que teve como consequência, embora tardia, o Decreto n.º 44 623, cuja publicação merece os maiores louvores.

Abriram-se assim novos caminhos ao tão salutar e útil desporto em Portugal, efectivando-se as aspirações legítimas daqueles que a ele se dedicam e nele buscam não só merecido recreio, como o refúgio necessário das constantes preocupações e canseiras da vida trepidante dos nossos tempos.

O homem, desde o princípio da sua existência, teve necessidade de pescar para viver, essa necessidade o acompanha ainda hoje e é obrigado a recorrer a largas técnicas e grandes investimentos de capitais para assim ajudar à sua subsistência. Não é, no entanto, da pesca profissional que desejo falar, mas da pesca desportiva, que, como disse, tem cada vez mais, dado o acelerado da vida moderna, papel preponderante para muitos que ali procuram refúgio e retempero para as suas energias no contacto com as belezas do Criador.

A suavidade do esforço físico, apesar de uma ginástica completa e perfeita a que se é obrigado, faz com que a pesca desportiva revigore não só o espírito, mas também o corpo. São, pois, grande legião os que buscam os seus benefícios e os seus prazeres.

Urge, portanto, que, sem mais delongas, sejam tomadas medidas que protejam os nossos rios - esqueço por agora a pesca marítima -, para que dentro em breve se não verifique o total despovoamento dos mesmos, ameaça que se agravou com a prolongada estiagem com que, no corrente ano, fomos infelizmente brindados.

Mas há que encarar também a pesca desportiva como elemento predominante do turismo nacional.

O Sr. Deputado Dr. Nunes Barata nas conclusões do seu magnífico aviso prévio sobre o turismo advogou a necessidade de «desenvolver as relações entre o desporto e o turismo, não só através da realização de competições de grande cartaz, como prodigalizando aos turistas facilidades para a prática de desportos ou tirando partido das possibilidades naturais», sobretudo do aproveitamento dessas possibilidades, direi eu.

Em conversa há tempos tida com o ilustre secretário nacional da Informação e Turismo sobre problemas turísticos que interessam à minha região, o Dr. César Morena Baptista apontou, e muito bem, como uma das condições de boa rentabilidade dos investimentos hoteleiros do Norte do País, onde, como é sabido, o Inverno é mais prolongado, a criação de reservas de caça e pesca.

Não há dúvida de que o Norte do País, e nomeadamente a província do Minho, reúne todas as condições para o desenvolvimento da pesca desportiva. Não me refiro à caça, porque esta espera medidas legislativas que a protejam e regulamentem, e já demoram. Esperemos que o Governo o faça quanto antes, tendo em conta o projecto de lei do Sr. Deputado Dr. Águedo de Oliveira, isto porque não creio que o mesmo possa ser discutido na presente sessão legislativa e o problema não se compadece com demoras. Seja como for, fica o País e os amantes da arte de Diana devend o ao Sr. Deputado Dr. Águedo de Oliveira o alto serviço de chamar a atenção, com o brilho que lhe é usual, para tal riqueza, tanto ou mais importante do que a da pesca.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - As belezas naturais da paisagem nortenha - tão parecida com a da nossa bela e feiticeira ilha da Madeira, que tive agora ocasião de visitar -, em contrastes permanentes nos cumes das suas serras, das suas encostas e dos seus vales, tudo cheio de cor e de uma verdura repousante, bem merecem carinho neste como noutro aspecto.

Não há vale que não seja cortado por uma linha de água e linha de água que não seja povoada por essa admirável truta, que é o encanto do pescador desportivo e também, porque não dizê-lo, do apreciador da boa mesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Com elas os frades de Tibães e Alcobaça obsequiavam os reis Alcobaça, belo monumento que é nosso orgulho, Tibães, uma vergonha, dado o estado de abandono a que foi votado o grande mosteiro que for a casa-mãe dos beneditinos em Portugal.

Vozes: - Muito bem!

sul e, por isso, em melhores condições de pesca logo no início da temporada. Sem dúvida que, uma vez posto em prática vigorosamente o regulamento da pesca que o decreto do Governo instituiu, o problema sei á resolvido.

Estes resultados, porém, levarão, necessàriamente, alguns anos e verificarem-se. Há, no entanto, no referido regulamento modo previsto e decisivo de abreviar os fins em vista, através das concessões de pesca. Prevê o regulamento que essas concessões possam ser dadas aos clubes de pesca desportiva.

O Clube de Braga, agremiação que abrange e representa os pescadores de toda a regulo, atento a tudo o que interesse ao fomento desportivo e turístico da província - tem também uma secção de campismo -, ofereceu já a sua desinteressada colaboração ao Estado, que, manda a verdade dizer, através das suas repartições, tem acompanhado com simpatia a acção que o Clube tem desenvolvido e pretende desenvolver em maior escala.

Nos termos da lei, o Clube requereu cinco concessões de pesca coma início desta campanha, duas em albufeiras e três em ribeiros. Foram estudados carinhosamente os locais de modo a garanta o sucesso e, depois de maduras reflexões, foram assentes as seguintes.

Na albufeira da Caniçada, rio Cávado, junto aos ribeiros do Gerês e do Rio Caldo, em Terras de Bouro, esperando-se que, pela beleza do lugar, de alto valor turístico, venha a atrair grande número de pescadores e de campistas. Contribuirá para o desenvolvimento da região geresiana, agora em vésperas de, embora a título precário, ver aberta a sua fronteira com a Galiza, pelo que daqui se dirigem