é bastante interessante para uma província de fracos recursos como a Guiné.

Quero também agradecer a alguns Srs. Deputados, o valioso auxílio que me dispensaram na campanha para o recrutamento do pessoal para o fomento humano, que continuo a reputar como a principal obra que nos pede o ultramar.

O Sr. Sousa Meneses: - Muito bem!

O Orador: - A obra civilizador a que Portugal vem a realizar nas suas províncias de além-mar é grande, mas "mais longe iremos quando pudermos não só anunciar nos discursos ou inscrever nas leis, mas efectivar, na prática, os dois maiores direitos que, em nosso parecer, ao homem podem ser assegurados: o direito ao trabalho e o direito à instrução".

O Sr. Manuel João Correia: -Muito bem!

O Orador: - Cometeria uma grande falta se não dirigisse uma palavra de agradecimento à imprensa, à rádio e à televisão pelo apoio e divulgação que deram às. minhas intervenções nesta Câmara e pelo papel altamente importante que tem desempenhado e podem continuar a desempenhar na propaganda do nosso ultramar e na mentalização da população metropolitana, de forma a criar uma corrente de interesse por tudo o que diga respeito às nossas províncias de além-mar.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Sei que o Ministério do Ultramar veria com muito agrado a reposição dos programas de divulgação ultramarina que a E. T. P. emitia semanal ou quinzenalmente e que suspendeu por razões, que desconheço.

Sem procuração dos meus colegas Deputados ultramarinos, posso, em nome de todos, afirmar que essa reposição seria de grande interesse para todos os portugueses que viveram no ultramar e constituiria um meio de prender a atenção da nossa juventude pelos assuntos relacionados com B, vida, os problemas e os atractivos da nosso ultramar.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Para finalizar, quero dirigir uma palavra de agradecimento a V. Ex.ª, Sr. Presidente, pela forma como orientou os nossos trabalhos durante a presente legislatura e pela generosidade e muita simpatia com que nos tratou.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

rectificação, não só mental, como sentimental, que ajuste as realidades da vida ao conceito de nação. E logo veremos que as ideias e juízos que brotam natural e descontraídamente do nosso cérebro estão a trair-nos, tornando evidente um estado de espírito que traduz desconfiança ou cepticismo relativamente a uma verdade que desejamos indiscutível, dogmática, porque elemento componente da trilogia sagrada que elabora a seiva imponderável que faz a unidade de um povo ou, melhor dizendo, do povo português - Deus, Pátria; e Chefe Temporal. A inversa, erro seria também, pois ninguém aceitaria que, referindo-nos a uma crise específica- da agricultura de Angola - e tantas lá tem havido -, disséssemos que estava em crise a lavoura nacional.

Ora, a lavoura nacional é muito extensa, multiforme e complexa para ter como expressão a lavoura metropolitana, apesar de esta ser mais variada e possuir melhores recursos técnicos. Esta, em verdade, está em crise, e crise bastante aguda. E será tanto maior a crise quanto mais, na prática, se desprezar a agricultura do ultramar para a solução daquela. Quanto mais se desconhecer a agricultura do ultramar, maiores dificuldades terá a metrópole para resolver e debelar a sua própria crise, se é que, sem contar com o ultramar, alguma vez a verá debelada.

Alheada, e mais do que alheada, desconfiada do ultramar, nunca a metrópole conseguirá debelar a sua crise. E, quando se falar em agricultura nacional, temos de figurar em nosso espírito a posição e concurso, para a expressão do "todo", de cada uma das parcelas territoriais que constituem a Nação. Em tais condições, como pode a metrópole resolver, só por si, a sua crise agrícola sem o concurso das outras parcelas? Não sou técnico; por isso, o que venho dizendo e estou para dizer confina-se no âmbito de sugestões aos responsáveis e interessados. E um desafio de um observador impertinente às pessoas competentes e com autoridade no assunto. Sou aqui, quer queira, quer não, um político cuidando fazer política nacional.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: -Assim, eu estimaria que todos os ilustres membros do Governo não tomassem por molestas ou acintosas as intervenções e alusões que nesta Casa se façam e que, porventura, directa ou indirectamente, afectem sectores de sua jurisdição. Nós somos, aqui, proveitosos colaboradores da administração pública, contanto que nos tomem a sério e não caia em saco roto o que aqui se diz, pois eu entendo que colaborar é fiscalizar, sugerir, avisar, informar, lembrar e, até, aconselhar. Se nos prestarem atenção, cedo se verá que sempre tem utilidade o nosso trabalho.

A louvaminha é fácil, como fácil é também queimar incenso no turíbulo da lisonja; mas não é construtivo, porque- não orienta, não esclarece, só confunde e nada diz. Quem bole na parte perfeita de uma obra?

O governo dos povos compara-se perfeitamente ao trabalho interminável da lapidagem de um diamante de tamanho incomensurável, em cujas facetas, à maneira que vão ficando talhadas e polidas, ninguém toca.