Projecto de sugestão ao Governo, nos termos do artigo 23.º do Regimento
N.º 751/VII
De lamentar é, por conseguinte, o declínio acentuado que se observa na nossa educação física, pelas graves consequências a que o fenómeno pode conduzir. O facto, embora já denunciado pélas entidades responsáveis, não foi, porém, até agora objecto das atenções necessárias para o conjurar.
Sendo a cultura física instrumento do mais alto valor dentro da higiene e profilaxia sociais, há mister que se conjuguem os esforços de todas as instituições que a sua prática se dedicam, tanto de carácter oficial como particular, para que algo de eficiente se consiga com rapidez.
Verifica-se, porém, ainda hoje, uma enorme lacuna entre a educação física oficial e o desporto livre, que só às colectividades de educação física compete preencher, acrescentando à função educativa do Estado, de modo a abranger o indivíduo para além da sua vida escolar, os elementos indispensáveis a uma sequência perfeita da sua formação física, para que se valorize ao máximo, não só como atleta, mas principalmente como cidadão, apto a enfrentar todas as contingências da vida moderna, no trabalho, na paz ou na guerra.
A acção clubista coloca-se no prolongamento da acção estatal, concomitante a esta e para além desta.
Torna-se logicamente imperioso que o Estado consagre aos estabelecimentos particulares de educação física e desportos todo o amparo e protecção necessários ao seu desenvolvimento, que mais não será que ampliar e desenvolver a sua própria- actuação neste campo importantíssimo da vida nacional.
Tudo isto nos leva à convicção de que a ampla reforma de que a educação física portuguesa carece não pode executar-se de um instante para o outro e terá de ir, por meio de sucessivas determinações nesse sentido, instalando-se a pouco e pouco, todavia sem grandes delongas, com as quais a gravidade do assunto se não compadece.
Não queremos com isto significar que seja indiscutível o critério pedagógico de todas as colectividades desportivas, mas sim que em algumas delas o ensino e as práticas de ginástica e desportos ultrapassaram largamente na técnica e nos resultados o ensino oficial.
Deve dizer-se que também entre os povos que seguem na vanguarda da educação física se verifica um fenómeno semelhante, fruto, aliás, da concepção de que a parte oficial desta constitui apenas os rudimentos do que só atinge a virtuosidade no voluntarisato da cultura livre. Simplesmente, aí existe a mais completa concordância entre os sistemas de ambos os campos, de modo que o ginasta transita de um para o outro sem o mais pequeno ressalto na curva progressiva da sua preparação.
É esta coordenação que nos falta e torna, por um lado, quase inútil a ginástica oficial e, por outro, cer-