melhoramentos que são os índices primários do viver civilizado.

O Sr. Nunes Barata: - V. Exa. dá-me licença?

O orador: - Faz obséquio.

O Sr. Nunes Barata: - É para me associar a V. Exa. nessa homenagem às agremiações regionalistas, que são, na verdade, as grandes fautrizes do progresso naquelas regiões relativamente ao Estado e autarquias locais, porque, sobretudo nestas, os meios financeiros são realmente deficientes.

Pausa.

O Orador: - Assim se tem espalhado uma notável soma de progresso pelas aldeias da serrania adusta, onde apareceram estradas e caminhos novos, abastecimento de água, lavadouros e electrificações que afirmam uma vivência cheia de virtualidades desses povos que, por seu devotamento, ganharam jus ao respeito e à ajuda do seu município e do Estado.

Assim se está a reconhecer nos serviços florestais, que, grandes dominadores da região serrana, têm rasgado as suas estradas de penetração nos vastos perímetros da sua jurisdição, muitas das quais são, até agora, as únicas vias de acesso a povoações que se encontravam isoladas.

Contudo, se a rede de estradas secundárias se vai desenvolvendo gradativamente, o ritmo do seu crescimento não é, de nenhuma maneira, o que convém à economia do concelho e da própria região.

Deve-se a lentidão do ritmo principalmente à assustadora deficiência da rede das estradas nacionais, que, por isso, não proporcionam às da rede concelhia as ligações de que estas carecem para se tornarem de plena utilidade.

Com tal insuficiência sofre a vida e até a morte das populações mais incrustadas na serra.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É que sem estradas que permitam o escoamento do trânsito até aos centros populacionais onde se encontram os recursos da civilização não podem estabelecer-se os transportes automóveis, sendo a sua falta um factor de grave estagnação.

Na verdade, em nossos dias, os meios de condução do passado foram já quase totalmente banidos, pois o pulsar frenético da vida moderna não suporta os vagares dessas rotineiras formas de deslocação, em que a alimária assumia preponderante lugar.

É com os olhos postos na imperiosa necessidade de melhorar a vida local, comprometida pelos isolamentos dos povos, que se vem pedindo a construção das estradas nacionais n.º 348 e 344, justamente havidas como indispensáveis ao desenvolvimento dos povos serranos e ao fomento da economia dos concelhos de Gois e de Pampilhosa da Serra.

Conhecendo o valor de tais estradas, aliás perfeitamente demonstrado perante o Sr. Ministro das Obras Públicas em sucessivas representações, tenho aqui advogado e postulado a sua construção imediata.

O Orador: - Chegou ao meu conhecimento que, ultimamente, a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, na sequência da nobre ideia de valorizar o concelho, novamente impetiou do ilustre e abnegado servidor do progresso e da terra portuguesa que é o Sr. Ministro das Obras Públicas a construção da estrada nacional n.º 344, que deixou, em última análise, limitada com o troço entre Pampilhosa da Sena e Portela do Fojo.

Na petição dessas obras, em que o Sr. Presidente da Câmara Municipal deixa claramente afirmada a sua nobre intenção de bem servir o concelho que dirige, alinham-se as impressionantes razões que não só justificam a imediata construção que se pede, como a impõem pela sua saliente imprescindibilidade.

Venho, Sr. Presidente, apoiar inteiramente esse notável documento e o espírito construtivo que o ditou junto do Sr. Ministro das Obras Públicas, e faço-o abonado nas razões que dele constam e das muitas que tenho aqui produzido, todas elas ponderosas e irrecusáveis, por se dirigirem ao melhoramento do teor de vida de muitos e bons portugueses do meu distrito de Coimbra e até dos distritos que com ele confinam.

O Sr. Nunes Barata: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Nunes Barata: - Era precisamente para confirmar as Afirmações de V. Exa. quanto ao interesse dessa estrada, que não é meramente regional. Essas estradas são, realmente, um veículo de penetração no interior, e para um ordenamento de toda a Beira central e interior essas estradas são indispensáveis Porque, inclusivamente, o acesso ao porto da Figueira da Foz pode fazer-se por essa estrada.

O Orador: - Agradeço as palavras de V. Exa. e acrescento que é do mais alto interesse nomeadamente a n.º 344, que se destina a canalizar todo o trânsito de Pampilhosa da Serra para o Norte e Sul e fazer o aproveitamento da grande riqueza florestal daquela zona.

Pausa.

O Orador: - E, Sr. Presidente, como estou a referir-me a vias de comunicação que são idosas aspirações e prementes necessidades da minha região, não posso deixar de mencionar algumas outras, cuja necessidade também já procurei evidenciar nesta Câmara.

Todas elas são e constituem bem conhecidas necessidades, poderosos meios de desenvolvimento regional e, reflexamente, do fomento da própria valorização nacional, pelo grande conjunto das suas altas utilidades.

Integram o seu número, entre muitas outras, as seguintes estradas: A das Pedras Lavradas, classificada como a estrada nacional n.º 230, cujos trabalhos de abertura começaram há mais de 100 anos.

Esta estrada chegou ao termo da Barreosa há anos, quando falta apenas uma dezena de quilómetros para ela atingir a Covilhã, que será o término. E por ali se ficou. Estão numerosas povoações à espera desta via, que se destina a ser a ligação delas com os centros urbanos de Coimbra e da Covilhã, os quais, por sua vez, ficarão com uma rodovia que encurtará cerca de 40 km a distância que os separa.