A última estimativa da produção frutícola do continente elaborada- pela Junta Nacional das Frutas, baseada no estudo em referência e o conhecimento da média das vendas nos mercados abastecedores de fruta de Lisboa e Porto, os- únicos, organizados, permitiu elaborar o, seguinte quadro:

Dele se deduz que, com raras excepções, não atinge 20 por cento a fruta consumida nas duas principais cidades do Puís, que ó a única submetida a inspecção de ordem técnica e sanitária.

Aproveita-se ainda o ensejo para se arquivar alguns números reveladores, da debilidade da nossa fruticultura e horticultura, espécies para que o País é, aliás, especialmente dotado, na nossa balança comercial. Na média- do triénio 1900-1957 apenas atingiram valor de exportação superior a 1000 contos anuais:

Isto é, exceptuando os frutos secos, que conservam ainda mercados tradicionais, apenas se registaram pequenas exportações de uvas (menos de 1000 t em média) e de ameixas (80 t!).

Continuemos analisando o problema, agora no aspecto industrial. Neste, há uma excepção a fazer: a evolução que tem tido desde o último conflito mundial a indústria e exportação de concentrado de tomate, que dia a dia conquista novos mercados e expansão, graças à inteligência e devoção com que tem sido servida por alguns industriais.

Em 1957 laboraram 7 fábricas; e estes ano uma nova entrará em laboração, e está autorizada a montagem de mais 7, localizadas no Ribatejo, Estremadura, Coimbra e Algarve. Mas as fábricas de conservas de frutas e produtos hortícolas, que se localizam especialmente em Elvas, Setúbal, Lisboa e Alcobaça, não passam de 49, a maior parte de reduzida capacidade de laceração; as de sumos de frutas, uma indústria hoje tão generalizada no estrangeiro, são 6; as de azeitona, 54, e as de pimentão, 17. E se se entrasse em linha de conta com a capacidade de laboração e equipamento da maioria; chegaríamos à conclusão de que a indústria de frutas e produtos hortícolas não tem, com excepção das de concentrado de tomate, a projecção devida. Quanto à indústria de frutas, há um pormenor a não esquecer: o preço do açúcar, muito acima da cotação internacional, e o custo da embalagem, não permitem a generalização do consumo interno .nem qualquer tentativa de exportação em moldes que possam interessar à economia do País ou ao prestígio da nossa indústria.

Na defesa sanitária dos pomares e nos seus métodos de comercialização, evitando o elevado ónus que representa, a acção do intermediário pela forma que geralmente se exerce e na industrialização ,da fruta de inferior qualidade, está, parece, o fulcro da valorização da nossa fruticultura. Torna-se desnecessário acrescentar quaisquer considerações as apresentadas quanto à necessidade de se incrementar a produção pecuária e à. inerente melhoria das pastagens, nomeadamente das forragens para as regiões de sequeiro. A este respeito, merece especial referência o labor científico da Estação de Melhoramento de Plantas, que pôs à disposição da lavoura algumas formas do maior interesse económico como o «grão da Gramlcha» e « ervilhaca do 'Gaia», já hoje em larga cultura.

d) Ao considerar-se a necessidade de alargar a área da cultura florestal co-nvém ter em conta que não interessa apenas uma maior ocupação do terreno, valorizando as terras pobres, permitindo uma melhor conservação do solo e a melhoria do clima com as suas repercussões na cultura arvense. Urge igualmente reconstituir as fontes de produção de boas madeiras destinadas á mobiliário e outros usos, para que não se agrave a situação criada pelo decréscimo que durante largo período se registou q uanto aos castanheiros, nogueiras e outras espécies mais valiosas. Os progressos registados neste sector pela investigação aplicada às ciências florestais e os estudos em curso permitirão dar novo impulso neste sentido.

e) Sem se pôr em causa a doutrina expressa nesta alínea, afigura-se à secção consultada que se torna indispensável e urgente que o Estado promova a instalação de«explorações-piloto» para que a lavoura se possa inteirar facilmente das modificações a introduzir nos sistemas de exploração das suas propriedades, pois que um novo ordenamento cultural não depende apenas dos métodos de reorganização agrária preconizados no projecto.

f) É manifesta a insuficiência do parque de maquinaria agrícola. Pelos elementos constantes do volume