do Regime, que não desejo versar hoje aqui.

Reparando agora no tempo que vos ocupei cora as minhas considerações, Sr. Presidente e Dignos Procuradores, verifico que me alonguei muito para além do razoável. Se concluirdes que tratei o meu tema sem merecer louvor - sanza lodo -, espero que, no menos, possais reconhecer que o versei sanza infamia.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Não está mais nenhum Digno Procurador inscrito para usar da palavra na ordem do dia.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Duas palavras antes de encerrar a sessão.

Os oradores que acabam de falar puseram em destaque a obra realizada pela Gamara nos. últimos vinte n nos, obra que é dos Procuradores actuais e de muitos que serviram em legislaturas anteriores.

Creio que interpreto os sentimentos gerais recordando com veneração e saudade a memória dos antigos Procuradores falecidos, alguns dos quais tantos e tão valiosos serviços prestaram nos incertos começos da Câmara, criando-lhe as tradições que ela hoje se orgulha em ter e em seguir.

Para os antigos Procuradores ainda felizmente vivos, e que à Câmara trouxeram o prestígio dos seus nomes e o relevo dos seus serviços, vão as saudações mais calorosas de nós todos . . .

Vozes: - Muito bem!

Aplausos gerais,

O Sr. Presidente: - ... com a certeza de que não ficaram esquecidos, antes a sua recordação só conserva bem presente na memória o na gratidão dos que os continuaram.

Permito-me ainda cumprimentar os «veteranos» da Câmara, aqueles Dignos Procuradores que desde há vinte anos lhe têm prestado ininterruptamente o concurso da sua inteligência, da sua experiência e do seu saber, constituindo, numa assembleia tão movediça, a cada passo renovada, os elementos de continuidade e de estabilização. Não são muitos, e creio poder dizer-lhes os nomes sem omissão: o ilustre presidente que foi desta Câmara José Gabriel Pinto Coelho (palmas), o nosso eminente declino Ezequiel do Campos, que se encontra em missão oficial cm África (palmas), e os Dignos Procuradores Afonso de Melo (palmas), Alexandre de Almeida (palmou) e Júlio Dantas (palmas).

Que SS. Ex.ªs aceitem as mais vivas homenagens dos seus colegas, com os votos de que por muitos anos ainda os possamos contar entre os mais ilustres membros desta Câmara.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Sr. Presidente: - Passaram vinte anos na existência da Câmara Corporativa. Nas conturbadas circunstâncias em que decorreram são tempo bastante para pôr à prova a solidez e a utilidade de uma instituição. Mas são um breve momento apenas na existência nacional.

As instituições não vivem para o dia que passa: a sua obra representa uma capitalização de experiência e de autoridade, que sucessiva» gerações vão fazendo, num espírito desinteressado de continuidade e de solidariedade, com os olhos postos no futuro.

Nus horas difíceis, quando nas certezas se insere a dúvida e os edifícios parecem abalar-se pelos alicerces, é nas instituições que os homens devem encontrar amparo e guia. Consolidar e prestigiar as instituições é, por isso, o dever dos estadistas que queiram fazer perdurar um pensamento é assegurar a fecundidade de um espírito para além da fragilidade da vida humana.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - A Câmara Corporativa constituiu-se nesta sala há vinte anos como ensaio de novas formas de representação política impostas por concepções de perene vigência sobre as realidades do homem, na sociedade e do Estado. Todos os que nesse dia aqui entrámos trazíamos connosco uma grande ansiedade c também uma grande esperança. A ansiedade vinha da novidade; a esperança estava nos princípios.

Vinte anos decorridos permitiram-nos dissipar a ansiedade, mas não mataram a esperança. Sabemos hoje o que é e o que deve ser uma Câmara Corporativa. Tirámos da experiência a lição que permito aproveitar muito do bom e aperfeiçoar aquilo que não é perfeito. Podemos com segurança definir melhor o papel a desempenhar e fazer-lhe corresponder mais exactamente o órgão adequado.

E continuamos a esperar que a Câmara Corporativa, organizada sobre a base dos corporações, seja chamada a exercer o largo e importantíssimo papel que lhe compete num Estado Corporativo . . .

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: -... não apenas exprimindo autenticamente junto dos outros órgãos do Poder político os interesses reais da Nação, mas também fomentando, acalentando e fazendo irradiar o espírito de entendimento e colaboração entre classes e entre categorias económicas c profissionais, tão necessário como condição daquela ordem orgânica que resulta da cooperação funcionalmente estabelecida pela inteligência e acatada de livre vontade.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Ao iniciar um novo ano de existência creio que esta esperança é o sentimento dominante da Câmara; e que todos desejaríamos dar à Nação a certeza de que pode contar com o esforço colectivo dos Procuradores aqui reunidos, para que a instituição corresponda, cada vez melhor, não só as suas actuais funções constitucionais, mas a própria ideia de que nasceu