um ritmo quase semelhante ao do ano anterior, como se pode observar no quadro seguinte:

No fim de 1963 cerca de um quinto daquele total, ou sejam 11 563 000 contos, era constituído por depósitos a prazo, dos quais 10 518 000 nos bancos comerciais. A expansão total do crédito bancário sob a forma de desconto e empréstimos, em 1963, ultrapassou o dobro da que se processara no ano anterior, atingindo 5 115 000 contos. Naquela expansão, que se destaca pela sua excepcional amplitude, a quota-parte relativa aos bancos comerciais é de 83 por cento, sendo a da Caixa Geral de Depósitos de 9 por cento.