Não obstante o considerável esforço realizado nos últimos cinco lustros na recuperação e no completamento da rede de estradas nacionais, tem de reconhecer-se ser ainda muito extenso o caminho a percorrer para se levar a final essa obra, cujo interesse é escusado enaltecer. Alguns elementos podem bem confirmar esta asserção: Em 1928 dispúnhamos de uma rede de estradas nacionais que não atingia 12 000 km, em péssimo estado - apenas algumas centenas de quilómetros em condições aceitáveis e milhares praticamente inexistentes. São existiam quer organização, quer quadros técnicos;

b) A extensão das estradas nacionais é hoje de 17 000 km e o seu estado geral melhorou consideravelmente. Nisto se despenderam 4440000 contos, além dos 425000 contos de comparticipações concedidas para estradas e caminhos municipais; no entanto e em relação ao plano rodoviário, aprovado pelo decreto-Lei n.º 34 593, de 11 de Maio de 1945, falta ainda:

Construir 3 668 Km de estradas, com as respectivas pontes;

Alargar e pavimentar 4 000 km de estradas importantes;

Pavimentar 5 000 km de estradas secundárias ;

Suprimir 361 passagens de nível;

Substituir grande número de pontes antigas, deficientes em largura ou em resistência.

Este grande volume de trabalho pode estimar-se em cerca de 6 milhões de contos. Considerando que em 31 de Dezembro de 1953 o número de veículos automóveis registados no continente atingia 124 975 era de 17 741 em igual data de 1928, e partindo, de um percurso médio anual de 12 000 km por veículo, conclui-se que a circulação automóvel será presentemente da ordem dos 1 500 000 000 km anuais, na sua grande maioria sobre as estradas da rede nacional.

Por outro lado, estudos feitos sobre a economia dos transportes rodoviários conduzem, entre muitas outras, às seguintes conclusões: Em plena estrada, um pavimento medíocre acresce 50 por cento as despesas de reparação dos veículos; o agravamento sobe a 100 por cento quando o pavimento- for nitidamente mau; Num carro à velocidade de 50 km por hora o desgaste dos pneumáticos num pavimento em mau estado é mais de duas vezes aquele que haveria se estivesse em bom estado. Isto é, passarão a durar 25 000 km - média normal no nosso país - em lugar de 50 km;

c) Uma rampa excessiva, por traçado deficiente, acresce os encargos de transporte. Assim, um carro pesado de 5 t gasta mais 0,28 l de gasolina por quilómetro numa rampa de 3 por cento do que em plano e um de 30 t mais 1,10 L; num automóvel de turismo, à velocidade constante de 65 km .por hora, o consumo sobe de 2, 6 e 12,5 por cento em rampas de, respectivamente, 3, 7 e 9 por cento de inclinação. Será mais expressivo dizer que um carro de turismo cujo consumo em patamar, àquela velocidade, seja de 16 l aos 100 km gastará 241, no mesmo percurso, numa rampa de 11 por cento.

Se cotejarmos a quilometragem percorrida anualmente pelos veículos automóveis existentes com os referidos agravamentos dos encargos da sua exploração em estradas imperfeitas, fácil será ajuizar do imenso valor que para a economia nacional representa a existência de uma