Os atentados, os levantes, as guerrilhas, as guerras civis as infiltrações armadas, as manobras de exploração das diferenças raciais, os movimentos de estudantes, as técnicas subversivas, os surtos terroristas que flagelam esta parte do Mundo cobiçada pela expansão vermelha, não passam, na sua quase totalidade, de manifestações de fundo comunista.

Apesar disso, há quem teime em acreditar nas virtudes da coexistência pacífica e julgue suster democraticamente o avanço do inimigo mortal, esperando vezes sem conto que ele troque os actos de guerra por compromissos de paz.

Sempre que no mundo livre há eleições para lugares políticos, o comunismo intervém e maneja o voto como pode.

Não obstante, existem países que guerrearam o nazismo e o fascismo e que não podem ouvir falar em regimes totalitários, e admitem, dentro das suas fronteiras, como partido político, o Partido Comunista.

O Sr. Rocha Cardoso: - Muito bem!

O Orador: - O comunismo é materialista e ateu. Persegue a Igreja.

Mas está aparecendo e crescendo uma espécie de católicos que se aproxima dos comunistas e lhes pede audiência em forma de diálogo.

Daí o ter-se dito já, com insuspeita, oportuna e absoluta propriedade, que «da tentação das esquerdas nasceu o católico progressista, um peixinho vermelho a espadanar numa pia de água benta».

Para onde vamos com estas contradições e desacertos?

Quando se é anticomunista, não há transigência que se recomende?

Quando realmente não se quer o comunismo, não há meias palavras, mas palavras inteiras, não há jogo dúbio, mas jogo firme, não há transacção, não há diálogo - não há o talvez, o vamos a ver.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Alguém descobriu já o processo de fazer ouvir os que se mostram surdos por deliberação irremovível?

Quando existe a resolução inabalável de não tolerar o comunismo, procede-se como está procedendo o Governo e o povo deste Portugal valoroso, que se lhe opõe com as armas na mão, morrendo e vencendo, e esse, sim, ó exemplo que pode ser invocado como alta prova de sacrifício na defesa de um ideal que a humanidade e a justiça a todo o tempo louvarão.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Assim, conseguimos, honrando o tempo e a razão, abrir os olhos da consciência àqueles que, dizendo-se nossos amigos, principiaram por não nos compreender e agora chegaram ao ponto de declarar que não podiam conservar-se indefinidamente na posição de suportar sem resposta os ataques dos comunistas e até se dispõem a ir mais longe, com a réplica que já estão dando, prosseguindo com ela até às próprias regiões onde o inimigo se junta e prepara para as suas razias.

Assim, conseguiremos porfiar na luta até ao trunfo final.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas não anulemos as perspectivas. Acerca dos meios psicológicos movidos contra nós, vou ler estes dois períodos, que foram pertinentemente escritos sobre e o uso que o comunismo faz da «demagogia despudorada» e da maneira como explora a «inércia e a preguiça» dos que não se lhe antepõem.

Por exemplo, não se considerava antes possível soprar ao mesmo tempo a chama de descontentamentos contraditórios. Ora, é precisamente o que o Kremlin faz todos os dias. Excitar a cidade contra o campo, porque o pão está caro, o campo contra a cidade, porque o trigo está barato de mais, o comerciante contra o funcionário, em nome da livre iniciativa, o funcionário contra o comerciante, em nome do planejamento ( ).

Pode dizer-se que o comunismo fez toda uma carreira de imposturas na esquerda, levando-a a crer que ele está do lado dos trabalhadores, do progresso, da economia nacional, da justiça social, da independência dos povos, numa palavra que defende os mesmos ideais da esquerda, quando na realidade ele é o coveiro desses ideais.

Temos todos a indeclinável obrigação de nunca esquecermos estes métodos e outros semelhantes e de nada fazer a propósito deles que não seja provar que os conhecemos a ponto de não lhes darmos tréguas.

Nem valerá para alguns, - se esses porventura existirem - abandonar o navio em que damos batalha. O mar está cheio de fauces vorazes. Não será possível atravessá-lo a nado.

A luta em que estamos não admite traições, nem sequer incompreensões.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E perdoe, Sr Presidente, perdoe este desabafo. Mas vale mais desabafar do que viver na inquietude da razão contida.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr Presidente: - Vai passar-se à

O Sr Presidente: - Continua em discussão a proposta de lei relativa ao regime jurídico dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais.

Ponho em discussão a base VI, sobre a qual há na Mesa uma proposta de alteração.

Vão ler-se.