XIX Preços médios da tonelada exportada
(ver tabela na imagem)
Embora o quadro XIX dê conta das constantes flutuações dos preços, deve notar-se que apesar disso os preços dos conservas de sardinha portuguesas se têm mantido, nos mercados, sempre acima das cotações praticadas pela produção estrangeira concorrente.
Embora a prova não seja fácil de fazer, é de supor que estas, embora não muito grandes mas constantes flutuações de preço, em parte se devam à concorrência que os próprios produtores nacionais se façam.
§8.º
O volume actual da exportação de conservas de sardinha: tendência de compressão ou de expansão?
Aqueles que houverem de determinar, para conveniente reorganização da indústria, a dimensão óptima das unidades produtoras e a capacidade de produção que convirá fixar ao conjunto da indústria não pode deixar de pôr-se o problema de saber se o consumo tende a expandir-se ou se, pelo contrário, é mais provável a sua compressão.
A questão interessa igualmente a quantos tiverem de planear o ritmo do apetrechamento do País, uma vez que as conservas determinam parte tão apreciável das nossas possibilidades de compra no estrangeiro.
Os primeiros serão, fundamentalmente:
O volume possível de pesca.
O destino do peixe pescado.
A qualidade e o preço do produto.
Os factores de ordem externa parecem redutíveis a:
Capacidade dos mercados.
Potencial da produção estrangeira concorrente.
dependerá, pois, da política a seguir quanto ao segundo dos factores de ordem interna apontados: o destino da sardinha pescada.
A entender-se que a primazia cabe ao consumo interno ou, continuando a considerar-se que este pode concorrer livremente com a indústria na lota, então não será dominável como não o é hoje o problema da escassez da matéria-prima.
A questão tem a maior importância, mesmo para efeito da medida e gravidade da dependência externa: as conservas não são um produto essencial que o consumidor estrangeiro tenha necessariamente de comprar. O preço - expressão do ajuste entre a procura e oferta - tem seus limites e são eles, no caso dos produtos não essenciais, determinados muito mais pelo consumidor do que pelo produtor. Acresce a isto o facto de termos concorrentes e o de ser comercialmente inviável sustentar uma concorrência e fazer uma campanha de expansão das vendas enquanto não tiver-mos a certeza de que em cada mercado disporemos continuamente das quantidades por ele exigidas. Não interessa de facto ao comércio importador dedicar-se ao escoamento de um produto que falte logo que a clientela comece a habituar-se a ele, já porque o comerciante sabe que o freguês gosta de encontrar o que procura, já porque não ignora também o risco de lhe recomendar um produto ou uma marca concorrente.
Salvo em casos excepcionais de produções de luxo, a quantidade disponível da mercadoria é factor comercial que merece tanta atenção como a própria qualidade do produto.
As nossas conservas, se lhes quisermos garantir possibilidades de segura permanência nos mercados externos, não poderemos negar-lhes a matéria-prima na quantidade que necessitar.
Ora, não sendo já hoje a sardinha um produto de importância decisiva na nossa alimentação e podendo ela ser-nos muito mais útil quando traduzida em cambiais que garantam a importação do cereal para o pão ou da alfaia para a agricultura ou da máquina para a indústria, parece que não será difícil encontrar para este ponto a solução conforme ao interesse geral.