se o ritmo do último lustro puder ser sustentado por mais um ou dois.

A Origem do fenómeno, como atrás se lhe chamou, reside na promulgação, em Dezembro de 1944, da Lei n.º 2002, conhecida por Lei de Electrificação Naciona1, documento que ficará como marco miliário na história da electrificação portuguesa.

Com base na estrutura jurídica e económica desta lei, o Governo impulsionou de maneira notável os sectores da produção e transporte de energia, obra que a Nação apoiou com entusiasmo e acolheu com a consciência e a esperança de ela vir suprir deficiências que tanto atormentavam a vida económica e social do País.

Saía-se de um período de guerra em que, apesar de não envolvida, a Nação sofreu profundamente alguns dos seus reflexos.

Tais reflexos demonstraram, por vezes, a dependência exagerada do estrangeiro em que viviam alguns sectores da economia nacional e esteve em evidência o da produção de energia.

Esta, no Norte do País, escasseou pela insuficiência de potência e, sempre que as características do período atravessado eram desfavoráveis à produção hidráulica, não houve mais remédio que impor, por vezes, severíssimas restrições de consumo.

No Centro do País, quantas vezes esse abastecimento esteve à mercê da quantidade e qualidade do carvão importado e, sobretudo, do seu preço?

A interajuda de regiões foi inexistente, por impossível, devido à falta de rede de interligação e transporte.

Por outro lado, na indústria, no comércio e no lar tinha sido, durante o período de guerra, feita a demonstração irrefutável dos enormes benefícios do emprego da electricidade em larga escala.

Por isso a opinião pública aplaudia convictamente a decisão do Governo, pela fé que depositava no valor da obra.

Os primeiros resultados foram tão animadores, as previsões feitas tão feliz e largamente ultrapassadas, as perspectivas futuras tão ricas de promessas, que levaram o Governo a dar lugar de primazi a, pelo seu vulto, no Plano de Fomento nos investimentos a realizar na indústria da electricidade.

Que tal orientação mereceu o aplauso desta Câmara, da Assembleia Nacional e de todos os portugueses é facto que pertence à história recente deste país, pelo que se torna inútil relembrá-lo. Pelos financiamentos realizados em aplicação dos princípios da Lei n.º 2002, logo após a sua promulgação, pelas previsões de investimentos contidas no Plano de Fomento em marcha, pode deduzir-se que, no complexo da electricidade nacional, os sectores da produção e transporte se encontram devidamente dotados para que esta país possa ver assegurado o seu futuro abastecimento de energia eléctrica nos condições permissivas do progresso constante do seu uso, como ocorre em toda a parte.

Mas é sabido de todos hoje que não basta produzir e transportar, pois a técnica e a economia de tais operações são inadequadas não só às utilizações mais vulgares e frequentes da corrente eléctrica, como a sua difusão pela superfície do território nacional.

E essa difusão é indispensável, pois para 99 por cento dos utilizadores da energia eléctrica, é esta que procura aqueles, e não aqueles que se deslocam para junto desta.

Se o sucesso e desenvolvimento do uso da electricidade se explicam pelas virtudes próprias desta forma, de energia, é, com certeza, primordial neles a influência da facilidade e comodidade da sua distribuição, que permite utilizá-la em qualquer recanto sem as sujeições, por vezes irremovíveis, que outras fontes de energia, como a lenha, o carvão, o petróleo, etc., apresentam

Isto significa que o sector da distribuição de electricidade é, pela sua missão, tão importante como o da produção ou transporte, formando todos um conjunto cujo desenvolvimento harmónico tem de verificar-se para que a colectividade obtenha da obra feita ou do dinheiro gasto o maior rendimento possível.

Ter centrais para produzir energia e não ter linhas, para a transportar já toda a gente sabe que não está bem.

Até já se sabe que é preciso ter linhas para interligar as diferentes centrais.

Mas ter uma coisa e outra e não ter redes de distribuição que possam entregar & todos os portugueses a energia produzida e que lhes faz falta para as suas actividades industriais, comerciais, agrícolas, artesanais, domésticas, etc., é aleijar o conjunto, impedindo-o de dar todos e talvez os melhores dos seus frutos, e a perfeita noção de que assim é parece não ressaltar ainda tão firme e evidente à consciência dos portugueses como as duas primeiras.

O esforço feito em centrais e transporte dará menor, muito menor rendimento à colectividade nacional, se não se verificar o correspondente e harmonioso desenvolvimento do sector da distribuição.

A confirmação insofismável do que se afirma encontra-se nos números do quadro seguinte, que estabelecem uma relação entre os investimentos de vários países nos três sectores considerados:

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