Assim, penso que talvez não pudesse estar concluída antes de cinco anos, justamente no termo do período previsto numa das teses apontadas pelo Eng º Pedro Nunes no seu parecer.

Para isto seria necessário que se começasse a trabalhar imediatamente. Mas nada de definitivo, que saiba eu existe ainda acerca do assunto

O que existe de concreto, e a este respeito conheço a opinião de pessoas responsáveis, é o receio de que entretanto, se façam mais aproveitamentos no curso do rio Umbelúzi a montante da nossa fronteira, o que destruiria completamente o plano constante do parecer elaborado pelo Eng º Pedro Nunes, com as consequências que é fácil de prever para uma cidade inteira, como é Lourenço Marques, a progressiva e esperançosa cidade de Lourenço Marques, que um dia pode encontrar-se perante o gravíssimo problema de ficarem completamente secas as condutas que alimentam os seus tanques de abastecimento de água. E não só a cidade como os próprios concelhos de Lourenço Marques e da Matola, com o grande núcleo populacional da Matola-Rio e os núcleos industriais do Língamo e da Machava, que são abastecidos de água pela mesma rede de distribuição.

Não posso deixar de registar aqui uma palavra de preocupação perante o descuido que parece ter havido à volta de assunto que se reveste de tanta importância. Não censuro o serviço de abastecimento de água à cidade. Penso que não lhe compete a construção da barragem do Umbelúzi, por se tratar de uma obra que seria também destinada a rega. E esta função compete, sem dúvida, ao Estado, e não a um município.

Sr Presidente: Referi-me com certa insistência a aproveitamentos hidráulicos nos rios Incomati e Umbelúzi.

Mas a verdade é que existem outros estudos sobre aproveitamentos hidráulicos do mesmo Incoman e também do rio Sabié, o qual, sendo tributário daquele, não deve ser considerado separadamente, até pela incidência que os seus caudais de cheia exercem nas tenras marginais do curso do Baixo Incomati. Quero aludir aos esquemas estudados pelo Eng.º Carlos de Ataídes, da brigada técnica hidroagrícola e da Comissão dos Rios Internacionais de Moçambique. Têm tanto interesses esses estudos, e tenta oportunidade também, que não preso deixar de os apreciar aqui, dando-lhes mesmo uma posição de certo destaque.

Vou referir-me, em rápida síntese, a esses esquemas, que são os seguintes:

Esquema da ribeira do Mjon

Esquema da Moamba, e

Esquema da Corumana

Os dois primeiros são aproveitamentos do Incomati, o terceiro é aproveitamento do Sabié e corresponde à barragem deste rio na portela da serra da Corumana

O Sr Burity da Silva: - V Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor!

O Sr. Burity da Silva: - Tenho em meu poder cópia do plano do Sr. Eng.º Ataíde a que V. Exa. se refere e, por isso, conheço o seu esquema. É, pois, com o maior prazer que faço coro com os pontos de vista que V. Exa. expõe.

O Orador: - Muito obrigado!

Há duas soluções para a criação da albufeira da ribeira do Major. Uma, com maior armazenamento de água, mas cujo açude de derivação provocaria a inundação da actual estação do caminho de ferro em Ressano Garcia e de uma pequena área do território vizinho do Transval outra, com açude de menores proporções, que evitaria estes inconveniente.

Esta albufeira seria cnada por meio de barragem a construir numa garganta da ribeira do Major situada perto da sua foz, ou seja, da sua confluência com o rio Incomati, e seria alimentada por um canal com cerca de 17 km de comprimento, que partiria de um açude de derivação a implantar naquele no um pouco a jusante de Ressano Garcia

No caso da primeira solução, a albufeira teria um embalse de 170 milhões de metros cúbicos de capacidade, a sua produção anual de energia eléctrica seria da ordem dos 8 milhões de kilowatts-hora e proporcionaria a rega de uma mancha agrícola com a área de 12 500 ha

Na segunda solução, a capacidade da albufeira seria de 47 milhões de metros cúbicos de água, a produção anual de energia eléctrica andaria à roda dos 4,5 milhões de kilowatts-hora e o regadio cobriria uma área de 4000 ha

Vem a seguir o esquema da Moamba, que tem a particularidade interessante de poder alimentar com a água da sua própria albufeira a albufeira da ribeira do Major, por meio de um canal de pequeno comprimento, evitando assim o canal de 17 km e o açude a jusante de Ressano Garcia.

Estas duas albufeiras fitariam situadas em posição paralela.

Neste esquema, o no Incomati seria barrada nas proximidades da Moamba junto à propriedade que pertenceu ao antigo agricultor Dr. Pina Cabral. Esta barragem teria a altura de 28 m acima do leito do rio e o comprimento máximo na sua custa de 2300 m. A produção anual de energia eléctrica seria da ordem dos 70 milhões de kilowatts-hora.

Dada a possibilidade de interdependência dos esquemas da Moamba e da ribeira do Major, seria aconselhável considerar-se a construção simultânea destes dois esquemas, optando-se, neste caso, pela segunda solução proposta para o aproveitamento da ribeira do Major (o mais económico e de mais fácil realização), visto haver assim possibilidade, como já disse, de alimentar esta albufeira com água proveniente da albufeira criada pela barragem da Moamba

No esquema da Moamba, as terras irrigadas, seriam as mesmas em área e localização das previstas na primeira solução proposta no esquema da ribeira do Major.

Teríamos, porém, neste caso, além da mesma área de regadio sem os inconvenientes de inundação da estação de Ressano Garcia e de parte do território vizinho do Transval, uma maior reserva de água, uma maior pro-