Ë certo que nos estudos preparatórios do Plano .de Fomento já .se referem numerosas indústrias transformadoras a montar eventualmente até 1964, tendo algumas delas nitidamente o carácter de actividades básicas. E bem poderia considerar-se supérflua a pretensão de incluir tais indústrias no Plano, unia vez que este não esgota, nem a capacidade de iniciativa nem as disponibilidades de financiamento da economia, nacional para os próximos seis anos. Não estaremos perante um pseudo-problema, uma questão meramente formalista, sem incidências efectivas na marcha do desenvolvimento do Pais?

As secções entendem, à luz de quanto se escreveu anteriormente no parecer (n.°_ 17 - Fomento das indústrias de base), e tendo sobretudo presentes as experiências 'dos últimos anos entre nós, que é absolutamente aconselhável a inscrição aio II Plano de Fomento de um certo número de novos empreendimentos fundamentais, os quais não constam do projecto elaborado pelo Governo. Sòmemte desta maneira conseguiremos polarizar para tais empreendimentos os esforços da Administração e o interesse de possíveis empresários, porque estará então em causa o recurso, em maior ou. menor grau, a uma intervenção directa do Estado no fomento das indústrias. A concessão de regimes especiais ou a participação financeira pública e, em casos extremos (quando falhe completamento o interesse do sector privado, ainda que impulsionado fortemente pelos processos enunciados), a elaboração e execução de projectos por iniciativa estadual ou o apelo cauteloso à técnica estrangeira - todos estes elementos da política de fomento das indústrias básicas entrarão em acção se os empreendimentos estiverem determinados no Plano, como será demasiadamente aleatório o seu uso se nele não aparecerem consignados.

Quais são então as indústrias a considerar? Do Relatório Final Preparatório, V) e Indústrias transformadoras» (pp. 241. e seguintes), colhem-se alguns elementos que esclarecem o problema. Assim, e textualmente:

sais);

Adubos (azotados, fosfatados e potássicos) simples e compostos;

Outros produtos químicos mais complexos também de base (orgânicos e inorgânicos, de síntese ou não, como agentes tensioactivos, matérias plásticas e plastificantes, matérias corantes, solventes, etc.);

Fabricação de produtos farmacêuticos de base (farmácia química, opoterápicos, extractos medicinais de plantas, antibióticos e vitaminas);

c) Construção de máquinas. - Dada a existência no País de certo número de unidades industriais trabalhando razoavelmente neste sector, é de supor que não seja difícil, pela sua associação ou integração, e eventualmente com a colaboração estrangeira (que, aliás, tem estado a ser oferecida por casas da especialidade), vir a criar rapidamente em Portugal uma boa fábrica . de máquinas-ferramentas, outra de máquinas operatórias para as nossas principais indústrias, transformadoras e outra de material agrícola.

d) Construção de material de transporte. -Sector merecedor de especial atenção pelas possibilidades de trabalho que oferece, através da montagem de instalações para:

Fabrico e montagem de automóveis e camiões;

Fabrico e montagem de tractores e material de elevação e transporte.

Além dos quatro conjuntos que se enunciaram -metalurgia de metais ferrosos, químicas básicas, construção de máquinas! e construção de material de transporte -, ou em complemento deles, importa referir ainda as metalurgias de metais não ferrosos (acerca das quais estão estudados cuidadosamente os aspectos preliminares no trabalho com esse título, da autoria do Eng. Virgílio Teixeira. Lopo, para o II Congresso da Indústria Portuguesa, apresentando-se também no Relatório Final do Plano de Fomento alguns elementos respeitantes às hipóteses previstas quanto à metalurgia do alumínio) e a indústria de construção naval, sobre a qual o Governo se pronuncia abertamente no próprio projecto em apreciação (n.° 22 - Estaleiro naval de Lisboa), em condições que merecem o acordo das secções.

Nem vale a pena discutir muito a vantagem de que se revestiria o cumprimento de um plano como o que se enunciou. Alguns números, respeitantes à ordem de grandeza das importações metropolitanas nos vários empreendimentos importa ter presentes todas estas determinantes da evolução da procura; e na primeira parte deste parecer já se for-