Há diversos problemas na província de Moçambique que precisam de ser atacados com energia.

O primeiro está ligado à balança do comércio, que todos os anos apresenta saldos negativos superiores a l milhão de contos. A solução só pode derivar de aumento nas exportações, que não poderá ser inferior ao déficit actual, porque o contínuo desenvolvimento dos consumos traz todos os anos importações cada vez maiores.

Um programa de realizações tendentes a este e objectivo tem de considerar o aumento em escala satisfatória na produção de açúcar, de algodão e outras fibras, como o sisal, de oleaginosas e de tabaco, e a industrialização local de castanha de caju, além de outras actividades.

Os aumentos nestes géneros tropicais, ou semitropicais, já com tradições na província, não serão de per si suficientes para atingir a cifra acima indicada. Mas a própria intensificação nas culturas gera indústrias e produções subsidiárias que também podem concorrer para a me lhoria na exportação. Os citrinos, as bananas, os gados, e certas oleaginosas, além do amendoim, que já foi uma grande riqueza moçambicana, podem auxiliar apreciavelmente a economia provincial.

Mencionaram-se alguns produtos que têm mercado na metrópole. A indústria algodoeira importa quantidades relativamente altas de algodão em rama, e as remessas ultramarinas não satisfazem os consumos.

O caso da castanha de caju, que em 1963 produziu elevada cifra na exportação e foi o amparo do déficit, balança do comércio, necessita de ser visto à luz da intensificação da cultura e de uma industrialização na província, porque, parece, estão resolvidas as dificuldades opostas, até agora, à mecanização dos processos de tratamento.

Este programa deparará com escolhos de peso, como o da mão-de-obra, dos investimentos, do aperfeiçoamento técnico, da produtividade, dos transportes e de outros. Mas nenhum deles é insuperável. Pelo contrário, o êxito em certas explorações mostra as possibilidades. São conhecidos já os resultados de alguns empreendimentos industriais, e o exame da lista das mercadorias importadas confirma a viabilidade de empresas com o objectivo de satisfazer certos consumos internos pela indústria provincial. Ainda que a actividade económica se oriente também neste sentido, não se deverá perder de vista que é mais fácil fazer crescer as produções tradicionais para valores razoáveis do que novas iniciativas. Os recursos naturais da província estão longe de estar esgotados, e os núcleos das empresas, grandes ou pequenas, até de carácter individual, estão constituídos há muito tempo.

Um outro aspecto que pode trazer largos benefícios para a província é o da exploração mineira. Parece terem sido descobertas possibilidades reais na bacia do Zambeze. Elas são constituídas por jazigos de ferro e outros metais, alguns de valor, e por combustíveis de interesse, além dos já conhecidos.

As explorações mineiras são altamente colonizadoras e estão na b ase da formação de alguns países na África, na América e na Oceânia. A rápida prospecção das possibilidades e o estudo prático que leve a imediata exploração económica pode ser a base de uma balança comercial muito mais equilibrada do que a actual.

Os problemas económicos de Moçambique não são fáceis. Mas por poderem fazer incidir a atenção sobre diversas explorações são mais fáceis de resolver. Se for possível, e não há razões que o impeçam, solucionar o problema do algodão, do açúcar e outros mencionados acima e introduzir ou desenvolver culturas já existentes, não será difícil atenuar em poucos anos o déficit da balança do comércio, e, já agora, da balança de pagamentos.

Confiar apenas nos rendimentos dos transportes, precários e delicados, pode conduzir a situações difíceis e escabrosas. A produção interna deverá ser a base da economia de Moçambique. As actividades dos transportes constituirão um adjuvante de grande valor.

Comércio externo Aumentaram as importações e exportações e diminuiu, embora pouco, o déficit da balança do comércio. As importações subiram para 4 077 441 contos, mais 169 316 contos do que em 1962, mas o aumento nas exportações foi de 280 523 contos. Deste facto resultou uma diminuição de 111 207 contos no saldo negativo. Não é muito, mas representa alguma coisa. Quando se considera que dois produtos-base fraquejaram - o açúcar (menos 17 586 contos) e o algodão (menos 85 102 contos) - e que outros, como o chá e a copra, também aparecem com menores valores, não se pode considerar desprovida de interesse a exportação de 1963. Mas não se adapta às condições naturais da província este valor. Terá de ser aumentado por quantia muito alta, porque não será fácil actuar sobre as importações que tendem a subir.