Quanto a adubos orgânicos, não foi possível reunir um quadro numérico, porque a indústria é dispersa e não depende de um organismo de coordenação que centralize os seus elementos; do que se apurou, parece poder concluir-se, em ordem de grandeza, a posição seguinte:

Toneladas

Uma vez que se faz uma exportação quantiosa, não pode atribuir-se à indústria o fraco consumo de adubos orgânicos.

Em matéria de azotados a posição é outra. Quando se deram, em 1941, as primeiras licenças para produção nacional de sulfato de amónio, a máxima importação anual deste artigo registada até então fora de 69 300 t (14 000 t de azoto), pelo que se previu a capacidade das fábricas para 110 000 t; o que é hoje insuficiente era então quase o dobro da máxima importação. Além do sulfato, verificava-se ainda a compra externa de nitratos, com o máximo anual de 18 3001. Passaram entretanto dezassete anos e a posição apresenta-se como mostra o quadro seguinte (em toneladas):

Não se incluiu no quadro a cianamida cálcica, cuja produção, desde na dois anos, está quase inteiramente nacionalizada. Também não se consideraram os adubos compostos, cujo peso é relativamente pequeno, mas cuja produção nacional está em período de franco desenvolvimento.

Como os adubos azotados pesam no comércio externo mas podem ser fabricados, exclusivamente ou quase, com matérias-primas nacionais, é natural, por todos os motivos, querer satisfazer o consumo através do aumento da produção interna, com o que poupamos na importação uns 200 milhares de contos, que se convertem, em grande parte, em aumento do produto nacional. Como não há posição paralela nos restantes tipos de adubos, compreende-se que também não haja paralelismo no interesse que se lhes dedica; a diferença, aliás, não nasceu com o II Plano, mas já vem da proposta de lei da reorganização industrial.

Evidentemente - mas o assunto é agora doutra índole -, podemos não nos dar por satisfeitos com a evol ução natural da procura dos diversos tipos de adubos, por entendermos que os consumos por hectare são baixos ou que as suas proporções não são as mais convenientes para as nossas culturas e para as nossas terras, desencadeando, por isso, uma campanha de adubação racional, juntamente com a propaganda, já começada, da calagem das terras ácidas e do reforço da matéria orgânica; mas este é um tema que está previsto no Plano, no capítulo dedicado ao fomento da agricultura, sob a designação de «Fertilização e correcção do solo».

Com o que fica dito não deixa de se acompanhar, o parecer das secções no voto de que o estudo se faça; chama-se apenas a atenção para que esse estudo está

previsto, acrescentando-se que o aspecto agronómico da campanha deve ser acompanhado da previsão da sua incidência sobre o mercado dos adubos, para que a tempo se adaptem em conformidade as fabricações nacionais.

Dedica o parecer subsidiário particular cuidado à tecnologia da obtenção do hidrogénio, à dimensão e à integração das fábricas. A matéria tem-se mostrado quase tão apaixonante como a localização da siderurgia, o que é de festejar como prova de vitalidade e interesse do País - mesmo quando as opiniões não sejam de seguir.

Prevendo-se no parecer subsidiário da secção de Electricidade e combustíveis que o consumo de energia das indústrias electroquímicas e electrometalúrgicas (amoníaco e outras) atingirá 860 milhões de kilowatts-hora em 1964, dos quais 55 por cento caberão ao hidrogénio, e não parecendo prudente, sem quebra de justo equilíbrio com os consumos permanentes, aumentar aquela parcela, torna-se claro que o crescimento da produção de azotados não pode contar com aumento substancial da electrólise como fonte de hidrogénio; há, portanto, que recorrer à via química. Isto não é opinião de agora; está exposto no parecer de 1952.

Há, portanto, unanimidade de opiniões, porque o Plano, o parecer subsidiário e a Câmara que a diferença de preços é tão grande como às vezes se diz, talvez se deva estudar a possibilidade de um ajuste na tarifa da energia temporária, porque no Mundo não há nada invariante - dado que já Arquimedes procurava um ponto fixo sem o encontrar. Antes disso não; a simples transferência de numerário de uns cofres para outros não melhora o produto nacional.

Em matéria de dimensão e de integração de fábricas existe a mesma opinião movediça que acaba de se apontar em matéria de preços; está-se pouco esclarecido em economias de escala. A Câmara não tem base segura para propor alguma alteração ao programa do Plano, entendendo que daqui a uns quatro anos, quando as novas unidades estiverem em laboração, será melhor altura do que hoje, em que nos falta o horizonte, para corrigir, em nova- arrancada., os defeitos que se revelem e que serão ainda perfeitamente corrigíveis. Nem o Plano é passível de correcção neste ponto (salvo por acrescentamento), visto estarem em discussão autorizações concedidas e decisões tomadas em execução do I Plano, mas com tal atraso que o assunto aparece agora a constituir matéria do II Plano, depois de se verificarem as importações que o quadro regista.

Por outro lado, as licenças concedidas para fabricação de amoníaco ou outras formas de fixação de azoto cobrem, com excesso, as necessidades nacionais até 1964. Sem discutir a previsão do consumo de azoto nesse ano,