xime das que existem, para escrever, apoiado nos elementos úteis da Nação, uma nova lista de indústrias, que não interessa se chamem básicas, mas que interessa pôr de pé com inteligência e devoção, como maneira activa de conseguir o almejado incremento do produto nacional e os duzentos mil empregos fora da agricultura.

O estaleiro naval de Lisboa é o único empreendimento que o Plano considera fora das indústrias-base e é precisamente uni ramo da indústria metalomecânica; mas não figura como tal, porque vem tocado por outro vento. Nesse estaleiro se integrará a nova doca seca de Lisboa, já prevista no I Plano, com 220 m de comprimento; dela disse esta Câmara, mo parecer de 1952, que seria a de elementar prudência localizá-la de maneira que esta dimensão possa ser amanhã aumentada sem dificuldades técnicas nem gastos excessivos. Passados seis anos a doca vem proposta com 250 m.

Ë possível que tenha fundamento a demora com que se vão começar o estaleiro e a doca, pois que a ideia do primeiro nasceu em. 1954 e a da segunda é muito mais antiga; isso não diminui o nosso sentimento em relação ao atraso. Em 1952 era só o Vera Cruz que ia a Gádis limpar o fundo, por não ter doca para o seu tamanho em Lisboa; neste momento são três, e dentro, de três anos já serão sete, os navios portugueses que terão de buscar no estrangeiro meios, de querenagem, e alguns dos navios construídos e em construção no estrangeiro, valendo anais de um milhão de contos, já poderiam ter dado ocupação ao novo estaleiro, se a decisão fosse mais lesta. O atraso na definição das características deste estaleiro tem arrastado a reforma do Arsenal do Alfeite, preparada há três anos.

E ainda sobre o estaleiro, uma dúvida que nem o Plano nem o relatório final esclarecem: o estaleiro limita-se a construir cascos, ou procurará, por si ou com a colaboração de outras indústrias portuguesas, nacionalizar parte da mecânica?

Além de 800 000 contos para o estaleiro e doca, não inscreve o Plano outras verbas para novas indústrias, exceptuadas as básicas. Entendemos que não pode deixar de haver dotação, com este objectivo, pela qual se autorizem emissões de títulos de novas empresas importantes para a economia nacional ou, pelo menos, as participações do Estado ou seus organismos, em capital ou créditos, nos casos em que se verifiquem. Reorganização industrial Aplicando à circunstância a frase do poeta, bem podemos dizer que é com um A contentamento descontente que registamos a inclusão neste Plano de Fomento do parágrafo sobre reorganização industrial. Contentamento, porque se vê retomar uma ideia que já no parecer de 1952 esta Câmara advogou se incluísse no I Plano; descontente, porque se passaram seis anos, e só a ameaça da integração económica europeia parece ter norteado os espíritos para a aceitação da doutrina.

Anunciava o parecer de há seis anos estarem nessa data preparadas as reorganizações, à sombra da Lei n.° 2005, das indústrias de chapelaria, vidros, refinação de açúcar e descasque de arroz e haver já ideias assentes sobre mais cinco (papel, resinosos, cerâmica de construção, álcool e tintas). E continuava:

A Câmara Corporativa entende que se deveria começar sem demora a modernização das quatro primeiras indústrias (custo do reequipamento 200 000 contos), para que o resultado dessa experiência nos se rvisse de guia e nos permitisse caminhar com mais segurança no prosseguimento desta obra de saneamento tecnológico. Se não se começa e não se experimenta, nunca mais se obtém a confiança que parece ter faltado a tanta gente e nunca mais abrimos um caminho rasgado por onde se saia desta apagada tristeza em que todos andamos a carpir a incapacidade da indústria nacional.

É quase certo que os projectos de reorganização das quatro indústrias referidas estão hoje desactualizados, tão depressa os factos, e números da economia variam no tempo, passados dez ou doze anos sobre a data dos respectivos estudos.

Mas o ponto sobre que desde já se quer chamar a atenção é o porte moderado das indústrias sobre que se fizeram incidir os primeiros estudos e a preocupação de obter através delas uma experiência que servisse de guia em matéria que se reconhece inegavelmente delicada. Como não se julgou oportuno fazer mais cedo a experiência e se reconhece agora a falta do tempo que passou, possível interesse da reorganização de uma indústria-grande na fase incipiente desta política, se alguma razão de urgência o aconselhar; mas insiste-se em 'que essa não deve ser a regra.

2. Dois comentários essenciais se oferece fazer ao relatório final preparatório sobre matéria de reorganização industrial (pp. 254 e seguintes). Ambos se referem ao período que se transcreve:

Por motivos bem conhecidos sabe-se que - excepção feita às concentrações efectuadas na indústria de chapa de vidro e na de corte do pêlo, cujos resultados práticos, aliás, não têm sido animadores, por se haver suprimido a concorrência interna com a concentração e a externa com as pautas - a Lei n.° 2005 praticamente pouco tem sido aplicada, dadas as resistências encontradas.

Este período tem-se por inadequado num texto que pretende justificar a reforma da indústria. Detenha-mo-nos a analisá-lo.

Se se crê que uma unidade industrial, para ter condições de concorrência, precisa de um mínimo de organização administrativa, de dimensão e de base científica; se se crê que a atitude razoável é a de equipar a nossa indústria, para satisfazer, com alguma folga, o consumo interno, e não o começarmos a pensar que poderemos invadir a Europa se vierem a cair as bar-