Pelo simples exame das cifras não se compreende bem o motivo de tão lenta reprodução da investimento nesta província ultramarina. Não se modificaram sensivelmente em 1963 as condições de estagnação prevalecentes na última década, e, durante a vigência do I e II Planos de Fomento, os investimentos subiram a 420 000 contos 97 000 no primeiro e 323 000, até 31 de Dezembro de 1963, no segundo.

Estas cifras, de per si, deveriam indicar progresso acentuado. Não se pretende que elas produzissem relação capital-produto muito vantajosa, dadas as condições físicas do território, deviam ao menos repercutir-se apreciavelmente nos saldos negativos do comércio externo e no volume das importações e exportações. Mas o exame da balança do comércio, feito com certo pormenor mais adiante, revela contínua e constante estagnação nos índices.

As exportações mantêm-se em nível muito baixo e pouco aumentaram em 1963. E de tal modo é a fragilidade do comércio de exportação que o pro duto da venda de água para a navegação (1678 contos) constitui uma verba que não é a mais baixa no rol das exportações.

A província vive, pois, em grande parte, à sombra de subsídios concedidos pela metrópole, que equilibram a sua economia, e as receitas não atingem nível indispensável para remunerar devidamente os funcionários públicos e preencher certos lugares indispensáveis a uma engrenagem administrativa mais eficiente.

A situação geográfica do arquipélago, com mares ricos em peixe, a existência de pozolanas já ensaiadas na metrópole, susceptíveis de serem utilizadas aqui e em territórios vizinhos, as melhorias na cultura de banana e milho para consumo local, o aumento possível na cifra de café, o progresso na produção de géneros alimentícios e talvez possibilidades industriais baseadas no sal, e outras, entre as quais sobressaem as proporcionadas pelo novo porto de S. Vicente, tudo são factores dignos de serem estudados praticamente.

Não é sistema investir somas relativamente altas em planos de fomento que não produzem efeitos perceptíveis na economia local.

Continua a ser indispensável investigar os resultados do emprego das quantias já gastas a fim de determinar realisticamente se os métodos ou critérios que presidiram ao seu emprego foram os melhores ou necessitam de ser alterados.

Adiante se examinarão os investimentos e, pelos quantitativos utilizados, se poderá avaliar da sua pequena reprodução.

Comércio externo A balança do comércio da província fechou com um déficit de 146 126 contos, um pouco inferior ao de 1962.

Este resultado, como o dos três últimos anos, destoa dos de períodos anteriores.

Vai longe o tempo em que a balançado comércio de Cabo Verde apresentava saldo positivo. Em 1940 o saldo positivo atingiu 45 000 contos. Nesse ano o comércio externo incluía os combustíveis fornecidos à navegação.

Mas, por volta de 1950, o saldo negativo já se elevava a 18 100 contos, e daí em diante foi subindo até alcançar um máximo, em 1962, de 175 000 contos. Estes resultados denotam talvez aumento de consumos, embora estes continuem a ser muito baixos, e provavelmente acréscimo substancial na população, sem corresponder em contrapartida aos rendimentos internos.

Seja como for, a situação do comércio externo necessita de ser vista em profundidade. Em 1963 as exportações pagaram apenas 14,1 por cento das importações. Esta cifras um pouco superior à de 1962 (11,3 por cento), define por a situação delicada da província.

A balança de pagamentos é amparada pela remessa invisíveis da emigração e pelos subsídios em escudos da metrópole, os segundos em muito maior volume do que primeiros. O panorama é definido claramente nas cifras que seguem:

Vê-se a modéstia das exportações pouco mais de 24 contos em 1963. E para se atingir esta cifra concorreu a valorização do café e a melhoria, embora pequena, da saída de bananas.

A seguir dão-se os valores das importações e exportações para alguns anos, a partir de 1938.