Ora acontece que esta coordenação, que prevê o, abandono de explorações agrícolas inviáveis, para reinstalação em locais apropriados, o que obriga necessariamente a deslocações voluntárias de agricultores, torna-se mais fácil se for empreendida no âmbito regional. Na apreciação na especialidade, imediatamente se verifica a importância do número de proprietários possuidores de microfúndios de aptidão florestal que podem vir a estar interessados em povoar os núcleos de colonização a estabelecer pela Junta de Colonização Interna na «charneca» praticamente deserta que vai ser dominada pela obra do Mira.
Exame na especialidade
A estrutura agrária
Destes concelhos, apenas o de Silves não está cadastrado, mas a parte do concelho de Silves incluída no perímetro é apenas de no ha, o que representa muito pouco em relação à superfície total, que é de 173 510 ha.
O plano em estudo apresenta o cadastro de 9737 prédios rústicos, que pertencem á 5838 proprietários.
As propriedades agrupadas por classes de extensão apresentam a seguinte repartição:
Verifica-se que os pequenos proprietários predominam em número (72,2 por cento nos escalões de O ha a 20 ha), mas dispõe apenas de 11,7 por cento da. superfície do perímetro.
Conforme já se acentuou nos pareceres relativos aos dois perímetros cujos planos de arborização foram apresentados a esta Câmara, estes, proprietários constituem o problema mais delicado em face dos propósitos de povoamento florestal.
Especialmente em relação aos 2775 proprietários do escalão de O ha a 5 ha, a quem corresponde a área média de 1,6 ha, não se poderá pensar em submeter os seus microfúndios ao «regime florestal», mesmo que se conclua que lhes é dado uso depredador. No entanto, o plano em estudo sugere a solução afirmando: «no que «respeita aos pequenos proprietários, principalmente aos de áreas não superiores a 20 há, julgamos poder-se resolver este grave problema deslocando-os para as futuras áreas de regadio beneficiadas pela barragem de Santa Clara, solução, aliás, prevista, p ela própria lei». Em contrapartida, são os escalões que incluem as propriedades de 20 ha a 200 ha os que dominam a maior área, com 50,5 por cento da superfície total. Este aspecto é peculiar do presente perímetro, onde, ao contrário dos outros dois já analisados, as grandes concentrações fundiárias não têm forte representação; as propriedades de mais de 1000 ha apenas ocupam 4,7 por. cento do total.
A bacia hidrográfica do rio Mira oferece aspectos estruturais, no que respeita à propriedade rústica, que obrigam a considerar a posição de numerosos pequenos proprietários quanto ao problema da sujeição ao «regime florestal», parecendo que o predomínio de propriedades de dimensões médias aconselha a criação de sociedades florestais, a que se fez referência no parecer n.º 8/VII, que permitam a montagem de explorações florestais em condições económicas favoráveis, não só para o estabelecimento das matas, como para seu granjeio e adequada comercialização ou industrial ização dos produtos.
Os povoamentos existentes apresentam forte predomínio de montado de sobro, mas é elevada a percentagem de povoamentos deficientes, necessitando de adensamento.
Do ponto de vista florestal o perímetro oferece dois problemas distintos: o da arborização de solos de aptidão florestal, onde não é económico o recurso a técnicas que permitam a utilização agrícola e o da compartimentação da zona a beneficiar pela obra de rega projectada.
Este plano, que se apresenta suficientemente realista, pretende conduzir o ordenamento florestal à seguinte posição:
Montado de azinho .............. 15 762,8
Montado de sobro e de azinho ... 297
Nestas condições, e tendo em conta reparos feitos por esta Câmara nos pareceres relativos a outras bacias hidrográficas, deve reconhecer-se que a representação do montado de azinho não é de molde a renovar dúvidas anteriores. Reconhece a Câmara que as possibilidades ecológicas foram exploradas, de acordo com um critério talvez de justificada prudência, ao estabelecer-se a concepção do plano, mas continua a confiar nos serviços, esperando que procurem, na execução do referido esquema, alargar, dentro das possibilidades das técnicas modernas, a superfície entregue a culturas florestais de mais alto rendimento e de melhores