Até que ponto as cifras estatísticas correspondem ao crescimento normal ou prolongam os efeitos de uma crise ou atestam dificuldades no conjunto?

Só alguns banqueiros poderão responder concretamente a isto.

Mas parece não haver dúvida de que as altas mostradas atrás documentam inflação comercial e incremento da construção civil, com a sua fatal ampliação do comércio nos fornecedores.

Já é mais difícil encontrar o rasto das compras de automóveis e do endividamento agrícola.

O crédito ao consumidor e as vendas a prestações, que o grande Edwm Sehgman estudou exaustavam 1927, também pesam e empolam a vida comercial.

Foi dito numa reunião de profissionais que para 161 habitantes existia uma mercearia naturalmente provida.

São segredos, do desconto e indesmentida inflação comercial.

A inflação, como o Proteu da fábula, está nos homens, nas coisas e nos serviços.

Se um bem de consumo de comércio usual passa artigo de luxo, não falta termos máximo da solidez.

Os problemas agrícolas têm sido ventilados nesta Câmara com constância, elevação e por forma verdadeiramente representativa.

A parte genéricas referências dos banqueiros, dois depoimentos merecem ser recolhidos e projectados - um da banca da especialidade lisboeta e outro de um velho banco do Porto.

A crise da agricultura foi apresentada gravíssima, como traduzindo penúria relativa e manifestando-se no duplo aspecto estrutural e conjuntural.

Registam-se as tendências insofismáveis para a alta dos salários a par da contenção dos preços.

Compram-se menos os prédios rústicos e (...) os valores das terras, mas, em sentido contrário, compram-se mais prédios urbanos e, sobretudo, andares em propriedade horizontal.

Esta procura de casa própria, de habitação própria reveste-se realmente de significado social.

Mas a crise reclama mobilizações de meios que as estruturas actuais dificilmente comportam.

Estes testemunhos são nítidos e corajosos e naturalmente incompletos.

Mas ó esplêndido relatório do Banco de Portugal aponta as hipotecas sobre prédios rústicos e sobre prédios mistos em manifesto crescimento e mostra ainda como estão a subir as vendas dos mesmos prédios.

Portanto é pena que não se consiga obter maior soma de precisões sobre o fenómeno de endividamento da lavoura e que não possa ser registada por forma mais segura tanto a baixa de valores prediais como as dificuldades de transaccionar a propriedade agrícola, os quais fornecem indicadores mais que fotográficos do mal-estar e da deserção dos campos.

Pelos relatórios da O C D E sabe-se também que é mais do que importante o êxodo legal e clandestino de trabalhadores do campo para a França, Alemanha, Holanda, a acrescentar às dezenas de milhares de jovens mobilizados e em serviço de defesa nas longínquas Gume, Angola e Moçambique, que vão escrevendo nova epopeia de Os Lusíadas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Muitos daqueles portugueses expatriam-se clandestinamente e deixam na mão de traficantes 10 a 12 contos.

Apressadamente são vendidos a desbarato lotes de terra e contraídas dívidas.

São grandes as remessas enviadas depois pelos emigrantes?

Serão maiores as poupanças forçadas dos mobilizados no ultramar?

As opiniões dividem-se, mas é certo que, em terras fronteiriças, o movimento de câmbios se torna amplo e rendoso.

A balança de pagamentos metropolitana regista aumentos de invisíveis, de transferências privadas e de operações de capital de carácter pessoal.

Tanto os relatórios do Banco de Portugal como da O C D E atestam que o acréscimo de invisíveis permite compensar novos desequilíbrios na balança comercial.

Sabendo o bastante, fica-se em todo o caso distante de pormenores e de precisões, sempre indispensáveis.

Não há completo conhecimento sobre as remessas de emigrantes, o movimento cambial provocado e a oferta e procura forçada de pequenos lotes de terra, e, sobretudo, relativamente às vendas maciças e endividamento da lavoura média e do Sul.

Depois do crédito agrícola, o crédito industrial-

O crédito industrial depende de programações viáveis de obrigações e depósitos a prazo, de fundos consideráveis frescos e renováveis e de participações do capital.

O crédito industrial italiano revelou excelências na distribuição regional e nas construções fabris mais diversas distribuídas com acerto, segundo as aptidões do solo e da mão-de-obra.

Foram mostradas nos depoimentos as altas taxas de crescimento das nossas indústrias e o desenvolvimento exuberante de alguns compartimentos.

Foi elogiada a acção pletórica e o domínio pleno dos negócios fabris como fonte primordial de riqueza.

Reclama-se o aumento de dimensão de trabalho da parte da banca.

Mas como?

Servindo apenas alguns ou descontentando muitos?

Por que artes mágicas, além de chamar capitais, obter depósitos e créditos no estrangeiro, se fará de três trinta?

Como atender sem medida emissões de acções, obrigações, participações e meios renovadores?

Como atender todas as iniciativas, projectos e esquemas individuais?