Ainda que sucintamente, cabem algumas considerações sobre os reflexos que o II Plano de Fomento - cuja importância, valor e grandeza não é de mais encarecer-, pode ter, e tem, no trabalho e nos trabalhadores e, portanto, na orgânica corporativa, neste caso as Casas do Povo.

Se limitasse o meu conhecimento do II Plano de Fomento ao que o público leu nos jornais, tinha, certamente, opinião bastante diferente da que se formou no meu espírito com a sua atenta leitura e estudo que naturalmente incidiu no que mais directamente interessava ao sector agrícola e do trabalho.

Se pode haver opiniões ou critérios diferentes quanto às vantagens ou necessidades deste ou daquele empreendimento no que respeita à prioridade de execução, parece certo não sobejar tempo, dentro do prazo consignado para realizar as inúmeras e substanciais tarefas a que o País vai meter ombros, para executar ainda tanta e tanta coisa de discutível importância ou necessidade, que a fértil imaginação de alguns apontou como premente necessidade, dando a impressão de lacunas ou faltas cometidas na elaboração, o que não aconteceu.

Sendo o óptimo inimigo do bom, muito difícil é conseguir o primeiro e sempre fico feliz quando se consegue o último.

Embora para isso afincadamente trabalhemos, não estou certo de que o volume e substância dos benefícios que certa e logicamente advirão do II Plano de Fomento sejam os previstos em toda a sua amplitude, mas não pode duvidar-se de que muitos serão e se farão sentir durante a sua normal execução.

Como resultado certo, teremos um aumento progressivo das possibilidades dos nossos trabalhadores, e deveríamos todos lutar para os convencer a encaminhar essas possibilidades numa melhoria de vida proveitosa e sã, evitando que as comprometam em coisas supérfluas, sem qualquer utilidade ou benefício.

Ainda por esta razão importa ampliar a rede das Casas do Povo, e onde, por qualquer circunstância, as não haja devem as respectivas federações regionais alargar a estas freguesias os benefícios de assistência e cooperação social que usufruem os trabalhadores agrícolas das localidades onde estas instituições existem.

Tive há dias ensejo de assistir, quando da visita do Sr. Ministro das Corporações e Previdência Social à Beira Baixa, a uma das utilíssimas sessões ali realizadas, que impropriamente (a meu ver) chamam de estudo.

Sala repleta, presentes as apelidadas forças vivas, predominância da lavoura, representantes do trabalho rural (direcções de todas as Casas do Povo do distrito), presidentes das assembleias gerais das mesmas, elementos dos grémios, grandes, médios e modestos proprietários.

Durante as três horas que a mesma durou, terra a terra, brilhantemente, esclareceu S. Ex.ª o Ministro os pontos de maior interesse nas relações que devem existir entre o dono da terra e o que a cultiva, salientando os novos horizontes e possibilidades que existem através das Casas do Povo para a humana resolução do problema habitacional e ampliação da. assistência médica já existente, que tão assinalados benefícios tem trazido aos meios rurais.

Com livre e franca intervenção de vários dos presentes, que pediam explicações ou faziam objecções sobre este ou aquele ponto referido pelo Ministro, este, ou um funcionário do Ministério das Corporações responsável pelo sector em causa, dava as informações pedidas, que de uma maneira geral esclareciam as dúvidas apresentadas.

No final, se nem todos sentiam igual entusiasmo, era evidente a satisfação geral, e mesmo as mais cépticos admitiam como necessária no momento actual uma organização, e sem dúvida a que mais quadrava ao nosso modo de ser era a corporativa.

Alguém estranhou, e parece-me que cheio de razão, o inexplicável e tenaz alheamento que muitas repartições e serviços do Estado persistem em patentear pela ideia e pela organização corporativa, apesar do que bem clara e expressamente disse o Sr. Presidente d os das mãos proficuamente ensinam?!

Perdoem-me V. Ex.ª, Sr. Presidente, e VV. Ex.ªs, Srs. Procuradores, estas divagações, que podem pecar pela rude franqueza das gentes do campo, mormente da minha região, mas são ditadas pela mais decidida vontade de valorizar e engrandecer o nosso Portugal, contribuindo o melhor que se sabe para a grandiosa obra que, sob a chefia de Salazar, todos nós, modestos obreiros, nos esforçamos por levar a bom termo.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Não havendo mais ninguém inscrito, vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Vai ler-se o aviso convocatório.

Foi lido.

O Sr. Presidente: - Nos termos regimentais, vai proceder-se à eleição do 1.º e 2.º vice-presidentes e do 1.º secretário da Mesa, em virtude de ter sido chamado a funções governativas o Sr. Dr. Ubach Chaves.

Interrompo a sessão por cinco minutos.

Eram 17 horas e 40 minutos.

O Sr. Presidente: - Vai proceder-se à chamada para a votação.

Procedeu-se à votação.

O Sr. Presidente: - Convido para escrutinadores os Dignos Procuradores João Militão Rodrigues e Serafim Lourenço.

Procedeu-se ao escrutínio.

O Sr. Presidente: - Vou dar a conhecer o resultado da votação.

Na votação para 1.º vice-presidente, 2.º vice-presidente e 1.º secretário deram entrada na urna 117 listas.