Plano de povoamento florestal do distrito autónomo da Horta

A Câmara Corporativa, consultada, nos termos do artigo 105.º da Constituição, acerca do plano de povoamento florestal do distrito autónomo da Horta, emite, pela sua secção de Lavoura (subsecção de Produtos florestais), à qual foram agregados os Dignos Procuradores António Sebastião Goulard e Eugênio Queirós de Castro Caldas, sob a presidência do 1.º Vice-Presidente da Câmara, o seguinte parecer:

Apreciação na generalidade

Considerações gerais

apresentaram-se, uma a uma, na linha do horizonte que os marinheiros portugueses e espanhóis investigavam no século XV em busca de novos continentes.

Em quase todas elas os navegadores depararam com o silêncio de uma flora exuberante, misteriosamente preservada pelo vazio do povoamento humano. Mas num dos arquipélagos, as Canárias, foi dado aos Espanhóis o encontro, mais misterioso ainda, com os Guanchos, um povo situado ainda na Idade da Pedra, raça branca pura, Cro-Magnou, segundo alguns, ou simples portadora de origem berbere unida ao elemento semita, segundo outros. De qualquer forma, os

Guanchos permaneciam isolados das civilizações da Europa, do litoral africano, mais próximo, ou do litoral americano, usando instrumentos de sílex, moldando o barro, apascentando caprinos, sem terem criado ou havendo esquecido, junto ao mar, a arte da navegação.

Todas as restantes ilhas - Madeira e Porto Santo, Açores e Cabo Verde - foram encontradas pelos Portugueses desertas e ocupadas pacificamente, como resultado de iniciativas de povoamento, logo seguidas de empreendimentos de defesa contra a cobiça dê corsários que passaram depois a percorrer os mares.

A Madeira e os Açores deram abrigo a colonos provindos do continente, acompanhados de alguns emigrantes da Europa, que em breve se adaptaram ao meio, criando rapidamente costumes e tradições que, sempre fortemente ligadas à Pátria, elaboraram variantes regionais dotadas de forte carácter.

Durante muito tempo Cabo Verde foi entreposto de escravos, arrancados ao continente africano para serem conduzidos à América. Recebeu o sangue português continental, que se diluiu, no entanto, ao contacto com fortes contingentes de pretos, provindos especialmente da Guiné, que se fixaram, quando, finalmente, foi ba-