Como se depreende deste quadro, a Suíça e Portugal continuam a praticar as taxas mais baixas do Mundo.

Por seu turno, subiram as disponibilidades monetárias na generalidade dos países, com um ritmo moderado na maior parte deles e por forma acelerada em três nações sul-americanas - Brasil, Argentina e Chile.

Estes últimos países não conseguiram, furtar-se a acentuadas pressões inflacionistas: o custo de vida subiu, de meados de 1958 a meados de 1959, cerca de 26 por cento no Brasil, 74 por cento na Argentina e 27 por cento no Chile.

Pelo contrário, nos países cujo crescimento económico1 se tem processado em cadência regular, a expansão dos meios de pagamento foi na maior parte absorvida pelos investimentos e pela acrescida procura de bens e serviços. Assim, por exemplo, a Holanda, a Inglaterra, a Alemanha Ocidental, a Itália, Israel e o Japão, com incrementos monetários da ordem dos 10 a 16 por cento, acusam elevações de preços de 0 a 3 por cento.

Enfim, pode dizer-se, de uma maneira geral, terem os preços revelado tendência muito moderada para a alta na maior parte dos países da Europa Ocidental e na América do Norte. Deste rápido escorço deduz-se estarem, em suma, criadas as condições favoráveis para o acréscimo do ritmo de expansão da economia do globo, prevendo-se, quanto à Europa Ocidental, que o produto nacional bruto se eleve, no conjunto dos países e para o ano corrente, em cerca de 3 por cento, ou seja a uma taxa sensivelmente superior à de 1958, que não ultrapassou 1,9 1. O ano de 1958 foi para a economia da metrópole o mais desfavorecido do sexénio em que se executou o I Plano de Fomento.

Não obstante melhorias apreciáveis registadas no conjunto das indústrias transformadoras e da energia eléctrica e serviços, as consequências, sobretudo, de um mau ano agrícola, dado o peso deste sector nas actividades económicas do País, provocaram diminuição acentuada da taxa de incremento do produto nacional bruto, a qual não excedeu 1,5 por cento, ao passo que nos cinco anos precedentes a média de acréscimo fora de 4,2.

Em compensação, os referidos sectores da indústria transformadora e da energia eléctrica - cujo crescimento ú pedra de toque do futuro da economia portuguesa - actuaram percentagens de expansão relativamente satisfatórias, bastante superiores às verificadas no conjunto da Europa Ocidental (cf. supra, n.º 5).

A capitação do produto manteve-se, como era de supor, em nível baixo, continuando, sobretudo, a revelar melhorias proporcionalmente inferiores às do produto, por efeito de coeficientes mais elevados de acréscimo da população.

É o que se documenta neste quadro:

Variações percentuais do produto nacional bruto (ao custo dos factores) e da sua capitação 1

(Preços de 1954)

1 Como o apuramento do produto nacional bruto só respeita ao continente, mas as estimativas da população publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística para os anos intercensitários (v. Anuário Demográfico, 1958, p. LVI) abrangem as ilhas adjacentes, o cálculo da população continental para os referidos anos fez-se aplicando a regra proporcional, baseada na relação entre a população do continente e a população total segundo os dados do ultimo censo. Para o ano corrente prevê o relatório ministerial (n.º 54), com base em cifras respeitantes ao 1.º semestre, uma taxa de crescimento do produto sensivelmente dupla da de 1958.

A evolução sectorial naquele semestre revela, com efeito, apreciável expansão das actividades secundárias e terciárias - nomeadamente nas indústrias de alimentação (excepto conservas de peixe), têxteis, químicas e petróleos, cerâmicas, cimento, metalúrgicas e metalomecânicas, tabaco e papel -, assim como na produção de electricidade e nos transportes e comunicações - embora não acompanhada por evolução paralela nas actividades agro-pecuárias, na pesca e nas indústrias extractivas. Aqui, porém, ao contrário do que sucedeu, em 1958, as tendências desfavoráveis parece não serem de molde a diminuir por forma muito sensível o resultado final proveniente das melhorias naqueles outros sectores.

Deve dizer-se, no entanto, que este resultado, a confirmarem-se as previsões, não traduz ainda um ritmo de desenvolvimento satisfatório em face das prementes necessidades da nossa economia. Vista sob o ângulo da despesa nacional, a evolução da economia metropolitana em 1958-1959 suscita igualmente algumas reflexões.

Relativamente ao consumo, os cifras para 1958, quando olhadas em valores absolutos e sobretudo no que toca à respectiva taxa de acréscimo, também não nos oferecem um panorama reconfortante. Mas, atendendo ao fraco incremento do produto nacional nesse ano, a diminuta expansão do consumo teve em compensação a vantagem de não ser factor de pressões in-

1 Cf. relatório da proposta, n.º 9.