sabor a sal, de tantos lágrimas vertidas pela gente da ribeira - mais umas tantas viúvas e alguns órfãos irão chorar este versículo do martirológio daquela cidade marinheira.

Da maneira como decorreram e se frustram as operações de salvamento, verificou-se que o apetrechamento de socorros marítimos se revelou insuficiente, devendo o Governo remediar com decisão e energia esta falta há muito sentida Também os bombeiros de Viana do Castelo, que tão abnegadamente se comportaram, carecem de material à altura das responsabilidades de uma corporação que, não raras vezes, tem de intervir em acidentes no mar.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - É a oportunidade, neste rescaldo da tragédia e com uma cidade inteira de luto, de anelar para o Sr Ministro do Interior no sentido de, semi perdas de tempo, que podem vir a custar mais vidas, dotas corporações de bombeiros de Viana do Castelo dos meios indispensáveis a uma acção eficiente.

Sabemos que _ se encontra em estudo, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, todo o problema da barra de Viana do Castelo, problema número um da cidade, que há tantos anos é trazido a esta Assembleia por ilustres Deputados vianenses. Este estudo é, sem dúvida, elemento essencial para qualquer intervenção séria e definitiva do sector das obras públicas na barra e no porto, que sabemos merecer a melhor atenção do Ministro Arantes e Oliveira, para quem apelamos também neste momento de dor.

Estas palavras nada mais pretendem, Sr Presidente, do que ser a expressão do luto que avassala a cidade cabeça do meu distrito. Mas pretendem também que seja feita qualquer coisa de útil e de valido. Há oito famílias que ficaram sem chefe, há viúvas e órfãos, há porventura privações e carências de varia ordem. Por isso, lembro ao Sr. Ministro da Saúde e Assistência o imperativo de mandar socorrer aquela gente, designadamente através de actuação imediata do Instituto de Assistência à Família Apelo também para a Junta Central das Casas dos Pescadores, a cujos destinos preside o nosso querido colega almirante Tenreiro, para que averigúe da situação em que ficaram aquelas famílias e lhes preste assistência Supomos que as vítimas não estarão propriamente abrangidas pela previdência dos pescadores, mas trata-se de gente do mar, em qualquer caso, e, quando as alturas surgem, não importa saber quem se deve ajudai, importa, sim, ajudar]mesmo, a tempo e horas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - As vidas dos que morreram já não está na mão dos homens refazê-las. Mas pode estar na mão dos homens fazer alguma coisa para minorar o sofrimento dos que ficaram. Assim esperamos que aconteça nesta caso.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr José Manuel Pires: - Sr Presidente A minha afectividade de romântico impenitente sentiu-se profundamente tocada pela sinceridade espontânea com V. Ex.ª quis associar-se e associar esta Câmara à profunda dos Deputados por Moçambique em virtude tragédia que enlutou as populações portuguesíssimas distrito de Cabo Delgado

A Natureza inclemente parece ter conjugado todos os esforços para enlutar a vida calma e sossegada daquelas populações, que, com o suor do seu rosto, fizeram com que aquela parte de Moçambique se transformasse num rincão de vida sadia e produtiva para enriquecimento dessa província.

Creio que o Governo da província terá tomado a esta hora medidas sadias para resolver todos os problemas angustiosos dessas populações sem lar. E tenho a certeza de que, num movimento de perfeita solidariedade nacional, o Governo da Nação envidará todos os seus esforços para que aquele distrito, tão maltratado pelas forças inclementes da Natureza, volte à sua vida de perfeita normalidade

Muito obrigado, pois, Sr Presidente, em meu nome e no de todos os meus colegas Deputados por Moçambique, por querer V. Ex.ª associar esta Câmara ao luto da população de Cabo Delgado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Só assim se compreende que a Nação una e indivisível sinta agudamente todos os seus problemas, sejam da Timor, Algarve, Cabo Verde ou de qualquer parte do território nacional.

Nós temos, na verdade, como ninguém, o estranho dom das lágrimas, como disse o crítico Moniz Barreto, capazes de sentir, como ninguém, todas as dores alheias e de lhes prestar o nosso contributo sempre que seja preciso

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado

certas infra-estruturas próprias para a implantação de novos núcleos de desenvolvimento económico.

Pode, assim, antever-se, como muito bem salientou o ilustre Ministro, o progressivo crescimento económico por integração e harmonização das actividades e interesses no conjunto do espaço português e como corolário a redução acentuada das actuais assimetrias espaciais, mal antigo responsável por desníveis, mais ou menos gritantes, das condições de existência das populações que habitam os territórios de aquém e de além-mar

Este aspecto é de especial relevo nas zonas rurais, especialmente naquelas onde a mesologia e características deficientes das infra-estruturas tornam mais aleatória a cultura da terra, diminuindo, por forma dignificante, a rentabilidade das explorações. Por isso, as palavras de fé e de esperança nos destinos das populações que cultivam