Por isso, parece que é tempo de mudar de orientação, entregando aos hospitais gerais que reunam as condições necessárias ao tratamento dos cancerosos, reservando-se, quando muito, para o Instituto ou para serviços especializados, o daqueles casos que exijam aplicação de meios terapêuticos que só ali possam ser aplicados.

A articulação dos serviços do Instituto com os hospitais centrais e regionais afigura-se urgente, tanto mais que ao referido Instituto cabe papel decisivo na coordenação e orientação técnica dos diferentes serviços afectos à luta e na preparação do pessoal especializado.

Com vista ao rastreio do cancro torna-se necessário abrir consultas nos hospitais regionais e facultar-lhes meios técnicos de diagnóstico e pessoal devidamente habilitado.

A acção do Instituto deve estender-se a todo o País, através de secções especiais de diagnóstico e tratamento, a instalar quanto antes nos hospitais centrais do Porto e Coimbra e nos hospitais regionais.

A morbilidade e a mortalidade do cancro não admitem delongas.

Esta última aumenta de ano para ano. Segundo o parecer desta Câmara, teriam morrido de cancro e outros tumores malignos em 1940 3538 pessoas de ambos os sexos - 1478 homens e 2059 mulheres.

Em 1953 esse número subiu para 6130, registando-se, pela mesma causa, 6549 óbitos em 1954, 7370 em 1955 e, finalmente, 8244 em 1959.

A extensão do mal e a necessidade de reduzir os seus efeitos levam a sugerir, à semelhança do que se verifica na generalidade dos países, a colocação do Instituto de Oncologia na dependência do Ministério da Saúde e Assistência, salvo no que respeita às funções pedagógicas e de investigação científica em. que deve ficar subordinado ao Ministério da Educação Nacional, em situação idêntica à dos demais hospitais e serviços afectos ao ensino. Doenças de nutrição e problemas da alimentação

O maior consumo do azeite em substituição das gorduras de origem animal pode, em parte, explicar a diferença quanto a estes últimos países.

Em Portugal, os anos de 1957, 1958 e 1959 acusam uma ligeira descida da taxa em relação a 1955 e 1956.

Mortalidade

(100000 habitantes)

Estudando a gravidade da doença e as possibilidades de vida do indivíduo diabético e do indivíduo com saúde os americanos chegaram à seguinte conclusão:

Tanto o número de óbitos; como as perspectivas de vida mostram que não- pode descurar-se o problema da assistência aos diabéticos pobres. Se a diabetes não é o resultado de carências alimentares, estas são, no entanto, causa de outras doenças, como o escorbuto, que tanto afligiu os navegadores das descobertas, o raquitismo e a pelagra.

Pode considerar-se desfeita a lenda que fazia do povo português um povo faminto, porquanto inquéritos alimentares levados a efeito pela Direcção-Geral de Saúde no Minho, Douro Litoral, Ribatejo e Alto Alentejo permitem concluir que a alimentação dos rurais das referidas regiões, sob o ponto de vista energético, é satisfatória. A qualidade não é, contudo, a mais aconselhável, pois revela deficiências de proteínas de origem animal, de cálcio e de vitaminas.

Isto mostra que se deve ser cauteloso na apreciação das necessidades alimentares, sob pena de se tirarem conclusões apressadas que as realidades se encarregam de desmentir.

Há conveniência, porém, em que prossigam os estudos relativos à composição e valor dos alimentos e à forma como se alimenta a população port uguesa, porquanto, nos hospitais de Lisboa e Porto, têm-se observado crianças que apresentam sinais mais ou menos graves de desnutrição, devido, em grande parte, à falta de proteínas na alimentação em consequência das