barragens de estrada tinham relação directa com ai diminuição do poder do Parlamento.

Não tenhamos ilusões grupos de pressão houve sempre e haverá até à consumação dos séculos, parecendo que o único meio de os moderar é descobri-los, conhecê-los e apresentá-los.

A maior defesa contra uma actividade que pode tornar-se perniciosa consiste na publicidade dos seus actos.

A definição de uma política económica e social a longo termo, expressa num plano, procederá normalmente do Governo, ouvida a Câmara Corporativa, e desencadeará sempre a actividade de numerosos grupos de pressão.

A nossa missão acabará, aberto o processo e discutida a matéria, em puro assentimento ou não assentimento.

Dizer «sim» ou «não» vai sendo e será cada vez mais, por toda a parte, a função das assembleia políticas.

Nestas circunstâncias, a actividade da Assembleia Nacional terá de sofrer uma deslocação do seu eixo, acabando por fazer a crítica da Administração, dos seus p rogramas económicos e financeiros, da sua execução, no debate das Contas Públicas.

Talvez seja então mais oportuno e mais válido o seu contributo para reformar ou rectificar métodos e rumos da mesma Administração.

Tudo dependerá da seriedade dessa crítica e, claro está, da atenção do Governo.

Se este se julgar portador da verdade, teremos de esperar que suba até junto dele o clamor geral e, entretanto, orar pela conversão dos governantes separados do seu povo.

Ensaiei uma breve justificação deste passo da minha intervenção nas Contas, recitando os princípios que ainda não encontro bem documentados na acção.

Ensinam os entendidos, e a gente está a ver que assim é, que «os grandes Estados modernos, socialistas ou não, surgem como gigantescas unidades político-económicas com fins próprios a alcançar muito distintos do bem comum e da liberdade dos cidadãos».

Bastará analisar os capítulos da economia e das obras públicas, os seus métodos e os seus proc esses habituais de trabalho, para verificar aonde normalmente conduz a orientação dos respectivos serviços.

Os municípios estão quase transformados em repartições do Ministério das Obras Públicas, que dispõe da verba, planeja, estuda e decide, no Terreiro do Paço, através das várias repartições e comissões, da fonte de mergulho, do caminho vicinal, do esgoto, da escola e de implantação do cemitério.

Cada serviço promove e realiza o seu programa e são frequentes as multiplicações de tarefas, com prejuízo de tempo e de dinheiro.

Trata-se, na Lei de Meios, com particular atenção, do chamado bem-estar rural, mas no tratamento definitivo desta materia intervêm departamentos, surgem actividades concorrentes, que tornam a acção do Governo cara, descosida e pouco eficiente.

As aldeias de Trás-os-Montes estão sendo objecto de atenção carinhosa da parte dos departamentos das Obras Públicas, das Corporações e da Economia, pela Junta de Colonização Interna.

Mas a falta de conjugação de esforços, a estranha independência dos serviços, a, mais que precária, inexistente autoridade do município para regular ao nível do concelho toda esta acção, fazem com que a defesa sanitária, económica e social daquelas populações continue a ser lenta e insuficiente ou nula.

Já não só por falta de verba, mas por falta de organização, as coisas correm mal.

A política da obra pela obra, do melhoramento pelo melhoramento, sem um estudo de conjunto das mais urgentes necessidades locais, faz com que acabem por sobrar hospitais e nos falte assistência hospitalar, nos chegue a electricidade e os telefones e faltem os consumidores. Muitas obras se fazem sem conhecer a vontade e a conveniência dos aglomerados servidos, e sem delas retirar o rendimento colectivo que poderiam alcançar.

Sem a indispensável colaboração da comunidade, a obra tem o selo do serviço, o gosto do funcionário e o desinteresse da população.

Não são estes os processos aconselháveis de trabalhar, se queremos efectivamente restaurar a autoridade social e valorizar as comunidades naturais, organizar a região, considerando aquele empirismo político de que vínhamos falando.

Cada aldeia, como cada município, como cada cidade, como cada região, tem de ser considerada como uma unidade sujeita a tratamento de conjunto humano, económico, social e político, para se tirar proveito da acção governativa, refazendo assim as raízes naturais onde se guardam as reservas ocultas da lusitanidade.

Compreendo o Ministério das Obras Públicas a cuidar da ponte sobre o Tejo, a abrir as portas à navegação do Douro ou a irrigar o Alentejo, mas não o entendo a decidir sobre a sorte das fontes de mergulho da minha aldeia.

Compreendo o Ministério da Economia a cuidar dos grandes problemas da agricultura e indústria, a debruçar-se generosamente sobre o desenvolvimento regional das terras do intenor, impulsionando, acompanhando todas as manifestações de organização válida da produção, escolhendo os meios próprios de conceder os incentivos convenientes.

Há pouco mais de dois meses visitava o Sr. Ministro a Cooperativa do Vale do Sorraia e aconselhava a lápida instalação da secção leiteira.

Ofereceu à lavoura, através do Plano, de Fomento Pecuário, os meios necessários para a instalação dos efectivos leiteiros.

Pois a lavoura, que ali se mostra particularmente interessada nas obras de regadio, na organização cooperativa e na reconversão agrária, já se inscreveu para receber muitas centenas de vacas, correspondendo prontamente, pelo seu lado, ao esforço que lhe foi solicitado. Vamos agora ver o tempo que os serviços levam para entregar as vacas.

Estudados os problemas, colocados frontalmente aos interessados, assegurados os meios necessários, os lavra-