O desnível de vida entre a população rural e a população urbana não é peculiar ao nosso país.

Nos próprios Estados Unidos, um inquérito realizado em 1947 mostrou que 6 milhões de habitações rurais careciam de ser melhoradas e que 22 milhões de habitantes das zonas rurais não dispunham de abastecimento de água em condições satisfatórias.

Em França, cerca de um terço das comunas rurais não dispõem, igualmente, de abastecimento de água em boas condições.

Em Portugal, a situação, apesar do esforço desenvolvido nos últimos anos, é idêntica ou pior, dada a conhecida carência dos meios financeiros e dos recursos económicos.

Quanto às sedes dos concelhos, das 273 do continente só 36 aguardavam em 1959 o abastecimento domiciliário, e, destas, 12 traziam obras em curso e 9 tinham incluído o projecto no respectivo plano.

Quanto às povoações rurais, a situação não é tão brilhante.

De 1932 a 1958 foram realizados 8338 abastecimentos de águas, dos quai s 1307 de abastecimento domiciliário.

Nos dois últimos anos o ritmo das obras aumentou. Não obstante, ainda existem cerca de 10 000 povoações de mais de 100 habitantes que não dispõem de água em condições satisfatórias, pelo que está em curso o plano de «abastecimento de água às populações rurais», elaborado pelo Governo, de harmonia com o disposto na Lei n.º 2103, de 22 de Março de 1960.

Esta Câmara, ao apreciar a proposta de lei n.º 38, que, aprovada pela Assembleia Nacional, veio a converter-se na referida lei, teve ocasião de pôr em relevo a sua transcendente importância e larga projecção sanitária e social.

Mercê da orientação seguida no Ministério das Obras Públicas e do seu extraordinário activo de realizações, as perspectivas, neste aspecto, são boas.

Ainda não há um século as taxas de mortalidade nas zonas rurais eram mais baixas cerca de 50 por cento do que as verificadas nas cidades. Presentemente são idênticas.

Entre as causas desta ap roximação contam-se o baixo nível de educação sanitária, fraco índice de salubridade e de protecção social, ineficácia da assistência clínica.

Já atrás foi apontada a desigualdade existente na distribuição dos médicos em relação à população servida.

Essa desigualdade agrava-se em relação aos médicos especialistas, às parteiras e enfermeiras.

O distrito de Bragança dispõe apenas de dois dentistas e de duas parteiras. Cada enfermeira deve assistir, nos distritos de Vila Real e da Guarda, a mais de 10 000 habitantes.

Os quadros que a seguir se inserem mostram a distribuição dos médicos e dos auxiliares de medicina nos distritos em que a ruralidade é mais acentuada, nas cidades de Lisboa e Porto e ainda nos diferentes distritos.