organização da nossa indústria são suficientes para noa darem a certeza de que a indústria pode, se quiser e se for orientado, ganhar mais enquanto se mantiver o nível actual dos preços e continuar a ganhar o suficiente quando for forçada a baixá-los por imposição da concorrência. Também a organização comercial -sem dúvida um dos problemas cuja solução decidirá da sorte da indústria - por inteiro depende da. nossa vontade. A essa organização adiante se fará mau larga referência.

Visto que os factores internos que possibilitam uma acção mo exterior são, todos eles, susceptíveis de domínio, pode fechar-se este parêntesis, aberto no estudo da dependência externa da indústria, e retomar o exame das determinantes externas do volume das nossas exportações. Se compararmos as médios da exportação de conservas de- sardinha- nos cinco anos anteriores à guerra e no quinquénio 1949-1953 seremos conduzidos a reconhecer uma notável compressão das vendas neste último período e tentados a concluir que à indústria se põe o problema imediato não de expansão, mas de recuperação de mercados perdidos. A questão assume a sua inteira gravidade se se tiver presente que a capacidade de produção da indústria s, sensivelmente, a mesma nos dois períodos.

Médias da produção e exportação de conservas de sardinha

(ver tabela na imagem)

Se, por outro lado, alinharmos os números que para os mesmos períodos representam as médias anuais do volume da pesca e da sua utilização pela indústria, teremos:

Médias da quantidade de sardinha pescada e consumida

(ver tabela na imagem)

Ao dar-se a explicação da redução verificada na exportação média anual de conservas de sardinha logo se dirá que, dentre os factores de ordem interna, a diminuição da pesca e o aumento da parte destinada ao consumo constituem as causas internas, que mais influíram nu compressão da exportação. Acrescente-se que da comparação dos períodos em causa ressalta ainda a desproporção entre os agravamentos do preço da matéria-prima principal (o valor da sardinha representa cerca de 1/3 do custo do produto manufacturado) e o preço das conservas: enquanto o preço médio nas lotas aumentou 5,5 vezes, o preço do produto manufacturado foi apenas multiplicado por 3.

No que respeita às condições externas, a desorganização dos mercados europeus é a causa fundamental do declínio da exportação; basta verificar (vide quadro XV) que o período 1950-1953 abrange dois anos de fraquíssima exportação para a Alemanha e dois outros anos de quase nula importação no Reino Unido. Todavia, se no texto do parecer se enxertaram os quadros XX e XXI, isso se fez apenas para: Salientar a necessidade de diminuirmos o grau de concentração da exportação: quando a dependência externa se caracterize por uma grande concentração geográfica do consumo, então a vulnerabilidade da indústria exportadora às flutuações conjunturais assume a sua mais perigosa feição. E este o caso da nossa indústria de conservas, pois que a paralisação momentânea de um só dos seus grandes mercados será capaz de desorganizar por completo toda a economia do sector.

Em nosso entender, porém, a diminuição da concentração deve procurar-se não por compressão das vendas para os mercados tradicionais, mas sim por expansão da produção e conquista de novos centros de consumo;

b) Demonstrar, uma vez mais, que será infrutífera qualquer tentativa de reorganização técnica e estabilização económica da indústria, enquanto a aquisição da matéria-prima base se fizer segundo os usos e maus costumes em vigor.

A este respeito, note-se que o quinquénio 1949-1903 representa, na sua média, um período de grandes dificuldades do mercado europeu. Por esse único facto seria compreensível a quebra do volume médio da exportação, como seria natural que a indústria de conservas tivesse concorrido menos à lota e que o preço da sardinha reflectisse esta situação.

Aconteceu, porém, que a crise dos mercados externos coincidiu com um período de escassez de sardinha. Os números mostram que a redução do volume da pesca impôs dura concorrência entre a indústria - e o consumidor interno, vendo a indústria a sua matéria-prima elevada a preços, que o consumidor estrangeiro de conservas não podia ou não queria pagar.

A conjugação destes factores permite afirmar que, apesar da desorganização e fraqueza de poder de compra dos mercados externo», a balança de comércio da metrópole teria sofrido muito menos com a quebra da exportação de conservas se não fora a possibilidade de livre aquisição de sardinha pelos fornecedores do mercado interno. Para além das observações feitas, o exame dos volumes médios do quinquénio 1949-1953 não apresenta interesse de maior: quanto ao que se passa no País corresponde a um período em que a escassez da pesca evidenciou a desarticulação interna entre esta indústria e a das conservas; quanto ao estrangeiro traduz os movimentos, por vezes desconexos, da transformação, em livres, dos mercados até aí controlados. Esta marcha, no sentido da readaptação e expansão económica, não consente que se procure a tendência futura dos mercados na observação das médias anuais verificadas num período que é, por excelência, de evolução. A tendência