de plutocratas, nem os oligarcas dos grandes negócios são banqueiros senão por acréscimo.

Também na altura em que se sucediam os depoimentos dos banqueiros, o Prof. Daniel Barbosa, com a sua penetrantíssima vivacidade, proferiu uma conferência sobre as grandezas e misérias do dinheiro, fartamente aplaudida em Guimarães

E preconizou, em certa, altura, que ele deixasse de ser um fim para ser apenas um meio.

Os professores de Direito Público esclarecem a questão de modo diferente, ainda que, no fundo, se possam ajustar as duas ideias

A ordem jurídica liberal tentou estabelecer uma hierarquia do mérito e do esforço, independente não só do nascimento, mas também da riqueza.

Porém, o poder do dinheiro manifestou-se em crescimento contínuo e não tem sido fácil eliminar os seus aspectos fundamentais de instrumento político-social.

Porque ele, além de dar satisfação, pode ser, e é, um meio de poder.

As concentrações, o sistema de administração financeira, as alianças e afilhamentos, criaram aqui uma potência nova e uma pressão que não podem ser desconhecidas e contra elas se levantam as reservas da teologia e da literatura.

Contra esse poder e essa força as leis estabeleceram limitações.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tenho visto suscitar as maiores resistências, alguns aspectos agudos das leis, de incompatibilidades, as proibições, as inacumulações e a limitação de ganhos como se fossem gerais noções de censura, ou condenações à inferioridade, mal reconhecendo o talento onde ele sobrenada e parece claro.

Sem invocar as doutrinas de prémio de seguro e de pára-raios, tão do agrado do antigo regime, há-de notar-se que, ao reconhecer a importância do crédito e a relevância dos seus quadros, o Estado não veio responder a um libelo, atenuar uma crítica, mas rodear uma posição com cautelas e limites, sobretudo quanto aos seus delegados, que lhe asseguram independência, e equipará-la às suas posições mais altas.

Estas considerações são apenas jurídicas e parece demasia de sensibilidade não compreender que o Estado e o público carecem de ser defendidos contra maquinaria tão poderosa.

Não devemos esquecer o órgão superior que coordena o crédito.

Houve em tempos um Conselho Bancário, depois um Conselho de Crédito Nacional, e existe agora, na esteira do direito francês, o Conselho Nacional de Crédito.

O de Paris dispõe de numerosos membros e parece sumamente representativo

Contém representantes dos utentes do crédito, das forças activas, dos ministérios e do Plano Francês e dos estabelecimentos e serviços.

Trata-se de uma construção racional, inspirada em largas preocupações de ordem política.

A par deste funciona uma comissão de controle bancário.

O nosso Conselho foi chamado nacional.

Devia, pois - acho eu - exceder o perímetro corporativo e burocrático.

O crédito interessa mais largamente do que ao sector restrito donde pode ser manobrado, interessa a todos.

Encontro duas correntes de opinião nos depoimentos de responsabilidade.

Quanto à teoria global e às técnicas mais acreditadas do crédito e da banca, duas correntes de opinião caracterizáveis se surpreenderam nos depoimentos dos banqueiros.

Invoca-se uma disciplina firme, concebe-se uma concorrência cavalheiresca, combatem-se os métodos revulsivos em nome dos interesses que lhes estão confiados e que cumpre zelar de forma moderada e preservar de tensões prejudiciais.

Abre-se caminho à circunspecção, ao cuidado, e poupa-se dos caprichos e reveses da má fortuna que continuadamente espreita.

Certas exigências demasiadas e certas inovações bruscas, certos riscos pronunciados, não podem aconselhá-los os banqueiros desta primeira corrente e menos ainda tomá-los para si, tendo de escolher entre tantas pretensões que lhes são postas.

A segunda corrente de opinião - parece-me muito outra. Se os negócios bancários são aleatórios e tomadores de riscos, então perfilhem-se estes corajosamente e de forma desembaraçada, porque hesitação revela desconhecimento. Para montar novos negócios, melhorar os decaídos, descobrir recentes métodos de actividade eficiente para atrair uma poupança enfronhada, a banca tem de balançar e arcar cada vez com maiores riscos e erguer-se à altura das graves responsabilidades.

Não pode entibiar-se nem dobrar-se sobre si mesma.

O seu potencial de compra é um poder represado, prestes à dilatação, à reprodutividade e ao êxito.

Claro que estabelecer precauções e reclamar salvaguardas pertence ao métier, mas para além disso há que auxiliar e financiar resolutamente os devedores à procura do crescimento geral.

Não se põe de banda uma política selectiva, um controlo, nem deixam de chamar-se pelas naturais garantias de idoneidade, mas para despertar os capitalistas, para preparar o amanhã, para regular os grandes como os pequenos negócios, faz-se profissão de denodo, de intrepidez, porque o dinheiro pronto é como um corcel de batalha.

Financiamentos, taxas, operações não defesas, elementos de cobertura, surgem como instrumentos de luta, de suplantação e de triunfo.

A novos critérios hão-de fatalmente corresponder margens novas, técnicas novas, resultados novos.

Em suma, na função social da banca, na definição dos seus objectivos, na tomada de riscos, no planeamento de operações, duas atitudes não conformes se surpreendem na mesma banca - os moderados que encaram e pesam todos os riscos, e os desafrontados para quem o cresci-