mento industrial e a mecanização agrícola obtêm indiscutíveis primazias.

Embora estas duas orientações sejam puramente tácticas e graduações criteriosas de acção administrativa, elas não acentuam uma teoria monetária nem revelam (...) económicas, para demais consequências.

A prudência não pode evitar a coragem das grane ás desilusões, nem libertar da tomada de riscos inerentes ao comportamento de certos sectores e ramos de negócio.

Mas a ousadia, ai dela se estiver sozinha e não compreender que para resultar carece de aliar-se com outras virtudes.

Chego agora a um ponto culminante, a identidade da nota de banco e do cheque.

Desde o tempo de Irving Fisher que o sistema monetário engloba a moeda legal e a moeda escritural para o efeito do estabelecimento das equações de troca, em geral.

Foi durante a última guerra que esta doutrina, através de um trabalho célebre de Hartley Withers, se difundiu e derrubou o ensino clássico, professado nas Universidades francesas, entre outras.

Portanto, a teoria monetária associa a moeda metálica ao papel moeda e aos cheques para assim chegar a noção completa de meios de pagamento.

Tenho a opinião, nesta ordem de ideias, de que não se devem reduzir as estatísticas oficiais aos depósitos à ordem, como fazem.

O caso surge tanto mais flagrante quanto é certo os depósitos a prazo, mínimos, antes de 1950, irem agora a caminho de 15 milhões.

Também, no ponto de vista da teoria monetária, tal critério de notação parece induzir a separações escusadas, tal como a distinção entre meios mediatos e imediatos.

E certamente por se partir de preceitos talvez dinâmicos, mas fluídicos, que as nossas estatísticas bancárias financeiras e genéricas, em matéria tão relevante como é a dos depósitos, apresentam diferenças de números de certo vulto, ao passo que as relativas a circulação monetária serão exactíssimas.

Assim se aponta a seguinte evolução

Temos de prestar um esclarecimento a estas estatísticas.

O Doutor Manuel Rodrigues - esse homem de Estado de raro engenho e mais que brilhante condiscípulo - em 1945, escreveu sobre correcções devidas na leitura e apreciação da estatística de depósitos.

1.º Era preciso evitar duplicações e eliminar as dos totais os depósitos dos próprios bancos em outros estabelecimentos. (A rubrica «Bancos e banqueiros», em 1963, atingia no final do ano 5 689 000 contos que deveriam deduzir-se)

2.º Era preciso subtrair ainda as margens não utilizadas de descontos e empréstimos que, uma vez levantados, permanecerem nos bancos originários ou buscaram outro abrigo.

E agora acrescento eu a estatística financeira costuma deduzir ainda os depósitos obrigatórios do Tesouro e da Junta do Crédito Público, por não contarem como riqueza acrescida.

Guardadas estas observações iniciais, remontemos às fontes, onde se forma e adquire consistência a poupança canalizável como água de rega, capaz de beneficiar o terreno e as culturas.

Quais os factores que afectam a constituição de depósitos?

Segundo relatórios recentes de alguns bancos mundiais, como os centrais da Nova Zelândia e África do Sul, em primeiro lugar, os juros pagos aos depositantes, que pela sua altura atraem ou deixam indiferentes os capitalistas.

Também a formação de depósitos contrai em face de situações financeiras difíceis ou desequilibradas pelas quais passa o respectivo pais e, portanto, as situações globais explicam também o que se passa.

Existe uma relação de mais difícil análise mas efectiva entre a remessa de dinheiro para depósito bancário e os moviment os cíclicos, e mais ainda se mostra ténue a relação daquele com as demais taxas de operações.

Mas não restam dúvidas de que a promessa de elevadas taxas suscita depósitos e opera a transferência rápida do depósito à vista para o depósito a prazo, quando a deste sobe.

Entre nós, examinados os anos que passam, não se pode afirmar que o aumento de depósitos se deva à expansão de meios monetários, senão relativamente, ou a uma contracção no poder de consumo e na capacidade de despender, em geral.

O notável relatório da Caixa Geral de Depósitos, de 1953, filiava-o.

Em saldos positivos da balança de pagamentos,

No apoio financeiro do crédito e moeda, vistos estes como um mecanismo regulador

Porém, em 1963, o relatório da O C D E , sem contrariar o afirmado, mostrava que, a despeito de uma balança de pagamentos saldada com menor saldo dos demais anos, a massa monetária crescera (11,4 por cento) e os depósitos a prazo subiram bastante (24,2 por cento).

Ora bem.

Estas e outras verificações e as estatísticas monetárias e do crédito, após 1890, contrariam a teoria de Fisher e de Hartley, que pretenderam descortinar uma relação constante entre a moeda em circulação e os depósitos.

Ela não se tem verificado.

Como se disse, encontram-se variações cíclicas, reacções as conjunturas e pânicos, entesouramentos anormais e desencaixes de origem psicológica.

As regras que dominam as entregas dominam os levantamentos.

O americano James Angell mostra que moeda e depósitos acompanham as oscilações da actividade geral, segundo diferentes factores ou à voz de uma política de crédito.

E isso que se pode achar também no relatório mencionado de 1953.

Por isso, aquelas observações do nosso famoso estabelecimento de economia oficial têm de ser entendidas com largueza, pois são vastas as camadas que depositam, quer obrigatória, quer voluntariamente.

Foi o já citado Hartley Withers que democratizou uma fórmula significativa de que os empréstimos criam depósitos.

Empréstimos criam depósitos!

Quem empresta atrai depositantes.