político português (e, como o Sr. Presidente do Conselho, penso lealmente que não foi), é porque causas poderosas e alheias à vontade dos seus dirigentes a isso se opuseram.

O Sr. Martins da Cruz: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz o obséquio.

O Sr. Martins da Cruz: - V. Exa., ao fim e ao cabo, está a concordar comigo e eu felicito-me por isso.

O Orador: - Estimo muito que assim seja até ao fim.

O Sr. Proença Duarte: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Com o maior prazer!

O Sr. Proença Duarte: - Queria manifestar a V. Exa., como velho batalhador da União Nacional, a minha absoluta concordância com o que acaba de dizer, com a acção benéfica que a União Nacional desempenhou neste país do ponto de vista político, e dizer mais que a União Nacional criou o clima propício para que a Revolução Nacional pudesse caminhar com mais facilidade e decididamente neste país. Sem a acção de propaganda, sem a acção de luta e esclarecimento, que foi levada a toda a parte - cidades, vilas e aldeias -, talvez a Revolução Nacional não tivesse encontrado as condições políticas necessárias para prosseguir no seu caminho triunfal, com os benéficos resultados que todos temos verificado até hoje.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Muito obrigado pela sua valiosa concordância!

O Sr. António Santos da Cunha: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Sem dúvida!

O Sr. António Santos da Cunha: - A Revolução Nacional não teria chegado aonde chegou disse o Sr. Deputado Proença Duarte, nem muitos economistas e técnicos, que querem desconhecer o problema político, teriam possivelmente palco para exibir a sua (...)!

O Orador: - Agradeço o V. Exa. também o seu apoio às minhas considerações.

Pausa.

O Orador: - E essas causas não são desconhecidas de ninguém.

A União Nacional, para além dos imperativos da doutrinação que estão na base da sua primordial função, estava, e está, naturalmente indicada para ser o órgão intercalar de mais perfeito entendimento entre a Nação e o Estado.

Exactamente porque se situa no seio da Nação, ela devia ser não só a entidade idónea que carreasse até à cidade e ao campo a boa semente política e social, mas também a pessoa amiga que ao Estado levasse, lealmente, as insatisfações, os anseios ou mesmo os protestos da sua gente.

O Sr. Antão Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - Ela devia sei, pois, a principal fonte de informação e de apelo da população suprindo até, em certa medida as restrições impostas à imprensa.

É na troca da ideia pela queixa que o homem melhor sente e julga quem lhe quer bem.

Este é mesmo o segredo porque triunfam, no campo espiritual, os métodos religiosos e porque progridem, no campo político, os métodos comunistas.

Se a União Nacional tivesse podido aliar à acção de presença intelectual a acção de assistência moral, teria visto também aumentar o seu prestígio e as suas hostes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Isto, porém nunca foi possível. E não foi possível, não porque o diálogo com o povo não só chegasse a estabelecer em normas de boa e recíproca compreensão, mas porque os detentores dos Poderes Públicos nunca ou raramente lhe deram o devido apreço.

A União Nacional, para a grande maioria dos nossos governantes parece não ser mais do que «uma simples corporação de bombeiros voluntários destinada a apagar os incêndios eleitorais».

O Sr. Martins da Cruz: - Só tenho que felicitai V. Exa. pelo que está referindo porque eu, nas palavras que proferiu e que tanto parecem ter desgostado V. Exa. , não disso tanto.

O Orador: - Muito obrigado pelas suas felicitações, mas não esqueça que, citando frases e factos por de mais conhecidos de todos, o faço com intenção bem diferente daquela que pareceu informar as suas alusões do outro dia.

Pausa.

O Orador: - Fora desta função não lhe reconhecem qualquer outro mérito, nem lhe dão qualquer atenção.

Os que nela se encontram em postos directivos, em espírito de disciplina ou de missão, sentem assim a falta desse apoio superior e, com ele, a deterioração da função. E, a breve trecho, por muito que desejem ser superiores a ressentimentos ou a insucessos, verificam a inutilidade dos seus esforços e então, a partir deste momento, nada mais encontram como digno senão o abandono da posição

Esta a triste realidade que atinge todos os escalões da União Nacional.

Ela é a causa principal das crises que periodicamente explodem no seu seio, ela, também, a maior responsável pela escassa e por vezes frouxa e entrecortada doutrinação política dos últimos tempos.

Só assim se pode explicar que estadistas e doutrinaristas de primeiro plano como o Prof. Doutor Marcelo Caetano e o ... Veiga de Macedo, não tenham conseguido, com a superioridade do seu talento, o calor da, sua fé e a coragem do seu poder de decisão, alterar o rumo das coisas, nos anos em que por lá passeiam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não é, pois, aos dirigentes da União Nacional que se devem assacar as maiores culpas (e muito menos as únicas) por não se haver tornado mais brilhante e mais brilhante a chama política do Regime.

Esses e outros homens de leal valor, como o Prof Carneiro Pacheco, o Eng.º Nobre Guedes o Doutor Albino dos Reis, o Eng.º Mendes Amaral, o Eng.º Cancela de Abreu, o Prof. Costa Leite (Lumbrales) o Dr. Castro Fernandes e todos os que ajudaram quer na Comissão.