Foram gastos 160 000 contos em material auto e sobresselentes e cerca de 20 000 contos em material de rádio, desta quantia uma só pequena percentagem deve ter sido aproveitada pela indústria nacional.

O assunto preocupou os responsáveis do Ministério do Exército, que, trabalhando em íntima colaboração com o Ministério da Economia, pi e vêem que, quanto a viaturas pecadas, em 1964, 40 por cento da despesa reverterá para a indústria nacional e que, em 1967, esta percentagem subirá para 90 por cento, quanto a viaturas de menor tonelagem, tudo faz admitir que uma poderosa indústria estrangeira esteja interessada em aã montar e fabricar em Portugal. Será sem dúvida um magnífico posso em frente para aumentar a nossa capacidade de esforço de guerra.

No que respeita a material rádio, são ainda melhores as perspectivas em 1964 a indústria nacional, com meios próprios, satisfará 50 por cento das necessidades e a percentagem subirá nos, anos imediatos até atingir os 90 por cento, a indústria de postos de rádio e de transistorizados totalmente nacionais será uma realidade.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Provada com números a tese que propusemos no inicio desta intervenção, podemos concluir que 70 a 80 por cento da despesa feita pelo Exército reverte, directa ou indirectamente, em proveito da economia nacional, seguindo o mesmo critério poderiam encontrar-se resultados paralelos, talvez ligeiramente mais desfavoráveis, paia a Marinha e a Forca Aérea.

Do facto podem tirar-se as ilações sociais, políticas e económicas de que a vultosa quantia gasta não foi, como só dizer-se dinheiro deitado à rua Certamente que poderia ser aplicado a fins que trouxessem mais rápido progresso da Nação Portuguesa. Mas não se julgue, mesmo assim que as forças armadas dispõem de tudo quanto necessitam paia enfrentar a agressão, muito do que falta é compensado pela bravura dos soldados, pelo saber dos chefes pela prudência dos diligentes Aqui lhes deixamos a nossa homenagem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estamos perante dois caminhos sigamos o da honra o do dever, porque história nos obriga, a razão nos impõe e a Patria nos manda.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sales Loureiro: - Sr. Presidente: As Contas Gerais do Estado relativas ao ano de 1963, apreciadas à luz das circunstâncias em que tem operado o conjunto de administração pública, revelam a sua sensibilidade a factores múltiplos, alguns de índole externa, que por largo tempo, haver ao de continuar a agir e a influir no especial desenvolvimento da nossa orgânica financeira.

Isso o notou com particular argúcia a comissão de elaboração do parecer sobre as aludidas Contas e, muito particularmente o seu ilustre relator, Deputado Araújo Correia, a cuja valia do seu estudo rendemos as nossas reverenciadas homenagens.

As Contas Gerais do Estado apresentam-se em obediência à linha de rumo da política financeira que (...) o País na via do seu destino histórico, e de que é esclarecido autor o Sr. Presidente do Conselho.

Para um número sem conto de realizações materiais e espirituais houve lugar, porque à Nação, reestruturada se deram os moldes de uma saudável administração em obediência a um pensamento político que tem estudado «com método» e realizado «com fé».

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - As receitas gerais nas Contas do ano de 1963 oiçam pelos 16 milhões de contos.

A sua distribuição segue a ordenação gemi estabelecida nas Contas dos anos anteriores e encerram as mesmas com um saldo positivo no valor de 151 769 contos, de acordo com as normas mais convenientes, estabelecidas por uma sã administração e em conformidade com os melhores propósitos do que se preceitua na Constituição.

Apresentam-se como motivos de apreensões, no douto parecer, a verba da cardem» dos 7 milhões de contos, saída, pela rubrica de despesas extraordinárias, e a que o desnível da balança de comércio oferece para a metrópole, que toca pelos 6 a 7 milhões.

Já essas preocupações não se manteriam se, paralelamente ao aumento da dívida pública, (...) suma intensificação apropriada dos rendimentos brutos, de modo a permitir mais fácil tributação», como diz o seu autor.

Tal não o legitima, porém, a percentagem de 4 por cento oferecida à capitação anual do produ to bruto.

Mais sombrio é o panorama, segundo o relatório se a tudo isso acrescentarmos um aumento das despesas públicas com a indispensável reorganização de serviços do Estado, que naturalmente se impõe.

Entretanto afigura-se-nos que razões há de sobra para olharmos mais confiadamente o para, já que, por um lado, seguem em linha recta as medidas que hão-de produzir um maior aumento do produto bruto nacional, enquanto, por outro, a remodelação dos serviços há-de conduzir, pela eficiência dos mesmos, a um em enriquecimento desse mesmo produto, sob a melhor forma de rendimento, com relevância para a do trabalho.

No que concerne ao deficit da nossa balança de comércio, bem coberto actualmente na remessa de pagamentos surgem amplas perspectivas de ser reduzido com a intensificação das nossas exportações mediante uma política económica que aproveite em mais altos níveis as nossas evidentes potencialidades.

E nelas haveremos de considerar não só as geoeconómicas, mas indesmentível no jogo de contas, que cada um tem com a Nação, um saldo inalterável e que se cifra no cumprimento indeclinável do dever!

Referiu em tempo Vieira que «terras que têm ouro e prata o não têm muitos fortes que as defendam, naturalmente estão expostas à cobiça e invasão dos inimigos»!