A exiguidade do nosso mercado interno tem constituído desde sempre o mais sério obstáculo ao progresso tecnológico e à expansão saudável das actividades industriais portuguesas.

Sem mercados não pode, com efeito, haver produção, como sem esta não pode haver aperfeiçoamento de fabricos, melhoria de qualidade e técnica progressiva.

Não admira, por isso, que, com tais premissas e perante a concorrência externa, a indústria nacional tenda a avançar com dificuldade, não só sob o aspecto da rentabilidade dos empreendimentos, mas até no da própria conquista e conservação dos níveis técnicos de produção que a economia moderna exige e o País cada vez mais necessita.

Porque todo o progresso económico e a elevação do nível de emprego e de vida da população se acham intimamente correlacionados com as possibilidades de expansão do trabalho português no Mundo, compreender-se-á porque se não julga conveniente a manutenção de um tal estado de coisas e se entende chegado o momento de pôr ao serviço da indústria portuguesa um organismo que possa contribuir para corrigir, no campo da técnica, o conjunto de factores adversos que têm obstado ao seu desenvolvimento.

Na verdade, independentemente da fragilidade do mercado que lhe serve de suporte, a grande massa das actividades industriais portuguesas sofre ainda, no geral, de um grave defeito: o de um perigoso e antieconómico superequipamento, associado a uma extrema pulverização de fabricos e unidades.

Daí a situação paradoxal em que essas unidades se debatem, necessitando, para poderem concorrer no mundo de hoje, de altos níveis técnicos em instalações e pessoal, mas cujas potencialidades são contrariadas por uma dimensão e exploração que, não só não permite as amortizações de maquinismos e instalações ao ritmo das actividades similares estrangeiras, como ainda, o que é mais grave, não consente sequer a investigação e a assistência técnica privativa que estão na base de todo o progresso de têxteis.

Urge, por isso, modificar uma tal situação, colocando ao serviço de toda a indústria portuguesa, em geral, e ao da pequena e média indústria, em particular, uma instituição que lhe permita o recurso fácil aos meios de investigação científica e assistência tecnológica industrial de que ela cada vez mais necessita e que de forma alguma pode continuar a dispensar.