Pelo que respeita às despesas de fomento, nenhuma das constantes da relação parece de excluir, salvo a compra de acções da C. P. P.

Acerca das verbas de melhoramentos rurais lêem-se no relatório da proposta de lei algumas considerações, a que se fará referência no exame na especialidade. No entanto, parece à Câmara que nestes encargos, como nos de abastecimento de águas e casas para Pobres - que todos interessam às autarquias locais -, é igualmente aconselhável uma política de concentração que evite dispersão de esforços e risco de diminuição do seu rendimento global.

Três condições parecem fundamentais para o bem-estar dos povos, e não podem ser por eles obtidas sem a intervenção e colaboração do Estado: acessos e comunicações suficientes, água em abundância, saneamento e energia em condições comportáveis para a sua economia. Satisfeitas essas condições, é mais fácil resolver os restantes problemas do seu bem-estar material e social, e muitos podem sê-lo p ela própria iniciativa local.

Eis porque a Câmara pensa que aos melhoramentos daqueles tipos se deveria dar preferência, quer nos subsídios pelo orçamento, quer nos do Comissariado do Desemprego e nos empréstimos pela Caixa Geral de Depósitos às autarquias locais.

Pelo que respeita a casas para pobres, permite-se a Câmara Corporativa manifestar o receio de que esta tão meritória obra social esteja sendo desenvolvida pelas autarquias locais de maneira um tanto dispersiva. Na verdade, em muitos casos a despesa feita parece corresponder mais a critérios de urbanização do que à preocupação de resolver, por modo tão completo quanto possível, o problema do alojamento dos desprotegidos da fortuna. As importâncias gastas podem, assim, não valer muito como solução deste problema e vir a limitar outras realizações susceptíveis de maior eficácia social ou económica. Por isso, na apreciação da especialidade, a Câmara se permite fazer a tal respeito uma sugestão. O equilíbrio orçamental em 1955 e seus perspectivas para 1956 Dos resultados da conta de 1954 tem-se já conhecimento pela sua oportuna publicação, com a tradicional pontualidade, e pela esclarecida análise feita no relatório respectivo pelo Sr. Ministro das Finanças.

Porque se encontra já publicada a conta provisória de Setembro do ano corrente, é possível, pelos resultados que acusa, fazer uma ideia mais aproximada das tendências do equilíbrio orçamental para 1956.

Os números globais podem resumir-se assim:

Milhares do contos

Receita extraordinária ....... 114

Excesso da receita sobre a

A comparação dos números globais dos períodos Janeiro-Setembro do ano corrente e de 1954 acusa, por singular coincidência, um excedente de receita sobre a despesa em absoluto igual.

(Em milhares de contos)

Parece assim que, com um volume de receita 7 por cento superior ao de 1954, no ano corrente se atingiram, até agora, resultados idênticos aos do ano anterior no mesmo período. Porém, para averiguar se a igualdade do saldo é real ou apenas aparente, convém apurar as diferenças das diversas categorias de receita e de despesa.

Essas diferenças são, em milhares de contos:

Destes inúmeros pode concluir-se:

1.º Que o aumento da receita ordinária é efectivo, distribuindo-se, com insignificante diferença para menos nos rendimentos de capitais, pelos seis primeiros capítulos, que são os que têm real interesse para o equilíbrio orçamental, mas mostrando-se mais acentuado nos impostos indirectos, devido principalmente à maior cobrança de direitos de importação;

2.º Que o aumento da despesa ordinária foi inferior ao da receita da mesma natureza, sendo proporcionalmente maior o aumento da despesa extraordinária;

3.º Que, por isso, a receita ordinária fez face a despesas extraordinárias por um montante superior, embora ligeiramente, ao de igual período do ano passado;

4.º Que a igualdade dos saldos traduz realmente uma sensível igualdade de resultados efectivos nos dois períodos considerados. Verificado que da evolução previsível da situação-económica não devem advir à situação financeira do Estado alterações ou perturbações graves e que a marcha do ano financeiro de 1955 nos seus três primeiros trimestres mostra que se mantém sólido e com suficientes margens de segurança o equilíbrio orçamental; sabido, por outro lado, que o mercado do crédito tem possibilidades bastantes para que prossiga e se desenvolva a obra de fomento e reforma da estrutura da economia nacional em que o Governo anda empenhado, é de prever que o orçamento de 1956 se apresente sem quebra, antes com aumento, do ritmo dessa