Os raciocínios aduzidos e as conclusões formuladas foram com base nos números estatísticos reportados ao censo de 1950. Não será viável antes do próximo censo de 1960 trabalhar com segurança sobre novos números, mas é possível -e conveniente para uma ideia aproximada sobre a evolução posterior a 1950- elaborar estimativas pura situar no nosso tempo os dados que se desactualizaram.

Na nossa hipótese, pelo menos, o processo é admissível, desde que nos podemos contentar com- uma simples aproximação paru os fins visados e já que as séries demográficas conhecidas mostram, como regra, uma linha de crescimento contínuo, embora mais ou menos acelerado. Não haverá, pois, grandes probabilidades de erros muito grosseiros.

Nestes termos, calculou-se por extrapolação -com base no decénio 1940-1950 e para o meio dos anos de 1958 e 1959- a estimativa global da- população portuguesa (continente e ilhas) e a estimativa para cada um dos distritos e para as duas cidades de Lisboa, e Porto. Segue o respectivo quadro:

Os valores constantes do mapa organizado não invadiram nem alteram as ilações tiradas em relação a 1950, antes e naturalmente as reforçam.

Limitemo-nos, pois, a destacar que Portugal metropolitano terá, porventura e neste momento, excedido a cifra populacional de 9 milhões, que Lisboa será uma cidade de cerca do 860 000 habitantes e o Porto de mais de 300 000, isto sem contar com as populações caracterizadamente citadinas, que vivem nas suas redondezas.

A salientar, ainda, que Lisboa está ascendendo velozmente já hierarquia das cidades milionárias. E, por ironia do destino ou melhor consciência das realidades isto, que significaria honra e júbilo alguns anos atrás, é hoje motivo bem fundado para sérias apreensões.

18. Um dos aspectos que o planeamento urbanístico tem de encarar e resolver é, como se tem afirmado, o da localização das indústrias e, consequentemente, a não e delimitação das zonas industriais. Se tal planeamento, porém, respeita à região de Lisboa, torna-se evidente que o problema da repartição da nossa indústria adquire então importância primordial. E vamos por isso considerá-lo ao menos seja linhas muito gerais e enquadrado no conjunto nacional, aproveitando para u efeito alguns utilíssimos dados estatísticos coligidos e publicados em trabalhos portugueses de economia.

Se definirmos como regiões industriais aquelas em que a participação da população industrial na população activa é superior à média do País (25 por cento), depuramos com cinco distritos industriais: Aveiro, Braga, Lisboa, Porto s Setúbal. Outros seis distritos ainda apresentam uma população industrial de certa importância na região: Castelo Branco, Coimbra, Faro, Leiria, Santarém e . Viana do Castelo (entre 23 e 17 por cento). Nos restantes distritos a indústria não absorve mais de 14 por cento da população activa, não atingindo i mesmo 10 por cento em dois deles: Bragança e Vila Real. (F. Pereira de Moura, L. M. Teixeira Pinto e M. Jacinto Nunes, estrutura da Economia Portuguesa, 1954).

Da obra citada transcrevem-se adiante dois quadros muito significativos, reportados no censo de 1950: o primeiro com a distribuição da população industrial pelos vários distritos do continente e respectivas percentagens; o segundo também dirigido à população industrial, mas limitado às duas cidades de Lisboa e Porto e respectivos distritos.

Repartição regional da população industrial

A análise dos números registados permite concluir também sobre a. existência dos cinco "distritos industrializados" já enumerados antes. Mas permite ainda outras conclusões: que esses cinco distritos, só por si, representam 67 por cento da população industrial do continente; e que os dois distritos mais industrializados são, primeiro, o do Porto e, depois, o de Lisboa, ambos a uma grande distância dos três restantes.