E a cultura do trigo a mais importante da região e tem evoluído apreciavelmente. Enquanto a média de produção do quinquénio 1940-1949 foi, segundo os números da Federação Nacional dos Produtores de Trigo, de 634,443 teu produção unitária de 600 kg por hectare, estes números passaram, nestes últimos anos, para 1033,209 t e 833 kg, respectivamente.

Quanto à riqueza pecuária, o quadro que se segue revela a sua evolução no concelho e freguesia de Barrancos:

«Ver quadro na imagem»

Concelho de fraca densidade populacional, ainda que em evolução -18,7 habitantes por quilómetro quadrado em 1950-, a população em 1940 era constituída por 3489 pessoa», agrupadas em 855 famílias, das quais 2088 (66 por cento) entregues a trabalhos agrícolas. Segundo o mesmo censo, no concelho apenas quarenta pessoas viviam exclusivamente dos seus rendimentos.

Diz o projecto:

O movimento demográfico verificado através de diversos censos apresenta assim um aumento progressivo, que convém salientar, já que se refere a uma região de grande propriedade, sujeita em larga escala à cultura cerealífera e exploração pecuária.

Tal incremento, continuando a observar-se, faz prever perspectivas pouco animadoras sob o ponto de vista social, pois que actualmente e em certas épocas do ano surgem crises de trabalho na região, que somente os Poderes Públicos conseguem debelar parcialmente.

Deste modo, o empreendimento a que se refere o actual projecto irá contribuir, embora modestamente, para minorar essa falta de trabalho, elevando sem dúvida o nível de vida dos trabalhadores rurais. Sendo um concelho em que predomina a grande propriedade e em que a cultura cerealífera e a pecuária constituem a base da exploração agrícola, seria de ponderar as consequências resultantes da arborização dos baldios, mas, dada a área dos considerados no projecto, em relação à da superfície cultivada, deduz-se facilmente que não está em causa o problema. E parece depreender-se também que a pecuária concelhia está em decadência: menos 1250 cabeças normais entre os dois censos, o que é de anotar.

Por este motivo o projecto diz:

Reconhecido deste modo o pequeno valor aos pastos existentes nos baldios, julga-se que a arborização prevista em muito pouco irá afectar a sua usufruição, uma vez que a grande maioria do gado regional aproveita as pastagens particulares, bastante abundantes em restolho de cereais e principalmente em bolota de azinheira, espécie florestal esta que ocupa apreciável área coberta no concelho.

Por esta razão, não se verifica a necessidade de deixar nos baldios a cargo dos serviços florestais qualquer parcela para logradouro, tanto mais que a sua superfície é bastante reduzida. Na zona temporariamente em posse da Gamara Municipal prevê-se no futuro a existência de uma área descoberta destinada a pastagens, com cerca de 44 ha, sendo a coberta com azinhal e para o mesmo fim de aproximadamente 50 ha.

Com estas medidas pensa-se, não só garantir uma abundância de pastos em nada inferior à que actualmente existe, aproveitando-se ainda cerca de 35 por cento daquele terreno baldio com arborização estreme. Os dois baldios incluídos no projecto, pela constituição geológica e exposição, são completamente diferentes entre si.

O da serra Colorada, o primeiro a arborizar, pela sua exposição ao sul, está sujeito a uma insolação muito mais intensa e tem declives muito mais acentuados, pelo que a vegetação espontânea é muito pobre.

No baldio da Torrita ficará reservada a pastagem, como se frisou, uma superfície de 44 ha, pelo que só serão arborizados 91,3250 ha, dos quais 50 ha com essências diversas, como na serra Colorada, e 41,3250 ha a semear com azinheiras.

O projecto não esconde as dificuldades que oferece a arborização do baldio da serra Colorada, dada a natureza do solo (xistos de difícil desagregação), a fraca queda pluviométrica e a exposição sul. Condições tão desvantajosas obrigam! a recorrer a meios de trabalho mais dispendiosos do que o normal, «que se justificam, em parte, pelo carácter experimental que resulta do caso presente». Assim, pensam os serviços florestais recorrer a um número elevado de espécies - cerca de vinte, algumas de carácter arbustivo, «mas que se presume haver certo interesse em utilizar, dada a sua especial aptidão para terrenos semelhantes aos que interessam a este trabalho». Estão neste caso:.

Quercus suber L.

Quercus ibex L.

Olea europoen L. a. Oleaster (Hoffgg. et LK), DC.

Cedrus deodora Lond.

Pinus pinea, L.

Pinus halepensis Mill.

Cupressus lusitanica Mill.

Cupressus macrocarpa.

Ligustrum japonicum Thunh.

Gledistsia triacanthos L.

Myoporum acuminatum R. Br.

Nerium oleander L.

Pittosporum undulatum Vent.

Junto às linhas de água:

Fraatinus angustofolia Vahl.

Eucalyptus diversos.

Um dos factores que mais contribuem para a elevação do custo de arborização é a necessidade absoluta de se efectuar um certo número de regas que assegure o êxito da plantação, para o que é necessário recorrer a água existente a distância. O projecto em causa é acompanhado do orçamento dos trabalhos previstos, baseado nos elementos locais e técnicos, de que os serviços florestais têm larga e reconhecida experiência e competência.