que se alimente da acção e viva em anseio permanente de reformas, essa ideia e esse ideal estuo lia substância do próprio Corporativismo.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Reformas da ordem social e moral, reformas da estrutura económica o política, tudo são exigências prementes do Corporativismo. De tal maneira ele vive colado a essas amplas reformas exigidas e postuladas, que, paralisar a sua marcha, ou mesmo afrouxá-la, é tirar-lhe a própria seiva que o vitaliza e cavar-lhe a sepultura a prazo mais ou menos distante.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Por isso, ao querermos investigar o problema crucial do momento, parece ressaltar à evidência que ele reside essencialmente em «vencer a inércia», vencer essa insidiosa força que tem a particularidade singular de actuar fortemente sem que lhe sintamos o peso, essa força traiçoeira que só nos revela o seu poder pelos efeitos de desgaste que produz, e tantas vezes quando é já tarde demais.

Vencer a inércia, pois. Mas como? É esse o corolário imediato.

Aqui as opiniões poderão dividir-se, como é natural. Mas, para o meu singelo discernimento, não vejo que o arranque possa lançar-se sem um grande acontecimento, criador 'de um estado de alma inclinado ao entusiasmo, galvanizador de energias e de vontades, estimulante do pensamento e da acção.

E surge sucessivamente um novo corolário, onde mais uma vez poderão divergir os pareceres: qual esse grande acontecimento?

Pela minha parte - examinado e ponderado o nosso condicionalismo actual, no domínio que suo fervorosos defensores de um verdadeira Corporativismo de Associação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos Gerais.

perder aquele pouco que já existe e tanto custou a alcançar. Não pode negar-se que haja aqui um fundamento atendível, ao menos aparentemente.

E só aparentemente atendível, porque a vida de um regime assim concebido é não só frágil por natureza, mas principalmente isenta dos condições mínimas para se manter duradouramente e perdurar. Isto porque semelhante situação gera fatalmente o desânimo e o desinteresse, dado que existe alguma coisa que não serve totalmente porque não está acabada e que, se, afinal, não se acaba, é porque realmente não deve servir.

Calcula-se facilmente o estado de espírito que uma situação destas desencadeia, se repararmos bem aio que se está passando hoje sob os nossos olhos: o momento português é bem o reflexo da causa .profunda que estamos denunciando.

Um sistema que fica a meio termo na realização e na finalidade está logo exautorado por si mesmo, desacredita-se um declive escorregadio e vai-se submergindo aos poucos. Cai-se, afinal, naquilo que se pretendia evitar.

Tudo se reduz sumariamente ao seguinte esquema: não desejar um risco incerto, com a instauração de corporações, para cair no risco certo de condenar o regime ao insucesso, embora a prazo mais largo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É este o grande erro ou o contra-senso. E por isso não outorgamos a esta atitude um fundamento sério.

A segunda posição, daqueles mais decididos que jogam o todo pelo todo, pode à primeira vista ter o seu quanto de imprudência ou de impulso irreflectido. Mas os princípios que a norteiam, se radicam na coragem e num certo desprezo pela tranquilidade, têm raízes ainda mais assentes na calma reflexão e no senso das realidades.

Antes de tudo, repare-se que esta atitude mental perante o problema da Corporação tem, pelo menos, a virtude da coerência e da clareza: se somos corporativistas, não podemos satisfazer-nos com simples arremedos de organização corporativa, por enquanto de teor quase sindicalista. É que falta exactamente esse traço corporativo autêntico, que consiste na integração e coordenação de todos os organismos exclusivos existentes, em grandes corpos articulados, que fundam, num interesse comum e mais alto, todos os interesses parcelares e estruturalmente egoístas que participam numa grande actividade nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Clareza e coerência ainda, quando, traçado um rumo e fixado um objectivo definido, se avança resolutamente para ele, com firmeza que não exclua os cuidados requeridos, e com aquele sentido do prevenção que descobre ao longe os precipícios, para que se possam, a tempo, suprimir ou ladear.

Note-se também, e agora em raciocínio absolutamente frio, que, não dar o passo decisivo para a corporação,