visão, contra 4020 GWh na previsão do Plano - o que corresponde ao aumento de 10,8 por cento.

Não há nestas diferenças nada de essencial; o primeiro aspecto importante que desejamos focar é o que se refere ao programa de centrais, de que se trata a seguir.

O Plano prevê a construção, dentro do sexénio 1959-1964, das centrais hidráulicas de Miranda, Bemposta, Alto Babagão e Távora e admite como prováveis, para início de construção depois de 1961, a fim de fazerem a ligação com o III Plano, as centrais de Alvito, Pocinho e Côa.

Três pontos de funda divergência manifesta a Câmara Corporativa em relação a este programa. O primeiro reside no conhecimento de que os custos das quatro primeiras centrais estão desactualizados; de facto, devido a alterações dos projectos e a revisão dos orçamentos, estes, segundo os dados actuais das respectivas empresas, apresentam-se como segue, em milhares de contos:

Há, pois, o inevitável aumento de encargos de 440000 coutos.

A segunda divergência, felizmente, contrabalança a primeira; o Plano considera centrais a mais, o que vai permitir-nos economia substancial. De facto, segundo um estudo recente do Repartidor Nacional de Cargas, as quatro centrais consideradas permitem, mesmo em ano muito seco, níveis de produção consideravelmente superiores aos previstos, uma vez que se mantenha e aperfeiçoe o regime de exploração, como uma só unidade, da rede primária e centrais a ela ligadas, de maneira a contar com o regime inter anual de compensações, susceptível de ser obtido em todas as albufeiras, seja grande ou pequeno o seu coeficiente de regularização.

Desse estudo, de que estão resumidas no parecer subsidiário as conclusões principais, resulta a possibilidade de adiar apreciavelmente a data de conclusão de três das quatro centrais e, consequentemente, o adiamento da conclusão das centrais que farão a transição para o III Plano; mais concretamente, é possível, com muito elevada margem de segurança, modificar como segue c- programa de entrada em serviço das novas centrais hidráulicas, às quais se adiciona, como natural complemento, a ampliação da térmica da Tapada do Outeiro:

Mantêm-se, portanto, as datas previstas no Plano para a entrada em serviço de Miranda e, com pequena diferença, a da ampliação da Tapada do Outeiro; adia-se dois anos a conclusão da central do Távora, porque, no estado actual dos trabalhos, é impossível contar com ela em 1960; adiam-se, respectivamente, um e dois anos as conclusões das centrais do Alto Babagão e da Bemposta, por não serem necessárias mais cedo.

O adiamento da Bemposta poderia até ser aumentado seis a doze meses, se apenas se tivesse em conta o abastecimento dos consumos permanentes em ano muito seco; mas, atendendo a que o regime interanual de exploração das albufeiras reduz a diferença entre as possibilidades de produção hidráulica em ano muito seco e em ano médio, houve, prudentemente, que moderar o diferimento de prazo daquela central, para tornar mais folgada a exploração do ano médio.

Registe-se que este adiamento da construção das centrais foi possível apesar de se partir de uma previsão de consumos mais exigente; mas faz-se notar que as datas agora propostas devem ser respeitadas, sob pena de se correr algum risco - salvo se a revisão do programa, a que nos referimos adiante, consentir alguma demora. Não queremos, porém, deixar de mencionar o que no parecer subsidiário se consigna quanto ao grau do segurança destas previsões: a repetição de um ano hidrológico extremamente seco, tipo 1948-1949, tem a probabilidade de 2 por cento, tanto quanto pode deduzir-se do período de trinta e cinco anos de que há registos de caudais; e embora este período seja curto e os registos incompletos, o que torna um pouco contingente a probabilidade acima apontada, é inegável que se está trabalhando com um grau de segurança quase total.

De tudo isto resulta que, se as verbas atribuídas a cada uma das quatro centrais hidráulicas até fim de 1958 forem as que constam do mapa viu do relatório final preparatório, a importância a despender no sexénio com á produção hidráulica poderá reduzir-se a 2670 milhares de contos, a distribuir aproximadamente como indica o quadro seguinte, expresso em milhares de contos (ver quadros X e XI do parecer subsidiário):

Como o Plano atribui a este sector a verba de 2830 milhares de contos, é possível, apesar do aumento de 440 milhares de contos nos orçamentos das quatro primeiras centrais, realizar a economia de 160 000 contos.