Balança de comércio

(Em milhares de contos)

A origem do deficit situa-se na zona da União Europeia de Pagamentos.

Corresponde isso ao sistema tradicional das nossas coordenadas de comércio, sistema que tem sido, aliás, favorecido, e muito bem, pela persistente política do Governo no sentido de canalizar para aquela zona a nossa linha de importação, única forma de absorvermos os saldos credores excessivos que, em determinado momento, aí acumulamos.

E de registar a tendência de inversão do sinal do nosso saldo comercial com a zona não europeia - onde se situa o mercado americano.

Se a possibilidade de Baldos positivos com esta zona (que impõe liquidações era ouro) é, em grande parte, devida à bondade da nossa produção cerealífera nos últimos anos, para a formação desses saldos positivos em muito tem contribuído, também, a política de desvio das exportações para a zona dólar, seguida, com firmeza, pelo Conselho de Ministros para o Comércio Esterno, e a recuperação da indústria europeia, nomeadamente a alemã.

E de referir, com certa apreensão, a tendência de quebra da nossa exportação metropolitana.

O facto reveste-se ainda de maior gravidade quando, no exame em pormenor, se conclui que essa quebra se verifica tanto em valores como em quantidades.

O problema - a que nos referiremos nas conclusões sobre a evolução da conjuntura - impõe urgente e vigorosa acção concertada entre os serviços do fomento de exportação e o comércio. A balança comercial do ultramar com o estrangeiro apresenta características totalmente diferentes:

Balança de comércio

(Em milhares de contos)

Saldos sistemàticamente positivos em ambas as zonas e com tendência para se avolumarem na zona a "Outros" - ou seja a zona dólar.

Se considerarmos o intenso movimento de expansão que se verifica no ultramar, reconhecer-se-á como é significativa a quase estabilização em que se encontra a sua linha de importação directa do estrangeiro: como explicação do facto temos o aumento dos fornecimentos da metrópole às províncias ultramarinas.

O ultramar no equilíbrio da balança de pagamentos da zona escudo O equilíbrio da balança de pagamentos da zona escudo obtinha-se graças aos invisíveis que cobriam os deficit das balanças de comércio da metrópole com o estrangeiro e do ultramar com o estrangeiro.

No interior da zona as relações entre a metrópole e o ultramar saldavam-se sempre em favor das províncias de além-mar. Depois da guerra a situação alterou-se profundamente: o desenvolvimento dos territórios ultramarinos e o alargamento do seu poder de compra, consequência da alta dos preços dos seus produtos, determinaram um aumento considerável no volume do comércio externo do ultramar (importações + exportações) .

Mas enquanto o aumento das importações se verificou sobretudo em relação à metrópole, determinando a formação de um saldo negativo persistente após 1942, as exportações ultramarinas cresceram mais acentuadamente para o estrangeiro, anulando o déficit verificado até então e determinando a formação de excedentes, os quais só nos anos de 1950 e 1951 atingiram em conjunto l 300 000 contos. Entretanto, a metrópole mantém a sua posição devedora na balança comercial com o estrangeiro é o ultramar, que em 1934 recebia apenas 12 por cento das exportações da metrópole, vê essa percentagem aumentar posteriormente de forma bem significativa: