previsões com taxas de aumento ligeiramente decrescentes.

Mas no caso presente, em que o campo de previsão não vai além de seis ou oito anos, os antecedentes que a estatística regista e o facto de estarmos seriamente dispostos - e parece que ninguém o contesta - a fomentar as actividades económicas, aconselham a adoptar a taxa de 11 por cento. De facto, se da Estatística das Instalações Eléctricas tirarmos os valores de crescimento dos consumos permanentes nas redes de serviço público de todo o País e se da Estatística do Repartidor Nacional de Cargas tirarmos o aumento da produção destinada aos consumos permanentes na rede interligada, podemos formar o seguinte quadro:

Crescimento do consumo em percentagem

A regularidade com que o crescimento se desenvolveu ao longo dos últimos sete anos torna legítimo extrapolar linearmente esta percentagem por outros sete; a taxa de 11 por cento parece bem mais adequada que a de 10 por cento.

Como em 1957 a produção na rede interligada atingiu 1995 GWh e a parcela atribuída aos consumos não permanentes da indústria electroquímica e electrometalúrgica (consumo mais 5 por cento de perdas) foi de 290 GWh, a produção necessária para satisfazer, os consumos permanentes foi de 1705 GWh, número de que vamos partir para a previsão.

Vem do parecer do Conselho Superior de Obras Públicas, mencionado acima, a sugestão, que o relatório final aceitou, de considerar como permanente uma parcela, embora pequena (170 GWh), dos consumos da electroquímica, para que, em ano excepcionalmente seco, como foram. 1944-1945 ou 1948-1949, esta indústria não fique inteiramente privada de um período de laboração. Aceitamos igualmente a sugestão deste contingente especial e mantemos o número como média. Um rápido inquérito feito nas empresas interessadas permitiu concluir que, em face dos programas actuais, á potência instalada no conjunto dos consumidores não permanentes poderá variar no próximo sexénio, com alguma probabilidade, de 100 MW a 140 MW; se se vier a atribuir, como parece prudente, um contingente dê produção anual garantida, subindo gradualmente de 160 GWh a 210 GWh (onde há que descontar 5 por cento para perdas), ser-se-á conduzido a uma utilização mínima das fábricas em torno de 1500 horas, isto é, à marcha em meia carga durante quatro meses. Desde já se adverte, para que estes números sejam tidos no seu verdadeiro significado, que a probabilidade de tais condições se verificarem em dado ano é inferior a 2 por cento.

Por outro lado, a Siderurgia Nacional, segundo os últimos elementos que foi possível colher, projecta, na sua 1.ª fase, na instalação sul, consumir 100 GWh de energia permanente, dos quais 46 GWh serão gerados na central própria, a partir dos gases do forno, e 54 GWh adquiridos à rede. Este último número é tão pouco significativo, em face dos aumentos previstos nos consumos gerais, que quase se poderia considerar englobado neles, tanto mais que, esperando-se o começo e laboração desta unidade em 1961, não parece provável que até 1964 haja ampliação que afecte sensivelmente o consumo. Apesar disso, continuaremos a reservar a esta indústria um contingente especial, à semelhança do que fazem os relatórios que estamos comentando.

Pelo que se refere à instalação norte da mesma empresa, não há elementos, conhecidos, o mesmo se passando quanto à instalação Krupp-Renn mencionada no capítulo III do Plano; mas uma e outra, dada a sua índole, não são susceptíveis de consumos permanentes tão volumosos que não caibam nas previsões globais de crescimento.

Resumindo o que fica dito, encontra-se o seguinte quadro:

Produção para satisfazer os consumos permanentes na rede interligada

Os valores da última coluna acusam, no período do Plano, devido aos contingentes especiais consignados à electroquímica e à siderurgia, o aumento médio anual de 12,3 por cento, em vez dos 11 por cento atribuídos aos consumos gerais. Comparados com os valores designados como «mínimos» no quadro da p. 300 do relatório final, os totais acima indicados são-lhes um pouco superiores, apesar de ser menor a soma dos consumos especiais; os 3540 GWh atribuídos como «mínimo» para 1964 naquele quadro - e que o Plano reproduz - são aqui substituídos por 3804 GWh, número 7,5 por cento superior. A designação de «consumos permanentes», que adoptámos, pareceu concretizar melhor do que «consumos mínimos» a natureza destes fornecimentos, pois se trata de produções que se pretende garantir mesmo nos anos muito secos; é, pelo menos, expressão mais corrente.

Quando se desejam comparar as capacidades de produção com os consumos, é mais cómodo exprimir estes em relação a anos hidrológicos ( 1 de Outubro a 30 de Setembro) do que em relação a anos civis; mas como este parecer não pode ter carácter acentuadamente técnico, achou-se preferível manter a referência a anos civis, que é mais usual. A diferença é, aliás, muito pequena.