Em 1935 entendeu o Governo que era conveniente fixar um plano definido de obras, e, com tal fim, remodelou a Junta, através do Decreto n.º 25 049, de 16 de Fevereiro de 1935. O plano passou a ser designado por Plano de 1935, constituído por dezasseis aproveitamentos, abrangendo a área de 80 000 ha, prevendo-se o investimento de 580 000 contos com a construção das obras respectivas.
Em 1937, estando já em curso de execução as obras de oito aproveitamentos do Plano de 1935, abrangendo 12 112 ha, com a despesa de 158 526 contos, a Lei de Meios determinou que não entrassem em execução novos aproveitamentos hidroagrícolas sem que o plano geral respectivo fosse aprovado, depois de consultada a Câmara Corporativa, nos termos da base VI da Lei de Reconstituição Económica, ou Lei n.º 1914, de 24 de Maio de 1935. Consequentemente, preparou a Junta Autónoma das Obras de Hidráulica Agrícola novo plano -o Plano de 1937-, que previu a beneficiação hidroagrícola de 106 000 ha, repartidos por vinte aproveitamentos, que incluíram os do Plano de 1935 e, assim, os oito que já tinham obras em execução. A previsão do investimento no Plano de 1937 foi de l 118 381 contos.
O novo plano incluía aproveitamentos de fins múltiplos e é o que consta do primeiro dos quadros insertos neste parecer.
A Câmara Corporativa, consultada, emitiu o parecer de 28 de Abril de 1938 (Diário das Sessões n.º 192, 4.º suplemento de 12 de Maio de 1938), de que foi relator o engenheiro Vicente Ferreira. Nesse parecer aprovou-se o Plano, que expressivamente se considerou como «documento honroso da actividade e competência da Junta Autónoma das Obras de Hidráulica Agrícola».
Em 1939 eclodiu a segunda guerra mundial, estando a execução do Plano no estado seguinte:
Durante o período da guerra foi autorizada a construção das obras seguintes, relativas a projectos concluídos, respectivamente, em 1936, 1937 e 1941:
Em 1944, ano imediatamente anterior ao do fim da guerra, a posição dos aproveitamentos hidroagrícolas do Plano de 1937 era o seguinte:
Parece legítimo dizer-se que a actuação do Governo ficara assinalada em 1944 no fomento hidroagrícola de modo bem diferente do registado em 1918 por Anselmo de Andrade, antigo Ministro das Finanças, nas palavras que seguem:
De longe em longe ordenam-se estudos e fazem-se planos. Fazem-se e desfazem-se. São novos trabalhos de Penélope. Dão-se os primeiros passos, que ficam quase sempre perdidos. Somente se encontra o seu rasto na Revista de Obras Públicas e Minas. E esse o arquivo de muitas coisas, excelentes por certo, mas inutilizadas.
Até mesmo em países de grandes recursos técnicos e de fácil abastecimento de materiais de toda a natureza como a América do Norte - a guerra provocou agravamentos de custo de mais do dobro e quase do triplo do previsto só para o período de 1940 a 1952, em obras similares às do Plano de 1937.
A seguir se indicam os agravamentos de custo das obras principais do Plano de 1937, em relação às previsões orçamentadas:
Vale do Sado, em exploração desde 1949:
Despendido: 295 000 - contos.
Agravamento: 178 550 contos.
índice do agravamento na base de 1,0 em 1937: 2,5.
Despendido: 123 930 contos.
índice do agravamento na base de 1,0 em 1937: 1,7.
Chaves, em exploração desde 1949:
Previsão do Plano de 1937: 13 300 contos.
Agravamento: 17 315 contos.
índice do agravamento na base de 1,0 em 1937:2,3.