Não tem interesse de maior o estudo da dependência no que se refere à aquisição de matérias-primas: em período normal, nenhuma dificuldade se põe à compra de folha-de-flandres; em tempos de anormalidade aos mercados, a importação de folha constitui, sem duvida, problema de certa gravidade. Note-se, no entanto, que se nessas conjunturas a escassez da folha-de-flandres se revela, também a importância das conservas, como produto alimentar, se eleva, ao ponto de lhe ser reconhecido o direito a um contingente de importação de materiais escassos. Esta dependência desaparecerá, de resto, logo que a siderurgia nacional seja uma realidade.

O abastecimento em folha-de-flandres não constitui, portanto, problema de que dependa a expansão da indústria.

A dependência dos mercados externos reveste-se de verdadeiro melindre, apenas e só, na fase do escoamento de produção, cujo mecanismo se vai observar. A importância das conservas de peixe no conjunto da nossa exportação para o estrangeiro ressalta da simples leitura do quadro IX.

Valor da exportação total e de conservas de peixe para o estrangeiro

(ver tabela na imagem)

A posição relativa das conservas de peixe entre os principais produtos de exportação e as variações que estes têm sofrido consta do quadro X.

Participação doa principais produtos em percentagem do valor na exportação para o estrangeiro

(ver tabela na imagem)

(a) Percentagem calculada a partir de números provisórios.

Os quadros IX e X vêm lembrar a posição de indiscutível relevo que as conservas de peixe ocupam na composição da exportação metropolitana: valem entre 12 por cento e 10 por cento do total e cabe-lhes o segundo lugar entre os produtos que vendemos ao estrangeiro.

Na sua simplicidade; os números atrás alinhados afirmam, sem medo de contestação, que a sorte da indústria e do comércio das conservas de peixe não interessa apenas à vida dos industriais e dos comerciantes, não constitui um puro problema privado: por ser, alam do mais, uma das nossas maiores fontes de divisas, esta indústria é de interesse nacional. E, sendo-o, o Estado tem o dever de promover o necessário para que produtores e comerciantes corram menos riscos e ganhem cada vez anais, ainda mesmo que uns e outros viessem confessar o prazer de jogarem com as flutuações da conjuntura s se declarassem satisfeitos com a irregularidade ou mediania dos seus ganhos. Ao determinar a posição do mercado externo, no consumo das conservas, frisou-se que essa dependência não é típica deste sector de produção, mas antes característica da maioria das grandes componentes da nossa exportação. O quadro X patenteia outra das causas de vulnerabilidade da nossa economia, a juntar à pequena capacidade de absorção do mercado interno - consiste ela no facto de cinco produtos se verem responsabilizados por mais de metade da nossa exportação total.

A distribuição geográfica da exportação portuguesa de conservas de sardinha - Seus principais mercados Ficou registada no parágrafo anterior a relação de dependência externa da indústria de conservas quanto à colocação do produto; aí se mediu também a sua participação no valor da exportação.

Não só porque o melindre dessa dependência, varia em função da concentração geográfica da exportação, mas ainda porque ao estudo da actuação comercial - que se fará em lugar próprio - interessa conhecer a rede do escoamento da mercadoria, dada a diversa natureza e diferente potencial dos mercados, cabe agora indicar a repartição (geográfica das exportações de conservas de sardinha.